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Minha Aventura: Volta à Ilha Grande de Caiaque

Redação Webventure/ Rafting e canoagem

Jan snorkelando e curtindo a paisagem (foto: Arquivo Pessoal)
Jan snorkelando e curtindo a paisagem (foto: Arquivo Pessoal)

Começou com uma brincadeira. Feriado prolongado em 12 de outubro de 2006. Alugamos uma casa em Araçatiba, Ilha Grande. Em um dos dias, remando caiaques alugados, Marcus teve a idéia de circundarmos a ilha a remo. Eu (mineiro), Anderson e Jan topamos. Teríamos que comprar caiaques adequados e treinar já que nunca havíamos remado antes na vida.

A PREPARAÇÃO

Logo na semana seguinte o Marcus encontrou um caiaque anunciado, mas ao ligar para o vendedor ele já o havia vendido. Na insistência do Marcus, o vendedor disse que conhecia o fabricante e que poderíamos comprar diretamente dele os caiaques.

Após ligeira negociação, conseguimos que ele nos fizesse os 4 caiaques por um preço bem acessível e com os compartimentos estanque, tão importantes para guardar as bagagens a seco dentro do caiaque.

Tão logo os 2 primeiros caiaques ficaram prontos, partimos para os treinos na Praia Vermelha (Urca-RJ).

Pesquisando na internet sobre caiaques e expedições de Volta na Ilha Grande, encontrei o João Noritomi, que já havia circundado a Ilha Grande também de caiaque. Ele foi desde o início muito solícito e marcamos na Praia Vermelha um treino inicial onde ele nos daria dicas, técnicas de remada e afins.

Nosso primeiro contato agora com caiaques oceânicos + água foi uma piada de mal gosto. Com apenas 30 segundos que háviamos partido para a água já havíamos tomado um caldo cada. Ficamos ali sentados, olhando para o caiaque e a frustrada tentativa. Marcus foi persistente, pegou o caiaque e voltou para a água sozinho, dizendo que só sairia depois de conseguir remar no mini-mares.

A persistência dele valeu, e como ele conseguiu, eu também resolvi tentar de novo. Com a ajuda dele e de um outro canoísta que apareceu por lá, eu também consegui remar.

Não viramos, mas não nos afastamos mais que 100 metros da praia. Um início tímido para quem queria remar mais de 100 quilômetros, sobretudo no mar bravio do lado oceânico da Ilha Grande.
Enquantos os outros caiaques eram feitos na fábrica do Valneli, nós trocávamos idéias com o pessoal do Clube Carioca de Canoagem que nos incentivava a todo momento

A primeira semana de dezembro foi quando finalmente tivemos os 4 caiaques prontos. Agora só nos restava o treinamento nos finais de semana, dentro dos 2 meses que antecediam a aventura. Continuamos remando com o pessoal do Clube Carioca de Canoagem, e com eles aprendemos técnicas de remadas, desembarque em locais que não propriamente praia, observar tábuas de maré e ventos, até que nos sentimos prontos.

Após um estudo de datas, decidimos que a melhor época para inciar a aventura seria no dia 2 de fevereiro, um sábado. Seria o primeiro dia de lua cheia e num período combinando férias de faculdade (Marcus e Anderson) com folgas conseguidas por Jan e eu (Mineiro).

Pesquisamos horários de barca de travessia para a Ilha Grande, e acertamos que pegaríamos a barca das 22h de sexta-feira, dia 1º em Mangaratiba, com destino à Abraão. Seria este o nosso ponto de partida.

As previsões de tempo não podiam ser melhores. Iniciaríamos a volta no sábado, e até terça feira (último dia que a previsão alcançava), as ondas eram inferiores a 1 metro, e não havia nenhum sudoeste entrando na Baía da Ilha Grande. Navegaríamos em águas tranquilas por toda a parte do mar aberto.

Alvorada às 6h30, arrumamos os caiaques e partimos atrasados às 10h30. Dia bem tranquilo, sol a pino, mar calmo, remamos por 12 quilômetros ininterruptos até pararmos pouco antes do farol de Castelhanos. Descansamos, fizemos um rápido lanche e partimos em direção ao mar aberto.

Após adaptarmos às novas condições, seguimos remando para a ponta esquerda da maravilhosa praia de Lopes Mendes (direita vindo do mar). Almoçamos, passamos o dia ali e a tardinha partimos para outra praia muito bonita: Santo Antônio.

Desembarque emocionante nas ondas, muitas fotos, avistamos algumas tartarugas e ficou nisso. Dormimos por lá ao relento, lona no chão, os sacos de dormir por cima e mais nada. Tivemos ainda a lua cheia que foi um belo incomodo. O primeiro dia da expedição terminou com um saldo muito positivo. Estávamos bem dispostos.

Saímos cedo, paramos em Caxadaço que é uma praia linda e minúscula formando uma piscina natural, protegida por uma pedra enorme que barra as ondas. “Snorkelamos” e partimos rumo ao costão de 12 quilômetros entre Dois Rios e Parnaioca.

O costão demandaria certo esforço pois não seria possível um desembarque. Cruzando o costão paramos para nos refrescar e o Anderson não amarrou bem o seu remo. Após constatarmos a perda de tal peça, rolou um stress, mas logo passamos ao lado prático.

Tivemos que rebocá-lo por uns bons quilômetros. Faltando 3 quilômetros para Parnaioca, uma lancha nos socorreu e levou o Anderson junto com seu caiaque até a praia destino onde chegamos pouco depois.

Parnaioca merece destaque pela cor da água azul cristalina e pelo grande rio que proporciona ótimos banhos de água doce. “Snorkelamos”, fizemos fotos subaquáticas, aproveitamos também o rio e dormimos dessa vez em barraca.

Dia bem light; Anderson conseguiu um remo de canoa com Sr. Sílvio, o “chefe de Parnaioca”, e agora deve a devolução.

Marcus e eu tentamos desembarque nas praias do Sul e Leste para subir às lagoas, mas as condições do mar não ajudaram, aí seguimos com Jan e Anderson para Aventureiro.

Desembarque tranquilo, praia maravilhosa, tiramos foto no tradicional coqueiro, “snorkelamos” e curtimos o dia deitados em redes, aproveitando a infra do lugar.

Após constatar que esqueceu a saia na lancha de resgate e conseguir por sorte um novo remo de caiaque, Anderson e todos nós tivemos problemas no embarque de manhã.

As ondas em Aventureiro, apesar de não muito grandes, eram o bastante pra encher de água os caiaques. Elas batiam uma atrás da outra com intervalo de tempo bem pequeno.

Levamos uns 40 minutos pra embarcar e tirar a água dos caiaques. O mar estava mais agitado que nos outros dias, mas as pontas do Drago e Meros foram cumpridas sem problemas.

Paramos na Praia dos Meros, “snorkelamos” e partimos para a gruta do Acaiá, onde curtimos o visual. Fechamos o dia em uma pousada na praia de Araçatiba.

Esse foi o dia mais longo de toda a expedição. Foi o dia que mais mergulhamos, pois não tínhamos hora para chegar em Abraão. Remamos num bom rítmo, curtindo todos os visuais.

“Snorkelamos” na Lagoa Verde, Sítio Forte e Lagoa Azul. Mar liso como piscina. A partir daí remaríamos direto até o final.

Passamos pela entrada do Saco do Céu, e pegamos uma leve chuva que nos proporcionou um belo arco-íris na chegada em Abraão. Nossa aventura terminou perfeitamente bem e foi uma experiência fantástica.

Este texto foi escrito por: Gustavo Andrade de Azeredo Coutinho

Last modified: abril 16, 2008

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