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Prêmio Piolet dOr suspenso em 2008

Redação Webventure/ Montanhismo

Marko Prezelj (esq.) e Boris Lorencic da Eslovênia recebendo o piolet em 2007 (foto: Giulio Malfer / Planetmountain.com)
Marko Prezelj (esq.) e Boris Lorencic da Eslovênia recebendo o piolet em 2007 (foto: Giulio Malfer / Planetmountain.com)

Os organizadores do prêmio Piolet dOr, a premiação mais tradicional do montanhismo moderno, cancelaram os planos para a cerimônia de 2008, que seria realizada em 15 de fevereiro no Vale d’Aosta, Italia, por falta de tempo em organizar uma premiação com novos critérios.

O Piolet dOr, lançado em 1991 e organizado pela revista francesa Montagnes e pelo Groupe de Haute Montagne, uma espécie de clube alpino composto por escaladores franceses de ponta, tem passado por momentos difíceis nos últimos anos. Diversos indicados, muitos deles nomes bastante conhecidos no cenário atual, decidiram não participar do processo de premiação, opondo-se à idéia de escolher a “melhor” escalada do ano, quando existem motivações e objetivos tão diversos e pessoais no montanhismo. Um dos premiados do ano passado, Marko Prezelj da Eslovênia, se opos ao prêmio durante a própria cerimônia, e depois escreveu artigos amplamente divulgados explicando por que, segundo ele, premiações como estas são incompatíveis com o espírito do montanhismo (ver artigo publicado no Webventure:
http://www.zone.com.br/index.php?destino_comum=noticia_mostra&id_noticias=19060&status=PubliAdmin). O Piolet dOr foi ainda mais desacreditado quando revelou-se que um dos times indicados ao prêmio no ano passado teria mentido acerca do estilo empregado e até mesmo do sucesso da escalada.

Determinado a resolver todas essas questões, no ano passado Philippe Descamps da revista Montagnes liderou uma pesquisa internacional em busca de opiniões de como melhorar a premiação. Essa busca resultou em diversas mudanças nos critérios e metodologia na escolha dos indicados, incluindo a rejeição de ascensões com abordagem antiquada estilo expedição (que no passado foram premiadas), dando preferência ao comprometimento do estilo alpino. Os organizadores divulgaram um novo texto com esse novo perfil (ver próxima página), e o Groupe de Haute Montagne, que havia se retirado da última premiação, anunciou em dezembro passado que voltaria a participar.

Mas tudo isso veio tarde demais para que houvesse tempo de preparar a cerimônia para fevereiro, e em cima disso, vários críticos ainda acham que embora o novo perfil do prêmio já represente uma grande melhora, ainda assim não resolve o problema fundamental das premiações alpinas. O recebedor do prêmio agora é chamado pelos organizadores um “embaixador” do montanhismo, no lugar de um “vencedor”, mas ainda assim no final uma escalada e um time é selecionado sobre todos os outros, refletindo a necessidade da mídia e do público em geral, que precisam de um “vencedor” para dar sentido à cerimônia.

Quando anunciaram o cancelamento desse ano, os organizadores disseram: “Temos dedicado nossos esforços para que seja dada a essa celebração internacional de grande alpinismo o maior suporte possível. Os novos critérios tem tido boa aceitação e no futuro será possível melhorá-los ainda mais.”

Outras premiações continuam normalmente, como o Piolet dOr Asia e o Piolet dOr Rússia, que não são afiliados ao prêmio francês.

Fonte: Climbing.com

O Espírito do Piolet dOr – A missão do Piolet dOr é apresentar as grandes primeiras ascensões do ano ao maior público possível. Seu objetivo é reverenciar a necessidade de aventura e o senso de exploração, e prestar tributo à arte da escalada e aos cumes mais bonitos do planeta. É uma celebração ao excelente montanhismo.

