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Europeus fogem do frio e treinam com a seleção brasileira de canoagem no ABC paulista

Redação Webventure/ Rafting e canoagem

Cuattrin checa o remo durante os treinamentos em São Bernardo (SP) (foto: Thiago Padovanni/ www.webventure.com.br)
Cuattrin checa o remo durante os treinamentos em São Bernardo (SP) (foto: Thiago Padovanni/ www.webventure.com.br)

Imagine praticar esportes ao ar livre, durante o rigoroso inverno europeu, com temperaturas abaixo da casa dos 10ºC negativos. Logo pensamos numa descida de montanha com esquis ou snowboard, contemplando paisagens paradisíacas nos Alpes, onde os praticantes permanecem na maior parte do tempo protegidos e aquecidos pelas roupas especiais e contam com uma estrutura de apoio maravilhosa.

Agora imagine praticar canoagem em rios e lagos onde as margens estão praticamente congeladas e a temperatura externa anda por volta dos 8ºC negativos, some a isso o vento das planícies e montanhas geladas, que normalmente se canalizam e correm pelos rios piorando ainda mais a sensação térmica negativa.

Para aumentar o problema, na prática da canoagem de velocidade, os atletas se molham com freqüência e não podem utilizar as pesadas roupas térmicas dos esquiadores. Elas limitam os movimentos e atrapalham o desempenho, o que proporciona mais frio e sofrimento durante as várias sessões de treinamentos diários. Resumindo, o canoísta sente um frio tremendo, que dói e provoca arrepios somente em ser imaginado. O rosto e as mãos são as partes do corpo mais castigadas pelas intempéries climáticas.

Como resolver essa situação para continuar treinando e se preparar de forma adequada a conseguir o alto rendimento desportivo necessário nas competições internacionais? A solução é procurar países quentes, de clima tropical ou subtropical que ofereçam condições mais adequadas para os treinos e onde se encontrem hospitalidade, tranqüilidade e muita água para remar.

Intercâmbio – Essa foi a maneira adotada por dois atletas europeus que estão treinando no Brasil junto comigo e a Seleção Brasileira de Canoagem de Velocidade. O húngaro Kristián Szigeti (medalha de bronze em 2004 e prata em 2005 no Campeonato Mundial de Canoagem de Maratona), chegou ao Brasil há duas semanas e já está se sentindo como se estivesse em casa.

Ele não demorou muito para se adaptar ao clima muito úmido e ao sol escaldante dos trópicos brasileiros. Do contato diário com os demais atletas do time brasileiro já surgem brincadeiras e algumas palavras em português, língua que ele prometeu aprender mais. Kristián vai permanecer treinando conosco em São Bernardo do Campo até o final de março, quando retorna para seu país de origem.

O outro estrangeiro treinando em águas brasileiras é o austríaco Günther Briedl, velocista da seleção nacional austríaca e detentor de títulos internacionais. Veterano quando o assunto é treinar no Brasil, ele já esteve por duas vezes treinando com a gente, em 2003 e 2005.

Mais acostumado ao intercâmbio com os brasileiros, Günther já arrisca algumas frases em português, afirma gostar muito de arroz com feijão e não dispensa nunca um guaraná bem gelado.

Mais acostumado com o forte sol brasileiro e ciente do que ele é capaz (já teve insolação na primeira visita), Günther se previne utilizando protetor solar em abundância. Já Kristián, não teve o mesmo cuidado. Mesmo alertado, no primeiro dia de sol forte ele mais parecia um camarão depois do treino. Agora, um pouco mais bronzeado, aderiu aos cuidados do amigo austríaco.

Prazo curto – Günther vai ficar treinando apenas quatro semanas conosco e, no início de março, retorna para a Europa. Mas já avisou que em 2008 estará de volta para fazer outro estágio em São Bernardo do Campo pensando nos Jogos Olímpicos em Pequin, na China.

Os dois atletas estão fazendo o mesmo programa de treinamentos que fazemos na seleção brasileira, comandada pelos treinadores Akos Angyal e Pedro Senna. Com certeza eles sentirão saudades do nosso clima e dos amigos que deixaram nas terras quentes dos trópicos quando o inverno europeu voltar.

Atualmente estamos nos preparando para os Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro em julho, para as provas da Copa do Mundo em agosto e o Campeonato Mundial em setembro.

Este texto foi escrito por: Sebastián Cuattrin

Last modified: fevereiro 21, 2007

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