A Southern Traverse é conhecida por sua enorme dificuldade. (foto: Geoff Hunt)
Três equipes brasileiras já estão na Nova Zelândia, onde, a partir do próximo domingo (14/11), será dada a largada para a Southern Traverse, competição válida como o Campeonato Mundial de Corrida de Aventura.
Os mais de 400 km de percurso deverão ser percorridos em até seis dias e cinco noites ininterruptos por um dos lugares mais inóspitos do planeta. A organização do evento estima que nenhuma equipe conseguirá completar a prova com menos de 100 horas, isso se as condições climáticas estiverem favoráveis.
Os números são assustadores: 200 km de mountain bike, divididos em cinco pernas passando por estradas de terras e trilhas fechadas; 90 km de canoagem em caiaques duplos oceânicos por rios e mares gelados da costa oeste e 130 km de trekking por muitas montanhas, mata selvagem e vales.
O trekking, aliás, deverá ser, junto com a navegação, a mais parte difícil da prova, já que dois trechos de trekking não irão durar menos que 18 horas cada um deles. Além das modalidades básicas, a prova ainda terá duas seções de técnicas verticais, sendo que uma delas deverá ser dentro de uma caverna, e um trecho de rafting, que acontecerá em um rio com corredeiras até nível IV.
Vale lembrar que apenas 20% das equipes conseguem terminar uma prova organizada por Geoff Hunt. Quem vencer leva para casa o prêmio de 50 mil dólares neozelandeses, cerca de 75 mil reais.
Essas são as condições que as equipes Mitsubishi Salomon Quasar Lontra, Oskalunga Brasil Telecom e Try On Landscape enfrentarão para representar o Brasil no Campeonato Mundial de Corrida de Aventura. Saiba mais sobre as representantes brasileiras!
Após uma ótima temporada em 2005, vencendo as principais competições do Brasil, os brasilienses da Oskalunga Brasil Telecom partem para a primeira participação em um Mundial de Corrida de Aventura.
O time irá com a formação original, com Monclair Cammarota (capitão), Guilherme Pahl (navegador), Frederico Gall (O Lico) e Bárbara Bomfim. Os apoios serão Shubi Guimarães, da equipe Atenah e mais dois amigos de Brasília, Luciano e Cris.
As expectativas são as melhores: Estamos vindo de ótimos resultados e esperamos completar a prova sem cortes, e se possível como a primeira equipe brasileira a cruzar a linha de chegada, disse Monclair.
Segundo o capitão da equipe, a maior dificuldade será praticar algumas modalidades que não estão acostumados no Brasil, como a travessia em gelo e o caving. Chegaremos alguns dias antes da prova na Nova Zelândia para fazermos um curso rápido no gelo. E treinamos muito pouco em cavernas. Com tudo isso o ideal é não perder tempo, acredita.
Entre os principais adversários, ele destaca os suecos da Cross Sportwear, a mistura americana-neozelandesa da Merrel e os espanhóis da Buff, times que ocuparam as melhores colocações, ao lado da própria equipe brasileira, no Ecomotion/Pró, a maior corrida de aventura do Brasil que aconteceu em outubro nas Serras Gaúchas.
A Mistubishi Salomon Quasar Lontra, uma das melhores equipes do Brasil, inclusive com bastante experiência em provas internacionais, disputará o Mundial com uma formação inédita.
Rafael Campos (capitão e navegador), Marina Verdini e Fabrizio Giovannini ganham a companhia de um atleta local, o neozelandês Gary Cloney. Os apoios serão Amaury (da equipe Telexpo Eco2), Anderson Roos (atleta e organizador de corrida de aventura) e Jussier, um brasileiro que mora na Nova Zelândia.
O capitão da equipe acredita que a prova será muito difícil. O local é extremamente selvagem, o clima instável e as tempestades freqüentes, além da grande maioria das equipes presentes serem de altíssimo nível, com muita experiência, técnica e força física, completou.
E para enfrentar todos esses obstáculos, a Quasar Lontra aproveitou para treinar, na semana passada, um trekking de 40 km, com mochilas pesadas, subindo e descendo morro na região da Serra do Mar, na altura de Bertioga. Mas estamos nos concentrando muito na logística de equipamentos, transporte, locação de carros e caiaques, que é mais complicada e não pode haver falhas.
O objetivo da equipe na competição é cruzar a linha de chegada até em 13º lugar, colocação que obteve no Mundial de Corrida de Aventura no ano passado, no Canadá.
A nossa expectativa é de encontrar um pesadelo de dificuldades técnicas e físicas a nossa frente. Esperamos apenas que a paisagem maravilhosa amenize o sofrimento.
Essas são as palavras de Caco Alzugaray, capitão da equipe Try On Lanscape, também formada por Andrea Estevam (a Belô), Vitor Negrete (renomado montanhista) e Ramon Martin, sobre a participação da equipe no Mundial de Corrida de Aventura. Na equipe de apoio estarão José Pupo, um dos grandes nomes da canoagem no Brasil, e Eduardo Pimentel.
Pensando no histórico da Southern Traverse, competição que apenas 20% das equipes terminam, a Landscape já traçou o seu objetivo no Mundial: Vamos tentar concluir a prova, o que já deverá nos colocar entre as primeiras trinta equipes, de 50, disse Alzugaray.
E para que consigam completar o percurso, os atletas realizaram no Brasil alguns treinos de desnível para a competição, tanto em mountain bike como em trekking, pois acreditam que não haverá mais nada além de montanhas na região. Além disso fizemos treinos técnicos de caiaque oceânico em mar, outra dificuldade que encontraremos por lá, acredita o capitão do time.
Este texto foi escrito por: Camila Christianini
Last modified: novembro 9, 2005