Barco de Jakobsson com mastro quebrado (foto: Ricardo Dubeux)
Direto de Fortaleza – Arriegua ninguém segura esse galego!!! Esse era o comentário geral durante o dia de hoje aqui em Fortaleza. Ele ganhou as duas regatas de ontem e segue invicto, 8 vitórias em oito regatas.Nossa senhora!!! Esse é o futuro do Laser pode escrever!!!
Estamos falando Blair Mclay um jovem de apenas 17 anos que vem fazendo bonito por aqui. Chegou e esta ficando com a cara de Campeão Mundial de 2005. Mas ontem, antes das regatas do dia, tivemos um momento de grande emoção quando os meninos do projeto Pirata chegaram ao bosque do luxuoso Marina Park Hotel, sede do Campeonato Mundial de Laser Radial Junior.
Cerca de 20 crianças do Projeto Motivação visitaram o Campeonato Mundial de Laser, onde foram apresentados a Daniel Jakobsson e Juliétty Angioletti Tesch (o primeiro Brasileiro mais bem colocado ate hoje de manha e o outra velejadora do projeto Lars Grael, e que esta sendo patrocinada pelo Pirata Bar, dentre outros velejadores que explicaram como velejar, montar e desmontar o Laser.
A participação de velejadores de vários países neste evento, foi uma excelente oportunidade para as crianças perceberem que o esporte também pode ser um canal de comunicação muito forte entre os povos.
O Projeto Motivação – atletas da Praia de Iracema tem como proposta central a inclusão social de crianças e adolescentes em situação de risco, do bairro Praia de Iracema, através da prática de duathlon (natação e corrida).
O projeto prevê a formação técnica desses jovens como atletas de Duathlon, a orientação e o apoio educacional aos mesmos, e sua inserção positiva em grupos sociais e no núcleo familiar.Conforme Sara Goellner, coordenadora do projeto, e o amigo-velejador e Diretor do Pirata Didier.
A história funciona assim: na Praia de Iracema a falta de equipamentos comunitários, tais como, quadras públicas poli esportivas e praças não oferece muitas oportunidades de lazer saudável e construtivo para o conjunto da população e, em particular, para os jovens. A faixa de praia e o calçadão se colocam, hoje, como a principal alternativa nesse sentido.
Entretanto, a ocupação do calçadão por bares e boates, sem a devida atenção por parte do poder público, levou a orla a um estado de degradação social, físico e ambiental que ao invés de servir como área de lazer, expõe os jovens ao risco da prostituição, do uso e do tráfico de drogas.
Para enfrentar esse quadro se faz necessário a existência de um projeto de reconfiguração da área. Enquanto isso não acontece é preciso alguma intervenção que minimize os riscos para a população de crianças e adolescentes, principais vítimas dessa situação.
Dentre os mecanismos disponíveis para a promoção da inclusão social, o esporte se apresenta, hoje, como uma ferramenta eficiente e capaz de alavancar esse processo, seja pelos traços culturais presentes em nossa sociedade, seja pelas possibilidades de transformação que podem ser operadas através de sua prática, com o estabelecimento de hábitos mais saudáveis e a valorização do espírito cooperativo e participativo. Por outro lado, projetos sociais que envolvam a promoção do esporte a cada dia conquistam mais adeptos.
Para muitos jovens carentes, o esporte é uma das poucas possibilidades de saírem do quadro de exclusão social em que vivem e de se tornarem cidadãos na sua plenitude, resgatando a auto-estima e descobrindo talentos e vocações, além de possibilitar seu desenvolvimento saudável.
O sucesso do Motivação foi conseguirmos manter as 30 crianças durante o ano todo conosco, todos os dias da semana e freqüentando a escola. O principal é longe das ruas das drogas e da prostituição.As crianças mudaram sua postura e seus relacionamentos, tiveram a oportunidade de conhecer lugares até então desconhecidos e sem perspectiva de conhecê-los: o Hotel Marina Park onde conheceram o Robert Scheidt, Faculdade FIC que fez as avaliações físicas, visitaram duas exposições de arte, foram ao Circo do Beto Carreiro, participaram de
diversas competições…
Agora que começou a competição: VAMOS VELEJAR!!!!!
Alimentados e felizes com o lindo exemplo prático de uma empresa que investe e acredita no nosso esporte, iniciamos o nosso dia ontem aqui em Fortaleza. O relógio oficial do evento marcava 12h quando os ventos fortes de 22 a 23 nos marcava presença e no mar formava grandes vagas de ondas até 2,0 m.
