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Seleção de canoagem busca medalhas no Sul-americano

Redação Webventure/ Rafting e canoagem

Akos  Cuattrin e Guto após treino no K4 (foto: Thiago Padovanni/ www.webventure.com.br)
Akos Cuattrin e Guto após treino no K4 (foto: Thiago Padovanni/ www.webventure.com.br)

Treinando muito nas últimas semanas, a Seleção Brasileira masculina de Canoagem vai para os Jogos Sul-americanos da Argentina esperando voltar com muitas medalhas na bagagem. Os treinos na represa Billings, em São Bernardo do Campo (SP), foram intensificados visando unicamente os Jogos, que acontecem de 9 a 19 de novembro. As provas da canoagem são dias 10, 11 e 12. São 10 atletas da seleção masculina que representam o Brasil na competição.

“Os treinos estão muito bons. Depois do pan-americano de canoagem, tivemos 10 dias de folga e voltamos com tudo visando o Sul-americano. A equipe está bem forte. Dá pra ver que os barcos estão andando bem. Vamos lá para detonar os argentinos”, comenta Guto Campos, do caiaque.

Comandados pelos técnicos Akos Angyal (caiaque) e Pedro Sena (canoa), os atletas da seleção masculina realizam treinos na água, corrida e musculação. “O ritmo está muito bom. O treino está super eficiente e esperamos conseguir os melhores resultados possíveis para o Brasil”, afirma Sena.

A seleção é permanente, ou seja, a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), em parceria com a Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo, fornecem moradia, alimentação, salário e transporte aos atletas. Com isso, toda a seleção fica concentrada em um único local e treina sempre junta.

Durante os treinamentos, os atletas vão baixando os tempos dia-a-dia e melhorando o desempenho. Sempre é possível ver um atleta conferindo seu tempo e falando sozinho: “nossa, eu nunca fiz esse tempo”, ou “maravilha, melhorei um segundo”. São 24 atletas da seleção que treinam nas águas da Billings. No fim de novembro, haverá uma seletiva que definirá quem continua na seleção permanente. Os atletas que foram para o Mundial e para o Sul-americano, não participam.

Paisagem bucólica – Em um belo local às margens da Represa Billings, os atletas da Seleção Brasileira masculina de Canoagem preparam seus barcos e fazem os últimos aquecimentos nas pernas e braços antes de entrar na água.

Ao fundo, o movimento e ruído dos carros e caminhões na Via Anchieta, que liga São Paulo ao litoral. Mas isso não tira a beleza do local nem prejudica o cenário bucólico. Os pássaros sempre cantando dão o tom da melodia, que se mistura ao soar dos remos adentrando na água. O sol brilha no céu sem nuvens enquanto as formigas carregam suprimentos para seus lares. A região de Mata Atlântica pode surpreender os mais desavisados. Sem muito aviso, o tempo fecha e a densa névoa toma conta das águas da represa, numa paisagem que lembra o clima londrino. Há dias que o céu fica tão carregado que prejudica os atletas para atracarem os caiaques.

Para começar a treinar, os atletas saem do clube e remam até um braço da represa, que tem cerca de um quilômetro de extensão. O local é calmo, cercado pela Serra do Mar. Quem sempre acompanha a seleção é um morador local, que sede o píer, nos fundos de sua casa, e uma cadeira para o técnico Akos acompanhar a chegada e o desempenho dos atletas. Na outra extremidade, na lancha, fica Pedro controlando a largada. “Fazemos dois tipos de treinos na água, um de longa distância e outro que são os controles de tempo quando chega perto das competições”, explica Sena.

O técnico do caiaque, Akos Angyal, chegou ao Brasil no início de 2005 para treinar a seleção brasileira. Vindo da Hungria, Akos não falava português e foi aprendendo com os próprios atletas. Mas passados um ano e meio, ele entende e se comunica muito bem.

“Aqui na canoagem eu entendo quase tudo. Mas tenho problemas com comunicação. Não é fácil a língua”, comenta o técnico. Ele deixou as duas filhas na Hungria e só consegue vê-las duas vezes por ano. A CBCa deve renovar o contrato com o técnico, assim, ele traz as meninas para morar no Brasil.

Sobre o desempenho da equipe nos Jogos Sul-americanos, o técnico não hesita: “no caiaque eu quero ganhar todas”. São cinco provas do caiaque e quatro da canoa que fazem parte do programa olímpico. “O grupo tem potencial e tem chance. Eles conseguem ganhar, pelo menos, três ouros. Os canoístas, principalmente, precisam ganhar medalhas. Acho que vão ganhar as quatros medalhas que são olímpicas”, afirma.

“Os treinos estão bem puxados. Estamos treinando, não só com o objetivo do sul-americano, mas também de consertar erros de técnica. O Akos está trabalhando bastante essa área para que possamos nos sentir melhor. E isso é fundamental. Além disso, ele está impondo um ritmo forte, com controles e simulação de competição, para que possamos entrar no ritmo da prova”, explica Sebastián Cuattrin.

“Essa é a principal equipe que vai para os Jogos Pan-americanos no Rio, mas tenho dois juniores que também podem ir para o Pan”, completa Akos.

Mudanças no barco – Sebastián Cuattrin e Guto Campos sempre remaram juntos no K2 e no K4. Ambos entraram na seleção quando ela foi formada, em 1995. Campos passou um tempo afastado, mas está de volta para remar com o amigo. Depois de anos remando juntos, eles experimentam um novo desafio, remar com as posições invertidas. Cuattrin remava na parte de trás no K2 e Campos na frente. Agora é o contrário.

“Ele (Guto) chegou e falou: ‘já fizemos de tudo, hoje vamos remar ao contrário’. E o barco voou. Estamos nos sentindo muito bem. O Akos também gostou, então vamos dar mais um tempo assim para ver como anda”, explica Cuattrin. “É uma dessas coisas que você acha que não vai dar certo, mas vai experimentando. Eu fui pra frente e ele foi pra trás. É uma coisa que a gente não esperava que desse certo”, completa o atleta.

Guto passou por uma fase ruim, sem apoio e sem patrocínio. “Pensei em parar, procurei emprego, mas está no sangue. Senti muita falta e voltei a treinar, não teve jeito. Vamos ver até onde eu vou”, brinca.

Já Sebastián é hoje um dos principais nomes da canoagem brasileira e recordista de medalhas. O atleta conta que o técnico Akos mudou algumas coisas em sua forma de remar e isso o ajudou a melhorar seu rendimento. “São 15 anos remando de um jeito, ele chega e fala: ‘vamos mudar e remar um pouco diferente para consertar’. Aí você passa a remar como ele está pedindo e percebe que está melhorando, o barco está andando bem. Dá para se sentir mais confortável”, explica.

Este texto foi escrito por: Thiago Padovanni

Last modified: novembro 9, 2006

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