Foto: Pixabay

Diário de Porto 67 – Um exercício em equilíbrio

Redação Webventure/ Vela

Jovem tripulação do ABN Amro 2 comemora a passagem pelo Cabo Horn (foto: Divulgação/ VOR)
Jovem tripulação do ABN Amro 2 comemora a passagem pelo Cabo Horn (foto: Divulgação/ VOR)

Direto do Rio de Janeiro – Barcos a vela de competição são umas das máquinas mais especiais feitas pelo homem. Obras de arte tão especiais que muitos estão convencidos de que têm almas voluntariosas e personalidades fortes que exigem atenção e compreensão para desempenhar sem restrições ou reservas.

Como em todo trabalho de arte a sua beleza pode ser apreciada através de uma combinação de fatores que precisam estar em perfeito equilíbrio: visual e dinamicamente.

Como uma obra de arte sem similar, os seus encantamentos estão também no desafio que criam: transformar focas conflitantes e concorrentes em prazer perfeito.

Tudo, do casco às velas, da mastreação aos lemes, dos instrumentos aos ângulos de navegação, dos velejadores às táticas precisa funcionar harmonicamente e trabalhar em equipe.

Seleção de timoneiros – Enquanto assistíamos aos barcos na Volvo Ocean Race progredindo através dos Mares do Sul, pudemos ver como é passageiro este equilíbrio e como são importantes as ações para mantê-lo dentro dos limites aceitáveis. E ficamos
impressionados com aquilo que vimos, todos os seis barcos, durante dois boletins de posicionamento seguidos, percorrendo mais de 500 milhas cada um no período de 24 horas.

Números aos quais estamos ficando acostumados, mas que dependem (à parte da existência de vento, naturalmente) de 1) as tripulações mantendo permanentemente ajustados os barcos para maior velocidade e de 2) os timoneiros precisando encontrar o caminho, farejando as mudanças, sentindo as necessidades, reagindo com precisão e mantendo os barcos com segurança em ritmo máximo.

A bordo de cada barco existem diversos timoneiros e a combinação da qualidade deles faz tanta diferença nos resultados como fazem o projeto do barco e o regime dos ventos.

Agora que os barcos já estão escalando a costa leste da América do Sul no seu caminho para o Rio, uma nova missão, cortesia de um velho amigo (ou inimigo dependendo dos dias) o vento que ronda por perto para sacudi-los e quebrar o equilíbrio.

No sábado ao final da tarde e à noite os ventos (de noroeste) vão aumentar para 28 nós e as velocidades vão crescer. No domingo os ventos estão previstos para começar a mudar de direção (de norte para nordeste e para leste) e vão diminuir significativamente de intensidade. Como se isso não fosse suficiente esse ângulo não vai ser o ideal, então, as velocidades vão cair muito.

Tem trabalho difícil pela frente para as tripulações em geral e para os timoneiros em particular, para que mantenham o equilíbrio no seu exercício. Um pouquinho aqui, um quase nada ali vai ser o nome do jogo, os detalhes, sabemos, têm uma paixão para se somaram e transformaram em grandes ganhos.

Qual é o melhor lugar então, nos próximos dois ou três dias para que essas obras de arte sejam vistas em todos os seus esplendores? Para que os barcos tirem o melhor proveito dessa situação? A aposta é de que quanto mais para oeste eles estiverem, menos vão ter que lidar com os fatores de desequilíbrio que é tão ruim ara as suas almas.

Exatamente onde as tripulações do ABN AMRO ONE e ABN AMRO TWO escolheram como endereço certo da exposição.

É esperar para ver.

Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do Team ABN Amro

Last modified: março 6, 2006

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure