Equipes Gaúchas no Ecomotion/Pro 2007 (foto: Arquivo Pessoal)
A estréia em uma corrida de expedição é sempre tensa, mesmo tendo sido apoio e sabendo o perrengue que a equipe passa, sempre existem aquelas dúvidas sobre o quanto eu agüentarei, mesmo estando bem treinado.
A corrida foi maravilhosa, a largada que mudou de lugar e atrasou um pouco foi muito show, encarar 50 km de canoagem já de início da disputa mostrava o que seria da semana. Felizmente optamos por uma estratégia na Baía de Guanabara de ir pelo canal, passando ao lado dos navios e costeando a Ilha de Paquetá, e azimutando para um porto perto da entrada do rio.
A estratégia foi muito boa, pois não atolamos no mangue. Com a ajuda de um pescador que estava no meio do canal, escapamos das armadilhas de maré para peixes. Com essa tática fizemos bem o trecho de canoagem e chegamos ao lado de equipes muito fortes como, por exemplo, a Buff, que viria ser a campeã.
A partir de então fizemos um pedal muito lento, com muito empurra bike. Um local muito lindo, chegando ao primeiro AT. Nosso navegador fez um grande erro estratégico, resolveu que deveríamos dormir no AT antes de subir a Serra dos Órgãos, resolveu fazer isso pois não tinha visto que no meio do caminho tinha uma casa da montanha. A partir daí fomos para as posições que iríamos ficar até o restante da prova (29º-35º).
Desafiando a morte – Na subida da serra o sono abateu parte da equipe. Fomos direto para a casa de montanha e lá dormimos mais um pouco. Saímos um pouco antes do amanhecer e pegamos a parte de descida e azimutes durante o dia, local onde eu quase morri, escorregando após a primeira corda e caindo nos arbustos. Abaixo de mim só havia um precipício. O guia nos falou mais adiante que era o desfiladeiro da morte, então desafiei a morte e venci…
Nesse momento encostamos algumas equipes: Sentapua, Body Imports, do Paraná, e na Guaranis de SP, indo com eles até o próximo AT. Pegamos as bikes e pedalamos muito tempo com uma equipe conterrânea, a Papaventuras, e ficamos alternando a posição com eles.
Assim chegamos na cachoeira dos Frades, lugar que parece ser lindo, mas ficamos lá pagando nossas duas horas durante a noite e só pudemos ouvir o barulho que a cachoeira fazia.
A partir desse ponto fizemos nosso melhor trekking, onde havíamos planejado fazê-lo em seis horas e cumprimos em quatro horas e meia. Nosso apoio não estava lá e não poderíamos prosseguir, pois nos faltavam dois capacetes para mais um trekking e após a cavalgada. Não fizemos a cavalgada e ficamos lá aguardando duas horas e quarenta.
Subimos de caminhão e prosseguimos de trekking em uma velha estrada de asfalto até chegarmos ao nosso apoio. Tentamos fazer uma transição rápida, pegamos as bikes e fomos fazer os então programados 44 km. Mas um erro em algum downhill fez com que nosso navegador se perdesse e andamos mais 17 km no sentido contrário, totalizando uns erro total de cerca de 35 km.
Perdemos o contato com as equipes que estavam próximas a nós e nos agrupamos com os Tatus. Fizemos um bom trecho de bike juntos e depois nos encontramos no trekking que, para mim, foi o mais bonito, todo no Parque Estadual dos Três Picos.
Nesse trecho ganhamos algumas posições e, no final das trilhas, avistamos um cachoeira muito grande. No pé da montanha havia uma fazendinha, vontade de ficar por ali mesmo….
Reta final – Seguimos de trekking até o próximo PC. Com o apoio teríamos que pegar os remos para encarar um trecho de duck, que acabamos não fazendo, pois pegamos um corte de segurança
Seguimos mais sete quilômetros de trekking e depois mais nove, totalizando mais de 50 km sem paradas. Após essa perna chegamos ao nível do mar e ficamos lá parados por cerca de 4 horas, devido ao corte ocorrido do trecho especial. Foi a primeira vez que pegamos sol, já que passamos toda a competição embaixo de chuva
Seguimos de bike até Barra de São João onde faríamos nossa última etapa: canoagem no mar sob o sol. A chegada foi emocionante, escutando aquela musiquinha e chegando na Praia dos Ossos na 29ª posição.
Completei o meu primeiro Ecomotion/Pro… Agora é partir para competir sério com as equipes estrangeiras.
Este texto foi escrito por: Miguel Sosnowski Rampazzo (Equipe Família Extrema)
Last modified: novembro 9, 2007