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Everest: Everest e sem O2

Redação Webventure/ Montanhismo

Vitor Negrete (foto: Arquivo pessoal)
Vitor Negrete (foto: Arquivo pessoal)

Nesta coluna, Vitor Negrete dá sua opinão sobre o uso de oxigênio suplementar, sobre escolher ter escalado o Everest como a primeira montanha acima dos 8 mil metros e fala do preparo da equipe para a escalada.

O dia do ataque ao cume se aproxima e pensamos nas diferentes possibilidades, na possível sequência de eventos no “dia D”. Nossa expedição é extremamente ousada. Tanto o Rodrigo, quanto eu não tinhamos experiência acima dos 6.962m. A barreira dos 7500m-8000m, conhecida como zona da morte é um paradigma para nós.

Quando encontramos outros alpinistas a primeira pergunta sempre é: qual outro oito mil vocês escalaram? Existem 14 montanhas com mais de 8 mil metros no planeta e o Everest é a maior delas. De uma maneira geral, os alpinistas escalam algum oito mil menos difícil antes de tentar subir o Everest.

Assim, encarar o Everest como primeira montanha acima dos oito mil já seria por si só um projeto ousado. Somado a este desafio adicionamos outra dificuldade extrema: vamos escalar o Everest sem utilizar oxigênio suplementar (oxigênio engarrafado em cilíndros). Cada vez percebemos mais que a diferença entre escalar com O2 e sem O2 é muito grande.

Encontramos com outros alpinistas que escalaram sem O2 e os relatos confirmam que escalar sem O2 é duro, muito duro. Quem escalou diz que voce fica com o raciocínio de uma crianca de oito anos. A falta de oxigênio altera não somente o desempenho físico mas mental. O ar tem 30% do O2 presente ao nível do mar, ou seja, 70% a menos do O2 do ar que estamos acostumados a respirar.

Dentro de alguns dias começaremos a subir, a subir com um objetivo: o ponto mais alto do planeta. Estamos preparados física e psicologicamente para este desafio extremo. Sabemos que nosso desafio envolve um risco de vida. Sabemos que o cume é menos do que a metade do caminho.

Que 80% por cento dos acidentes ocorrem na volta, ou descida. Temos, entretanto, uma grande vantagem: estamos juntos o Rodrigo e eu. Nós enfrentamos dificuldades extremas na face sul do Aconcagua e em outras escaladas. Provamos juntos os limites do corpo e da mente e saimos vivos. Acima de tudo, vamos lutar para voltar sãos e salvos.

Este texto foi escrito por: Vitor Negrete, da Try On Expedition 2 no Everest

Last modified: maio 9, 2005

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