Largada na África em 1990 moto e piloto ainda estavam limpos comenta Azevedo (foto: Arquivo Pessoal/ André Azevedo)
O piloto de caminhão André Azevedo escreve um pouco de sua história e trajetória no Dakar na primeira coluna para o Webventure. Em breve, veja neste espaço histórias, curiosidades e dicas sobre o maior rali do mundo e as competições do Cross-country nacional.
É com muita satisfação que preparo este meu primeiro artigo para o Webventure escrevendo um pouco sobre as minhas aventuras nestes 20 anos de Dakar. Na verdade, minha trajetória como piloto começou em 1976 quando competia em Motocross. E posso afirmar que naquela época nem passava pela minha cabeça chegar tão longe assim.
Sou formado em Engenharia Civil e já exercia a profissão em São José dos Campos, interior de São Paulo, minha cidade natal e onde moro até hoje. Nas horas vagas, pegava minha moto e fazia trilhas com amigos e familiares. O gosto pelo off road foi crescendo e de vez em quando participava de algumas competições.
Em 1987, empolgado com a vitória no Enduro das Montanhas decidi fazer o Rally Dakar, a maior e mais perigosa competição do mundo. Contava com outro maluco, o piloto Klever Kolberg, que também sonhava em se arriscar pelas areias do Deserto do Saara.
Pioneirismo – Mas para explicar toda essa loucura na qual nos submetemos, é preciso deixar claro que no final dos anos 80 não havia internet e nem sequer informações da prova como se tem hoje. Além disso, não tínhamos muitos patrocinadores que pudessem bancar a nossa aventura. Muitos amigos só nos levaram a sério no dia em que embarcamos para a Europa.
As motos só nos foram apresentadas poucos dias antes da largada para o Dakar. Ou seja, não havíamos treinado com elas e, portanto, não estávamos 100% preparados para o desafio.
Nossa primeira participação foi terrível, nenhum dos dois pilotos conseguiu terminar a prova. Mas nem por isso desistimos e passamos os meses seguintes atrás de mais patrocínios, treinos e tudo o que pudesse nos ser útil para a próxima edição do rali.
Finalmente, em 1990, consegui terminar a competição e entrar para a história do Dakar como o primeiro piloto sul-americano a completar a prova. E melhor, com o título de vice-campeão da categoria Motos até 600cc.
Hoje a Equipe Petrobras Lubrax compete em todas as categorias: Moto, Carro e Caminhão. O Jean Azevedo, meu irmão e atual piloto em duas rodas, já conquistou o quinto lugar na classificação geral, deixando para trás mais de 180 motos. Para se ter uma idéia do grau de dificuldade em participar de uma prova como essa, basta checar que das 136 motocicletas que largaram comigo em 1990, apenas 46 completaram todo o percurso.
Todos os obstáculos que tive que ultrapassar e os riscos que administrei me dão ainda mais forças para continuar a minha trajetória. Agora, temos que buscar a superação sempre e aproveitar a experiência adquirida em todos esses anos. Nada é fácil e já sabemos disso.
Este texto foi escrito por: André Azevedo
Last modified: abril 16, 2007