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Análise: Esporte perde e terrorismo ganha força com cancelamento do Dakar

Redação Webventure/ Offroad

O cancelamento da trigésima edição do Rally Dakar é um alerta que ultrapassa a questão esportiva. Significa uma vitória bilionária para o terrorismo. Nas 29 edições anteriores, cancelamento de etapas, desvios e mesmo atentados foram freqüentes, mas nada disso impediu que a prova chegasse em Dacar. (mais sobre atentados no Dakar)

A prova que celebraria 30 anos do maior rali do mundo foi preparada com oito dias na Mauritânia, país considerado o mais difícil para pilotos e navegadores. O intuito era fazer um percurso para entrar na história. Agora, o que ficará para os registros será apenas o cancelamento e a frustração de todos os competidores e amantes do off-road.

Semanas atrás o Dakar anunciava que 80% dos competidores inscritos eram amadores. Pessoas que têm na prova o maior desafio de suas vidas. Aqui no Brasil é comum ouvir os participantes do Rally dos Sertões afirmarem que, para eles, a virada de ano acontece após a o término da competição. Para os amadores inscritos no Dakar não é diferente.

Campanhas como a da equipe brasileira Petrobras/Lubrax, que investiu dois milhões de Reais para preparação dos carros, contratação de suporte mecânico, viagem, divulgação, entre outros, simplesmente terminam. O valor da inscrição será devolvido, em fevereiro, mas é a menor parcela desse montante. Sem contar os patrocinadores da prova, que investiram cotas bilionárias para a realização do Dakar.

A maioria acatou a decisão da organização e concorda com o cancelamento que coloca segurança em primeiro lugar, mas a frustração é inevitável.

“O Dakar é um símbolo e nada pode destruir os símbolos”, foi a frase que concluiu o comunicado oficial da organização sobre o cancelamento. De fato, o Dakar não perde crédito por causa do cancelamento, mas inevitavelmente perde força. Várias questões serão levantadas agora, principalmente se ainda vale a pena fazer uma prova na África. O Dakar sem a África simplesmente não existe, e a A.S.O. terá o desafio de fazer um roteiro 100% seguro em 2009 para manter o símbolo vivo por mais três décadas.

Ao fim de tudo isso, o Brasil poderá ser beneficiado com a desconfiança no Dakar. Pilotos estrangeiros que já competiram no Rally dos Sertões afirmam que no Brasil é possível fazer uma prova longa e desafiadora, nos moldes do Dakar, dentro de apenas um país e com segurança. A questão ainda fica na distância, o Sertões tem na média cinco mil quilômetros e o Dakar 2008 estava programado para ter 9.273 km.

O Rali perdeu, a economia local perdeu em muitos vilarejos africanos o Dakar é a única movimentação diferente no ano inteiro e atrai diversos turistas europeus , o mercado de automobilismo em geral perdeu e, muito além disso, o terrorismo deu um passo importantíssimo na política internacional, cancelando um evento esportivo desse porte pela primeira vez na história.


Daniel Costa é Gerente de Produtos do Webventure e cobre competições de off-road desde 2003.

Este texto foi escrito por: Daniel Costa

Last modified: janeiro 4, 2008

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