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A Voz da Tripulação Stan Honey: navegador flutuante

Redação Webventure/ Vela

Stan Honey e os equipamentos de navegação do ABN AMRO 1 (foto: Jon Nash)
Stan Honey e os equipamentos de navegação do ABN AMRO 1 (foto: Jon Nash)

Estamos tendo um pouco mais de atenção da imprensa recentemente, quanto mais nos aproximamos da largada da prova. Tenho sido perguntado como é que funciona o meu trabalho a bordo, junto com aquele do Skipper Mike Sanderson.

O Mike e eu podemos ser considerados os dois… flutuantes. Nenhum está fixo a um turno, portanto não estamos presos ao revezamento de 4 em 4 horas. Tentamos os dois coordenar a nossa interatividade. Sempre que um dos dois está dormindo o outro está de pé, isso quer dizer que o Mike é como se fosse o 2º navegador a bordo. Fazemos também com que os nossos períodos coincidam parcialmente para que possamos passar os detalhes de como está a situação.

A cada 3 ou 4 horas tento passar tudo para o Mike. Os meus relatórios são resultado de toda a informação que eu posso conseguir sobre a situação meteorológica e sobre os adversários. Faço também uma recomendação do que devemos fazer, mas a decisão final é invariavelmente do Mike. Ele tem muita competência e toda uma tripulação muito experiente que já fez muitas Volvo Ocean Races.

Equipe – A cada mudança de turno Mike e eu apresentamos os dados e ouvimos a opinião de todos os que já fizeram outras VOR antes. Embora algumas vezes a decisão possa surgir de um consenso, a decisão final é do Mike. Todos no ABN AMRO ONE sabem jogar em equipe, então qualquer que seja a decisão tomada pelo Mike, todos a bordo vão dizer ‘vamos fazer isso funcionar!’ e vamos em frente.

A cada 6 horas a organização da VOR tem um novo posicionamento dos barcos, o que nos deixa saber onde estão os concorrentes. Isso é uma grande contribuição para as decisões táticas que temos que fazer se estivermos atrás procurando uma maneira de ir para a ponta, ou se estamos na frente procurando cobrir os adversários. Exatamente como em qualquer competição de barcos à vela.

Quando você está na frente procura dificultar a vida da turma que vem atrás e na situação oposta está sempre buscando uma brecha para passar. Mas quando você está atrás não quer sair apostando em qualquer uma das probabilidades pequeninas, porque se elas não funcionarem você vai ficar ainda mais para trás. Então normalmente quando você está atrás, está velejando naquela que acredita ser a melhor alternativa e que o sujeito na frente está indo tão rápido que vai ser difícil ultrapassá-lo. A solução está em pressioná-lo e esperar que cometa um erro na velocidade do barco, na pilotagem ou na escolha da rota.

Um abraço,
Stan

Este texto foi escrito por: Stan Honey, navegador do ABN AMRO 1

Last modified: outubro 18, 2005

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