Piratas do Caribe guardado a sete chaves. (foto: Sailing anarchy)
Já faz mais de uma semana que o ícone do Virtual Spectator não tem sido acionado. Ele aparece perdido no meio das minhas imagens e artigos na área de trabalho do computador…
Perdi aquele costume de acionar o programa antes mesmo de checar meus e-mails, hoje, esse maravilhoso software vive dias diferentes, indica os barcos parados, sem emoção, sem aquela expectativa da liderança, da mudança de posições…
Piratas do Caribe – Só que a regata continua, fora dágua dessa vez, e quem parece estar tentando recuperar o tempo perdido são os Piratas do Caribe. O time americano na Regata Volta ao Mundo. Após uma prematura quebra e um inesperado abandono da perna após uma pane no sistema elétrico que controla a quilha, o barco comandado pelo campeão Mundial de Star e da Luis Vitton Cup, Paul Cayard, passou por intensa reforma.
Desde que saiu da água nos Cascais em Portugal, vem sendo guardado sob sigilo. Muito se fala no que pode estar sendo preparado pela equipe de projetistas e construtores em relação às otimizações do barco, mas ninguém sabe ao certo o que está por vir. O comandante declarou nesse último final de semana que nada foi mudado e que a performance do barco continua a mesma.
Será? Na minha avaliação, esse problema na quilha que obrigou os Piratas a voltarem à terra pode ter mudado o rumo da regata como um todo.
Afinal, o Black Pearl pode ter sido otimizado naquilo que se mostrou ineficiente na regata Inshore e nas primeiras 24 horas da perna Vigo Cape Town e agora, quem sabe, o barco volta à água mais rápido do que nunca. Obviamente às restrições da regra quanto a alterações no desenho impedem grandes mudanças, mas nós sabemos que muitas vezes são os pequenos detalhes que fazem a diferença.
Confirmando isso, Cayard declarou que o barco ainda não estava 100% pronto para iniciar a regata naquele dia 12 em Vigo, pois os escassos sessenta dias de treino não tinham sido suficientes para testar todo o equipamento, e que agora, nessa semana, eles irão por a prova tudo que foi consertado numa jornada de três dias velejando ao sul da Cidade do Cabo.
O Aeroporto internacional da Cidade do Cabo foi pequeno para o monstruoso avião de carga russo Antonov. Ao pousar, levando o barco patrocinado pela Disney, fez um grande buraco na pista, obrigando os funcionários daquele aeroporto a interditarem as duas pistas em pleno domingo de grande movimento até que o estrago fosse avaliado por peritos.
A bruxa, ou melhor, a caveira, parece estar solta por lá. Surge a ultima noticia: O campeão mundial de Star, vice campeão olímpico na classe Finn Frederick Loof, acaba de deixar a tripulação e, com isso, paira mais responsabilidade nos ombros do comandante, que vive momentos de expectativa até a próxima largada.
E os outros? – Aqueles que completaram a perna tiveram muitos motivos para comemorar. Afinal, tripular essas maquinas não é fácil, principalmente na primeira etapa da regata onde situações novas aparecem o tempo todo.
O time ABN Amro fez bonito e colocou seus barcos no topo da listas de favoritos. O desenhista Juan K. passou a ser a atração da semana, virou manchete na maioria dos sites especializados, sempre questionado sobre o que acontecerá se o vento for muito fraco nas próximas pernas e sobre a ausência de pau de spinnaker a bordo dos dois ABNs.
Ele, como sempre muito sereno, respondeu que não se espanta com nada disso, pois os dois V70 que ele desenhou não são tão radicais e otimizados para vento forte como se diz. Disse também que o pau da spinnaker (vela balão) foi algo que ele nunca cogitou, considerando a enorme velocidade dos barcos nos ventos folgados, o que gera um vento aparente sempre orçado (vindo mais da proa) o que justifica o uso apenas de um gurupés e Spinnakers assimétricos!
Essa aí eu mesmo tinha minhas duvidas, pois é, ainda bem que sou velejador e não projetista.
Depois de tanta polemica sobre a saída da navegadora Adrienne, parece que tudo está resolvido. Ela não estará mais no projeto e quem assume esse lugar de grande responsabilidade é o holandês Marcel van Triest; muito mais forte e também com grande experiência.
Sem duvidas o time brasileiro ganha um reforço no convés, mas o que é de se lamentar é a ausência de uma representante do sexo oposto na regata, agora 100% masculina.
E o virtual Spectator? – O meu programa predileto vai ser usado quando? Só mesmo nos dias oficiais de regata, mas confesso, gostaria muito que ele me passasse os dados de telemetria dos Piratas do Caribe no treino oceânico dos próximos dias, iria matar minha curiosidade…
Mas, como isso não vai acontecer, vamos aguardar a regata Inshore. Espero que nada mude. Fiquei muito feliz com os barcos que subiram ao pódio, isso poderia se repetir não é mesmo!?
Até a próxima!
Este texto foi escrito por: André Mirsky, do Team ABN Amro
Last modified: dezembro 13, 2005