Muitas cristas brancas. Probabilidade de borrifos. Na terra já era evidente os assobios na fiação aérea. Movem-se os maiores galhos das árvores. Guarda-Chuva usado com dificuldade.Estamos no Ceara, a terra dos ventos alísios! Conforme a escala do Sir Francis Beaufort (1774-1857), almirante Britânico, que criou uma escala, de 0 a 12, observando o que acontecia no aspecto do mar (superfície e ondas), em
consequência da velocidade dos ventos.
Posteriormente, esta tabela foi adaptada para a terra. Em 1903 a equivalência entre os números da escala e o vento foi estabelecida pela fórmula:U = 1.87B3/2 onde U é a velocidade do vento em milhas náuticas por segundo e B é o número Beaufort.
Às 12h30 a Comissão de Regatas levantou a bandeira de largada para o grupo vermelho, onde as primeiras 51 velejadores , iniciavam as disputas desta última fase classificatória.
Os resultados de hoje foram idênticos aos do primeiro dia com o nezolandes Blair Mclay e o português Frederico Melo ganhando as duas regatas que disputaram respectivamente em suas flotilhas.
A largada da primeira regata foi muito disputada mesmo antes do tiro, com o duelo entre o russo Igor lisovenko e o neozelandes Blair Mclay. Durante quase 2 minutos ficaram bordejando e marcando um ao outro. Parecia final de campeonato.
A largada foi melhor para o Blair que a barlavento conseguiu dar um maior segmento na orça e logo colocando o russo na esteira e ai foi fácil administrar a perna e montar em primeiro.
A perna de popa era um espetáculo à parte, devido ao fato Blair voar baixo nesta perna, pois como ele veleja também na categoria Standard, obteve uma técnica até agora distante dos demais concorrentes.O carinha brinca com seu Laser!!!
Um detalhe lamentável durante a largada foi a quebra da mastreação do brasileiro Daniel Jakobsson, a maior esperança do Brasil de podium. Daniel tinha largado bem e com um ótimo segmento, já se posicionado entre os 5 melhores da regata, quando de repente o seu Laser tomba para barlavento e o mastro para sotavento. Vela arriada e caída na água, retranca idem, que cena triste…
Na lancha da imprensa aquele silêncio e uma grande tristeza para os brasileiros, pois com essa quebra Daniel Jakobsson se despede da conquista do título máximo deste ano. “Estou muito chateado com a quebra do mastro na primeira regata, justamente quando os ventos e o mar estavam para mim”, lamentou Daniel.
Atual líder, com 7pp, Blair Mclay, comecou a velejar no optimist e hoje deu mais um verdadeiro show nas águas da raia do Marina Park Hotel, terminando novamente as regatas como o grande fita azul. “Larguei bem, consegui escolher melhor a perna positiva e administrar o andamento da flotilha”, comenta friamente o jovem e
talentoso Blair.
Depois da quebra de mastro do brasileiro a disputa da três primeiras posições ficou nas mãos da Nova Zelândia, Portugal e Austrália, pelo que fizeram os velejadores destes paises nas oito primeiras regatas do campeonato.
As condições de vento foram consideradas por todos como típicas para Fortaleza, onde tivemos ventos leste com rajadas alcançando uma máxima 21 nós, acima da média registrada ao longo da última semana.
“Acho que o campeonato mesmo começa amanhã quando os melhores estarão juntos numa mesma flotilha, por enquanto esta dando para sonhar com o titulo. Vamos ter ainda lindos duelos até a última regata”, declarou Blair Mclay , atual líder do campeonato Mundial de Laser Radial Junior.
Entre os brasileiros, André Ribeiro passou a ser o melhor colocado, depois da quebra do Daniel Jakobsson na primeira regata do dia. Jakobsson não se deixou abater e voltou a tempo de competir a segunda.
Mesmo assim André fechou o dia com 5 posições acima, ocupando o 13º lugar. “Eu adoro esta raia, até porque sou cearense e conheco tudo por aqui, as rondadas, correntes,etc… e hoje foi o melhor dia. Estou muito feliz!!!”, afirma o Ribeiro.
A neozelandesa Cushla Hume-Merry é o destaque do time feminino, na 43ª posição e Fernanda Decnop continua na liderança entre as brasileiras.
