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Conheça os tipos de mochila e saiba arrumar a mala para uma aventura

Além de todas as preocupações na hora de preparar uma viagem ou expedição, é preciso tomar cuidado com o uso da mochila e a melhor forma de arrumá-la. Makoto Ishibe, escalador profissional e empresário, passa algumas orientações básicas sobre como organizar o equipamento para uma exploração, faz alguns comentários sobre os tipos de mochila para cada ocasião, assim como a regulagem correspondente.

A escolha dos equipamentos sempre depende do orçamento disponível, além de uma série de variáveis como o clima da região, a duração da viagem, entre outros. Makoto diz que cada exploração exige determinados equipamentos e que é preciso tomar alguns cuidados na hora de organizá-los.

De uma forma geral, ao realizar a subida de uma trilha deve-se manter o centro de gravidade baixo, com os equipamentos pesados no fundo da mochila. “Mesmo que o praticante tenha que ficar um pouco mais arqueado, precisa colocar os equipamentos pesados encostados nas costas”, comenta Ishibe. Já na hora de realizar a descida, a mochila estará mais leve, pois houve consumo de comida e combustível e a configuração deve ser outra. “Pode-se colocar o centro de gravidade alto, pois não vai ter problema de equilíbrio e pode-se andar muito mais ereto, aumentando o conforto”, explica o escalador.

Porém, essas dicas valem apenas se as trilhas a serem encaradas na subida e na descida forem diferentes, se vai haver uma travessia de montanha onde a subida exige muita técnica e a descida seja mais tranqüila. Caso contrário, a mochila não deve sofrer alterações na hora de ser arrumada. Para exemplificar, o escalador faz uma comparação com a condução de carros: “as pessoas perguntam qual marcha deve ser usada na subida de uma estrada, em relação à descida no mesmo local. Tecnicamente deve-se usar as mesmas marchas para as mesmas curvas e na trilha não é diferente”.

Equipamento certo – Um equipamento que auxilia bastante é o trekking pole (bastão de caminhada) que se for bem utilizado pode reduzir de cinco a sete quilos a carga das pernas. “Ele dá um apoio frontal que alivia o stress do tronco (principalmente lombar) e alivia muito o stress das articulações das pernas”, diz Ishibe.

Mas e as mochilas? Como escolher a mochila correta com tantas marcas e modelos no mercado? Antes de começar a falar sobre o assunto, Makoto diz que é necessário estudar bem a viagem pretendida e conversar com especialistas sobre o assunto. Muitas vezes os aventureiros vão às lojas do ramo, pedem informações para os vendedores e acabam comprando equipamentos errados ou que não seriam necessários.

Além de escalador, Makoto também é sócio de uma loja de material esportivo, a Half Dome. Certa vez houve um caso de uma pessoa que comprou luvas para realizar uma exploração em kilimanjaro e posteriormente voltou reclamando que elas não esquentaram a mão e ficaram molhadas.

“Falei para ele que por melhor que seja o material, se não for feito um uso adequado, não vai funcionar. Como ele estava em uma região com granizo e neve que em contato com o calor do corpo virava água, deveria ter dois pares”, comenta. Para ele, é preciso, antes de tudo, estudar sobre o assunto e os equipamentos.

Existem variações de mochilas de acordo com a finalidade que será utilizada. Para explicar, Makoto mais uma vez faz uma comparação com veículos. “Falar mochila cargueira é igual falar pick up, existe as tracionadas, as com cabine estendidas, as simples e com a mochila é igual”. Segundo ele, um montanhista que teoricamente possui uma boa forma física e está acostumado a carregar peso, deve usar uma mochila mais leve. Porém, nesse caso o conforto fica um pouco sacrificado.

Já uma pessoa que deseja fazer uma longa caminhada, como o Caminho de Santiago de Compostela, se usar a mesma mochila vai ter problemas. “Se a pessoa nunca usou uma dessas vai se dar mal, pois ela estrangula o ombro e não tem cinturão para distribuir o peso”, alerta Makoto. Para essa viagem deve-se levar uma mochila com capacidade para 30 a 40 litros feita de um material que evite assadura e encaixe bem no corpo. “O trajeto é em torno de 800 km, feito em 40 dias e a escolha deve ser por material confortável, mesmo que pese um pouco mais”, completa.

Makoto comenta também sobre um erro comum que os viajantes inexperientes. “Geralmente eles procuraram comprar aquelas que têm o material mais leve possível, mas isso é besteira. É melhor comprar algo confortável e andar um pouco mais devagar para completar o caminho de Santiago em 4h30 por dia, em vez de 4h, do que se machucar e não completar”, exemplifica.

Comparações – Já um atleta de corridas de aventura precisa economizar ao máximo no peso e uma mochila bem leve é ideal. Makoto diz que nesse caso o conforto pode ser sacrificado, pois os praticantes estão bem preparados fisicamente e acostumados com o tipo de atividade. Ele comenta ainda que é comum as equipes iniciantes se espelharem em atletas de ponta na hora de escolher o equipamento.

“Eles imaginam que se o Rafael Campos, por exemplo, usa uma determinada mochila ela deve ser boa e resolvem compra-la”. De acordo com o experiente escalador, não é bom usar essa referência, pois é necessário levar me conta que ele está bem preparado e já utiliza o equipamento há algum tempo.

Para finalizar, Makoto lembra que o ajuste da mochila varia de acordo com cada biotipo e se uma marca ou modelo serve para uma pessoa, pode não servir para outra. Ele também reforça que consultar um especialista é muito importante antes de comprar equipamentos e fazer explorações.

Este texto foi escrito por: Alexandre Koda

Last modified: dezembro 25, 2007

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Redação Webventure
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