O espírito do Piolet dOr tem como inspiração a rica história do montanhismo, que é toda voltada a ir onde nenhuma pessoa tenha estado antes, sem esquecer os aprendizados vindos dos grandes montanhistas do passado, e encarar o risco para melhor apreciar o valor da vida. É uma celebração pública do time encordado, de um espírito de companheirismo e solidariedade, destacando a beleza das realizações individuais e coletivas. Essa espírito envolve toda a comunidade montanhista.

No montanhismo moderno, a questão dos meios se sobrepõe à do objetivo. Montanhismo não é mais uma questão de se obter sucesso a qualquer custo utilizando meios artificiais (oxigênio suplementar, cordas fixas, porteadores, etc.). Se trata de imaginar novos itinerários, de realizar grandes ascensões com muito pouco equipamento e de aprender algo no processo. É uma questão de sabedoria e ousadia, de convicção e coragem.

Critérios de avaliação – As escaladas do ano serão avaliadas em termos de elegância do estilo, tendo o estilo alpino como referência e levando em conta as características de cada montanha. Não haverá nenhuma preferência nacionalista. Cada ascensão será avaliada utilizando os mesmos critérios avaliações individuais serão seguidas por uma avaliação coletiva.

– Espírito de exploração originalidade do itinerário e/ou do cume, criatividade, inovação;
– Comprometimento e autonomia;
– Elevado nível técnico;
– Inteligência do itinerário, levando em conta os perigos objetivos;
– Economia dos meios;
– Respeito às comunidades;
– Respeito ao meio ambiente;
– Respeito às futuras gerações de montanhistas, assegurando que possam reviver as mesmas aventuras nas mesmas condições.

Seleção das escaladas do ano – A missão do júri internacional é dar valor às escaladas do ano destacando a força e contribuição de cada uma delas dentro da diversidade do montanhismo moderno. Em dezembro, o júri internacional irá designar as escaladas que participarão da cerimônia de premiação. Deve-se chegar a essa pré-seleção por consenso. Caso não se chegue a um acordo, os votos podem ser organizados dentro de cada grupo. Um grupo é composto por montanhistas, o outro por jornalistas. Cada grupo dá o seu voto. No caso de empate, o presidente do júri, que será sempre um montanhista de grande experiência, terá a palavra final.

O júri deve ser representativo das diversas culturas do montanhismo de alto nível. Sua composição e escolha de seu presidente são de responsabilidade do Groupe de Haute Montagne e da revista Montagnes. O GHM escolhe os membros do grupo de montanhistas e a revista Montagnes é responsável pela seleção dos jornalistas especializados.

Antes da cerimônia, cada time irá apresentar sua escalada ao júri com uma descrição detalhada dos meios empregados, dando suporte a sua apresentação com o maior número de documentos possíveis (fotos, testemunhos, filmes). Ao final dessa primeira apresentação, se o júri considerar que uma escalada não é condizente com o espírito do Piolet dOr, o mesmo poderá decidir excluir o time da cerimônia.

As normas, valores e procedimentos aqui expostos, constituem as premisas sobre as quais os montanhistas e membros do júri podem embasar suas apreciações. Participação no Piolet dOr significa estar de acordo com essas condições e estar desvinculado de qualquer motivação pessoal, comercial, nacionalista ou política.

Piolet dOr – Todas as ascensões selecionadas serão honradas. Com o Piolet dOr, a tarefa do júri é identificar qual delas melhor exemplifica os valores do montanhismo moderno, sem classificação. É apenas uma questão de designar todo ano um embaixador do montanhismo moderno. A escolha deve ser feita por consenso. Somente se necessário, uma votação será organizada.

Os escaladores participam do processo de selecionar qual time merece um reconhecimento especial. Cada time pode votar no que considera a escalada mais impressionante, escolhendo assim o porta voz do montanhismo para o próximo ano. Não é permitido votar no próprio time. O grupo de indicados tem um voto, assim como os outros dois grupos (montanhistas e jornalistas). O presidente do júri tem a palavra final.

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: janeiro 24, 2008

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