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Descendo por dentro de Alfama no Lisboa Downtown 2007

Redação Webventure/ Biking

Público ficou próximo em todos os momentos da descida (foto: Renato Mendes)
Público ficou próximo em todos os momentos da descida (foto: Renato Mendes)

Direto de Lisboa, Portugal – Downhillers por todos lados. Foi assim o Lisboa Downtown 2007, o evento de DH urbano que desde 2000 acontece em Lisboa com a participação dos maiores riders do mundo.

A prova deste ano realizou-se em junho, no tradicional bairro lisboeta de Alfama, teve como vencedor e pela sexta vez consecutiva o inglês Steve Peat, da equipe Santa Cruz Syndicate, com o tempo de 1min39s65. O segundo lugar ficou com o australiano Nathan Rennie, colega de equipe de Peat, com o tempo de 1min42s28, seguido pelo eslovaco Filip Polc da Gravity Group com a marca de 1min42s44.

A prova feminina teve uma francesa como vencedora, Sabrina Jonnier da equipe Iron Horse Mad Catz com o tempo de 1min54s96. O segundo lugar ficou com a australiana da equipe Orange, Tracey Hannah com 1min55s38, e o terceiro lugar com a inglesa Helen Gaskell da Halfords Bike Hut, tempo de 1min55s86.

Steave Peat diz que o mais complicado na prova foi o alto nível dos pilotos, e que não fez nenhuma alteração relevante em sua bike para descer Alfama. Após ter recebido sua coroa, um carro como prêmio e a taça de Campeão do Lisboa Downtown 2007, Peat tomou uma cerveja.

Quando questionado sobre a importância da prova, o australiano Rennie comentou que “a atmosfera e tantas pessoas assistindo, pessoas saindo para ver a prova de suas janelas, é uma competição única e difícil”. O aspecto mais complicado desta prova em sua opinião é o caminho muito estreito, pois ele é um piloto muito grande. Difícil para ele foi conseguir se encaixar em algumas sessões. Se por um lado o seu tamanho o prejudicou em alguns momentos, o seu peso o ajudou proporcionando maior velocidade.

Filip Polc e a equipe Gravity Group, deixaram a bike o mais leve possível para que ele pudesse aproveitar o máximo de sua pedalada, inclusive foi este o fator decisivo na corrida. Ele comentou sobre o que fará com o prêmio que recebeu, “Gosto de correr em países diferentes, sempre vou a algum lugar onde nunca estive, corro com downhillers locais. Gosto de fazer isso, gasto dinheiro com algumas viagens”.

Brasileiro em 25° – O único participante brasileiro da prova foi Nathaniel Giacomozzi, que terminou em 25º lugar, com o tempo de 1min50s73. No Lisboa Downtown 2006 participaram três brasileiros, sendo que a maior dificuldade dos atletas nacionais são os altos custos das viagens para a Europa. Nathaniel, que é patrocinado pela Federação Catarinense, chegou a Lisboa diretamente de uma outra etapa mundial que aconteceu dias antes na cidade espanhola de Vigo.

Problemas com a bike marcaram a última descida de Nathaniel, conforme relato do piloto. “Tive um problema com a bicicleta, o guia da corrente escapou, não tinha como pedalar ou a corrente escapava. Perdi uma reta inteira de pedal. Aconteceram várias vezes durante a última descida”. Ele apóia o DH Urbano, “O esporte está evoluindo, novas bikes e tecnologias surgindo, ainda com poucos pilotos especializados, e onde a maior prova é a Lisboa Downtown”.

Alfama é o bairro mais antigo da capital de Portugal, muito conhecida por suas Tascas (restaurantes tradicionais) onde se apresentam cantores de fado se comemoram as festas de Santo Antônio no mês Junho. As ruas de Alfama são únicas, basicamente constituídas por vielas estreitíssimas, becos, túneis escuros, longas e perigosas escadarias e obstáculos com desníveis abruptos no pavimento, cenário perfeito para a mais tradicional prova de DH urbano.

Outro fator que faz desta uma prova única é a proximidade dos riders com o público uma multidão diga-se de passagem. Eles passam a grandes velocidades, com os pneus no chão ou no ar, muito próximos do público, a centímetros de distância. Talvez seja esta proximidade com o público um dos comentários mais recorrentes ente os pilotos. A atmosfera de Alfama em dia de Lisboa Downtown é contagiante e também tensa, pois qualquer erro na saída de um salto ou uma curva errada, é hospital na certa.

A descida morro a baixo tem início no emblemático Castelo de São Jorge, um dos pontos mais altos da cidade e de onde se pode ver boa parte dela. Logo na primeira rua fora do Castelo, no Largo do Contador Mor, existe um salto, que eleva o competidor a três metros do chão e faz com aterrisse cinco metros à frente. A pedalada não pára, descem cada vez mais rápidos pelas ruas pavimentadas com paralelepípedos até chegarem as radicais escadinhas de Santa Luzia. Os pilotos que até agora não se deixaram influenciar por tantas igrejas que a cidade possui, algumas delas no próprio trajeto da prova, começam agora a rezar.

Vista dos primeiros degraus, as escadinhas são assustadoras. Após muitas seqüências de degraus que os pilotos descem pedalando, encontram mesmo ao meio das escadas uma rampa que os atira para o alto e onde não existem possibilidades de evitar mais degraus. Assim que a bike toca o chão repleto de degraus o ângulo de inclinação deve ser suficiente para uma curva sutil à direita, caso o piloto saia pela tangente, encontrará uma grade de ferro e muitas pessoas pela frente. Após vencer o mais difícil obstáculo da prova, seguem pedalando para as escadinhas de São Miguel, alguns nem percebem que ali existem escadas, saltam e caem nos últimos degraus antes do Arco do Rosário que os leva até o último salto próximo do Campo da Cebola.

Este texto foi escrito por: Renato Mendes

Last modified: junho 22, 2007

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