Dois rios: a setença de Gavardo (foto: Donizetti Castilho/ www.webventure.com.br)
O piloto chileno Carlo de Gavardo abandonou o Rally dos Sertões no primeiro dia por causa de um problema mecânico sério em sua moto. Um dos melhores pilotos do mundo de cross-country infelizmente abandonou o Sertões porque ontem, após iniciar a primeira especial, Gavardo entrou no Rio Bagagem e acabou com um problema sério de calço hidráulico no motor.
Ele voltou de carro para São Paulo e da capital paulista viajará para Santiago, capital do Chile. O assessor de imprensa Gerardo Fontaine fica no rali e comunica aos colegas de imprensa sobre o desempenho de Francisco Lopez, outro piloto chileno.
Segundo o especialista em off-road João Roberto Gaiotto, o problema de calço hidráulico acontece quando o veículo mergulha em um trecho de rio profundo e, conforme o movimento do carro, de parada ou redução da velocidade, há entrada de água no motor, provocando o calço hidráulico e inutilizando o motor imediatamente. O especialista diz ainda que o importante é sempre avançar e provocar uma pequena onda na frente do carro (ou da moto) onde está o moto, para fazer um vácuo e não permitir a entrada de água. Quando a água gelada do rio entra em contato com o motor quente, há rachadura do bloco do motor.
Na razão – A decisão de Gavardo foi baseada na razão. Segundo o experiente piloto, que veio para o Rally dos Sertões no ano passado após anos sem competir por aqui, é muito complicado tomar uma decisão deste porte, de partir logo no primeiro dia.
Mas ele temia pela sua segurança e quer continuar no Mundial de Rally Cross-country FIM, cuja próxima prova é o Rally dos Faraós, que acontece de 3 a 9 de outubro.
Carlo conta que na manhã de ontem, iniciou a especial muito feliz e com muita energia. Aos 37 km ele já tinha passado Fabricio Bianchinni e se preparava para atacar outro piloto que saia do Rio Bagagem, o maior que tinham de cruzar no dia.
“Por isso entrei muito forte, mesmo com uma correnteza muito forte. Entretanto, da metade para frente, uma parte mais funda do rio me exigiu muita pressão até que a moto caiu”, conta.
Quando Gerado conseguiu tirar a moto da água teve de ficar mais de 20 minutos tentando dar partida novamente. “Foi muito trabalhoso, ainda mais nesse calor e com a pressão da corrida; tudo se transformava em uma situação muito estressante”.
Quando a moto pegou, ele continuei na prova, mas após 30 km havia outro rio e aí não teve mais chance. “Tudo indica que entrou mais água e não consegui voltar a dar partida. Após muitas horas de espera e vendo carros e caminhões passando, decidi não seguir na prova pois já havia muitas horas de diferença. Fui resgatado por veículos da organização”.
Quem sabe devia ter continuado, porém agora vou ficar com este pensamento se foi errado ou não para sempre, conclui Gavardo.
Este texto foi escrito por: Cristina Degani
Last modified: julho 28, 2006