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Exclusivo: Entrevista com Bouwe Bekking, comandante da equipe Telefônica para a Volvo Ocean Race

Redação Webventure/ Vela

Os dois barcos são iguais  de acordo com o comandante (foto: Maria Muiña/ Equipe Telefônica)
Os dois barcos são iguais de acordo com o comandante (foto: Maria Muiña/ Equipe Telefônica)

Velejar até perder as terras de vista e ter somente muita água como margem de quilômetros e mais quilômetros ao seu redor. Essa é uma das paixões que move o holandês Bouwe Bekking em sua sexta participação na Volvo Ocean Race, comandando as equipes da Telefônica, nos barcos Azul e Preto.

Mas para quem pensa que fazer cinco voltas ao mundo em um barco a vela significa apenas ter muita experiência, engana-se. Cada regata tem dezenas de milhares de quilômetros e dura em torno de nove meses. É preciso coragem, preparo físico e principalmente mental para conseguir suportar os desafios da prova, que agora acontece a cada biênio. Apenas experiência não basta.

E a edição 2008/09 da Volvo Ocean Race irá bater recorde de quilometragem. Serão 37mil milhas náuticas, cerca de 69 mil quilômetros. Uma volta ao mundo pela linha do Equador tem 40.070 quilômetros.

Além de todos os riscos que a regata oferece aos velejadores, Bouwe Bekking passou por um dos momentos mais críticos da história do evento. Na edição de 2005/06, o barco espanhol que ele comandava, o Movistar, naufragou no Atlântico Norte. A tripulação foi salva pelo ABN Amro 2, que na ocasião contabilizava a perda do holandês Hans Horrovoets, morto em um acidente dias antes.

Anos ao Mar – Perto de completar cinco anos de sua vida a bordo de barcos em disputa da Volvo Ocean Race, Bouwe Bekking falou com exclusividade com o Webventure e contou detalhes da preparação da equipe Telefônica, que já está em Alicante, na Espanha, de onde partirá a flotilha para o mundo, em 11 de outubro. Antes disso, no dia 4 do mesmo mês, os barcos farão a regata in-port na cidade. A VOR terminará em julho de 2009, em São Petesburgo, na Rússia.

“Depois dessas cinco participações e indo para a sexta, a experiência mais importante que eu trago é a de formação de equipe”, disse Bekking. E o comandante não teme o passado do Movistar nesta edição. “Eu trato disto como se tivesse dirigindo um novo carro. Você adquire um novo e não pensa no antigo. É meio ‘preto no branco’ mesmo, mas o barco é só uma parte do equipamento para mim. As pessoas, minha tripulação e minha família, são os mais importantes na minha mente”, confessou o comandante.

Sobre os anos que já passou no mar, tanto nas cinco edições da VOR que fez a bordo dos barcos Phillips Innovator, Winston, Merit Cup, AMER Sports One e Movistar, quanto em outras regatas, como quando alcançou cinco pódios mundiais e europeus, três medalhas de ouro na Sardenha Rolex Cup e também na Admiral´s Cup, em 1999, Bouwe revela que o atrai se sentir como parte da natureza e fazer fantásticas velejadas mares afora.

A equipe espanhola da Telefônica irá à Volvo Ocean Race com dois barcos idênticos, segundo o comandante do time, Bouwe Bekking. Tanto o Azul quanto o Preto têm as mesmas características. “A única diferença é que eles têm diferentes fornecedores de material”, revela.

Bekking ainda não prevê vantagem de seus barcos sobre os adversários, pois ainda não fizeram nenhuma regata juntos, mas para ele as embarcações espanholas têm o melhor design do convés e uma cabine muito grande, que poderiam ser comparados ao Movistar ou ao barco Brasil 1, que representou as cores verde e amarela na edição de 2005/06.

A Volvo Ocean Race levará os oito barcos para os quatro cantos do mundo, e como seu slogan diz, os participantes viverão a vida ao extremo. Serão mares diferentes, climas quentes e frios, terras desconhecidas, e para enfrentar tudo isso e saber o que pode-se encontrar pelos caminhos das 37 mil milhas náuticas, Bouwe Bekking não prevê uma receita absoluta, somente uma preparação por parte dos velejadores.

“A parte mais importante é a mental. Os velejadores que já fizeram a VOR sabem o que podem encontrar. Os que aqui estão pela primeira vez descobrirão muito rápido e saberão se era o que eles esperavam”, afirma. Para lidar com as adversidades climáticas, Bekking prepara sua equipe somente com as roupas adequadas.

Outra preparação necessária são as milhas qualificatórias, que a organização da Volvo exige de todos os barcos. São duas mil milhas feitas com o barco que correrá as outras 37 mil milhas nos nove meses de regata. Mas as equipes Azul e Preta da Telefônica foram além e treinaram também com o Brasil 1, comprado por eles para os treinos de adaptação nos barcos Volvo Open 70, o VO70, o modelo padronizado da competição. “Temos muitos meses de navegação no VO70”, declarou.

E para o experiente comandante rumo a sua sexta participação na maior regata de volta ao mundo do planeta, o fator decisivo da vitória está no protagonista de toda esse grande desafio imposto. “Primeiro tem de ter um barco rápido, mas muito próximo disso segue a necessidade de se ter uma grande equipe”, finaliza Bouwe Bekking ao Webventure.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi

Last modified: setembro 15, 2008

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