Roberta durante os treinamentos em Portugal (foto: Divulgação/ foto-reportagem.com)
Direto de Peniche, Portugal – Depois de alguns dias de tempo instável, o sol e o calor apareceram de vez em Peniche e as finais aconteceram com dias quentes e ondas de meio metro com as maiores de até um metro na série. Na categoria masculina, a surpresa foi a eliminação (antes mesmo das semifinais) de atletas consagrados como Darren Basson (Inglaterra) e Edu Extribeira (Basco).
A Copa do Mundo inovou as provas de kayaksurf. As finais foram em duas etapas, com disputas de apenas dois atletas na eliminatória (homem a homem) e não como decorre normalmente, com quatro atletas na bateria. No meu caso, disputaria a bateria com a excelente atleta inglesa Tamiss. Quem vencesse a bateria, disputaria o primeiro e segundo lugar na sexta-feira com a vencedora da outra dupla, onde corriam duas californianas.
Desta vez foi a inglesa quem levou a melhor e ela disputaria a final com a californiana Kate que, este ano, venceu a famosa prova de Santa Cruz. Na sexta-feira, disputei o terceiro e quarto lugar com outra californiana Teresa, que já é minha conhecida e minha amiga de outras provas (a rivalidade fica apenas na água). E foi quando meus problemas começaram. Por estar com um caiaque diferente, a saia (acessório que usamos para nos vedar ao caiaque) que usei durante as etapas, era sempre emprestada por algum atleta ou pelo próprio Malcolm (dono da Mega).
Problemas – A minha saia tinha um tamanho diferente para o novo caiaque que usei na competição. Entrei na bateria com uma saia que era perfeita no anel, mas um pouco mais larga na minha cintura (já havia usado em outras baterias). Mas ela estava bem fixa por uma lycra, uma blusa de neoprene e mais o colete. Mas desta vez uma série maior logo no começo da bateria, com uma seqüência de rolamentos, deslocou todo o equipamento por baixo do colete e fez uma enxurrada de água dentro do caiaque.
Com dificuldades, mal consegui correr minha bateria e tive que sair da água. Aí o que valeu foi o companheirismo de atletas como Kate e Alison (Inglaterra) que correram para me ajudar. Afinal todos lá estavam com suas equipes e eu era a única que estava sozinha. Equipe brasileira formada por uma apenas uma atleta!
As meninas, com uma grande atitude se esforçaram para me ajudar e após esvaziar o caiaque e voltar a correr não houve mais tempo. Vi minha possibilidade de medalha escorregar pelas minhas mãos…. Mas quando entramos num campeonato sabemos que todas as atitudes, decisões e escolhas tem uma conseqüência. Perder não é uma sensação boa quando se vem de uma seqüência de vitórias, aliás não é bom em nenhum momento.
A sensação de tristeza passa logo quando você se lembra de todas as conquistas, como vencer muitos obstáculos pra chegar até aqui, sozinha, e correr uma Copa do Mundo, disputando apenas com um seleto grupo de atletas pré-qualificados, os melhores de seus países. Foram muitas as vitórias aqui em Peniche, não só as minhas, mas para o kayaksurf brasileiro, que tem agora uma empresa como a Mega, maior fabricante de kayaksurf do mundo, apostando no Brasil, me apoiando e também ao Kayaksurk Club (www.kayaksurfclub.com.br).
A classificação final feminina foi a seguinte: Kate (Estados Unidos, Califórnia), Tamiss (Inglaterra) Teresa (Estados Unidos, Califória) e Roberta (Brasil). No masculino, Dave Jonhston (Estados Unidos, Califórnia) Jonny Binham (Irlanda) Chris Harvey (Inglaterra) e Steve Bowens (Inglaterra).
Depois da premiação, em que também fui chamada lá na frente pela minha colocação (e foi muito legal), saímos muito bem acompanhados com nosso amigo português Luiz Pedro Abreu, do Kayaksurf.net (a maior referência mundial deste esporte em termos de informações e o portal que acompanhou e noticiou toda a prova). Ele nos levou para saborear a excelente cozinha local e comemorar o final da primeira Copa do Mundo de Kayaksurf. Um jantar regado a muitos frutos do mar e depois passeamos pelos bares, tomamos muito vinho do porto, dançamos e nos divertimos até bem tarde.
Fica aqui uma experiência incrível em um dos esportes mais famosos de onda da Europa e do mundo: peguei um swell clássico de dois mestros antes da competição, reencontrei amigos, fiz novas amizades, conheci um novo país com ótimas praias, ondas, castelos e boa comida, fiz o nome do Brasil brilhar e volto ao meu país com muito mais energia para batalhar pelo que acredito.
Valeu!!!
Até a próxima!!!
Este texto foi escrito por: Roberto Borsari
Last modified: outubro 30, 2006