Se não bastasse a disputa desigual na raia juntos com os meninos elas ainda têm que enfrentar outros problemas de base, mesmo assim o desempenho da equipe feminina do Brasil esta sendo considerado super normal haja vista que a categoria acabou de ser incluída nas Olimpíadas e com isso migraram para a classe ,velejadoras semi-
profissionais,de toda parte do mundo. Elevando assim o nível das disputas.
Alem deste fato, super importante, acima citado, acrescente que as velejadoras brasileiras são, a maior parte, muito novas, recém saídas do Optimist e que ainda não adquiriram o biótipo ideal para esta categoria que seria 1,75 m e 70 quilo. O que as tornariam competitivas em qualquer tipo de vento.Pois já mostraram no Optimist que sabem velejar e muito bem!!!
Muitas delas, senão 99%, sonham com o titulo olímpico e para isso estão enfrentando todos os obstáculos para se adaptar as condições ideais, como equipamentos, treinamentos, dentre outros, mas o que temos que enaltecer mesmo, é o fato de que todas as brasileirinhas estão ainda começando nas suas carreiras na Laser Radial e enfrentaram, até agora no Campeonato Mundial aqui em Fortaleza , um mar pesado com ventos de médio a forte em todas as 8 regatas disputadas.
Vale ressaltar, que todas saem com o mérito de ter participado deste grande campeonato, e que as dificuldades aqui encontradas, sirvam de bagagens e experiências não só nas vidas esportivas como em todas as outras áreas, pois tudo tem que ser feito com bom senso, paciência e garra para chegarmos aos nossos objetivos.
Como velejador apaixonado que sou desde os meus 5 anos de idade, passando pelas classes Optimist, Laser, Hobie Cat 14, Hobie Cat 16 e Super Cat 17, peço de todo o coração é que não desanimem com os resultados deste campeonato, aliás o esporte a vela é o único em que existem classes e categorias para todo tipo de gostos e bolsos. Ame velejar pelo simples fato de estar em contato com as duas belezas da
natureza. O MAR E O VENTO.
Como dizia um velho ditado, ajustem as velas e toquem seus barcos da vida em um rumo seguro e feliz….SEMPRE FELIZ!!!!
Esta é uma colaboração espontânea e reflete a opinião do seu autor, não tendo necessariamente nenhuma associação com a filosofia do Webventure.
Dia 15/dez: soma das 8 regatas
1º lugar – Blair McLay (NOVA ZELÂNDIA) – 7pontos perdidos.
2º lugar – Frederico Melo (PORTUGAL) – 9 pp
3º lugar – Ivan Taritas (CROÁCIA) -19 pp
4º lugar – Antonios Tzortzis (GRÉCIA)- 20 pp
5º lugar – Jorge Jover Garcia (ESPANHA) – 27pp
6º lugar – James Burman (AUSTRÁLIA) – 32 pp
7º lugar – Pierre Ângelo Collura (FINLÂNDIA) – 32 pp
8º lugar – Igor Lisovenko (RÚSSIA) – 37 PP
Classificação dos brasileiros
13º lugar – André Frota Ribeiro (CE) – 52pp
19º lugar – Daniel Jakobsson (RJ) – 75pp
32º lugar – Philippe Alexander Wender (RJ) -116pp
37º lugar – Rodrigo Lopes Monteiro (RJ) – 127pp
38º lugar – Ernesto Molinas (CE) – 130pp
50º lugar – Lucas F. Reis Cachapuz (RJ) – 154pp
53º lugar – Daniel Cantinho Dantas (PE) – 167pp
54º lugar – Pedro Henrique Trouche de Souza (RJ) – 168pp
61º lugar – Jucyan Okretic (SP) – 184pp
67º lugar – Fernanda Decnop (RJ) – 215pp
68º lugar – João Augusto Hackerott (SP) – 228pp
70º lugar – Henrique Vazquez (SP) – 231pp
72º lugar – Jorge João Zarif (RJ)- 236pp
78º lugar – Viviane de Oliveira (RJ) – 266pp
90º lugar – Bernando Amorim Bastos (CE) – 303pp
93º lugar – Bruna Cordeiro Sena Alves (RJ) – 318pp
95º lugar – Lucas de Carvalho (SP) – 324pp
96º lugar – Cecília de Andrade Aragão (PE) – 324 pp
99º lugar – Luiza de Sabóia e Lima (CE) – 346pp
101º lugar – Juliétty Tesch (ES) – 349 pp
Este texto foi escrito por: Ricardo Dubeux, especial para o Webventure
Last modified: dezembro 16, 2005