Da selva amazônica para o Dakar (foto: André Chaco/ www.webventure.com.br)
João Tagino nasceu no coração da Floresta Amazônica, em Seringal Rio Novo, Rondônia. Seu começo nas trilhas de moto foi em 2001, em sua região. De lá para cá são diversos títulos em provas pequenas e grandes, como em sua estréia em 2004 no Rally Bolpebra, que passa pela Bolívia, Peru e Brasil e que depois virou o Campeonato Latino Americano de Rali. Tagino foi tricampeão da prova e já estava ao lado de ídolos como Jean Azevedo, Rodolpho Mattheis, Dimas Mattos e Zé Hélio.
Tive destaque nessa prova porque já conhecia o terreno e inclusive ganhei deles, conta orgulhoso com seu sotaque carregado do norte do país. A corrida teve quatro dias de competição e eu ganhei um dia, fui campeão na geral com o Jean Azevedo na segunda posição, e ele venceu os outros três dias, completou falando de um dos maiores pilotos de moto off-road do país.
Empresário e dono de uma adega de vinhos, Tagino se considera piloto amador, mas já tem duas participações no Rally dos Sertões além de ter competido em importantes provas como o Rally Rota Maranhão, etapa do Campeonato Brasileiro. Preparando-se para a mais importante disputa de sua carreira, ele se diz calmo e tranqüilo para embarcar para Argentina e Chile sob duas rodas n7um percurso que soma quase 10.000 quilômetros do Rally Dakar. Estou cuidando muito bem da parte física, porque os trechos são muito longos, mas a ansiedade é em estar dentro deste grande circo que é o Dakar, conta ele, que faz há seis meses faz um trabalho de exercícios de segunda a sexta, por três horas por dia.
Correndo na categoria Super Production, ele traça sua estratégia para o rali. No dia em que estará em Valparaíso, no Chile, ele fará a troca do motor da sua moto, permitido pelo regulamento da categoria. Vou colocar um motor zerado no 8º dia de prova, que será meu dia de descanso. Vou me antecipar ao problema, contou.
Fazendo outras previsões, João Tagino pondera que a disputa será muito equilibrada nas motos. Os 30 primeiros colocados estarão quase sempre juntos. A não ser a equipe KTM, que terá seus cinco pilotos permanentemente na ponta, na minha opinião. E o piloto que pode aparecer e ter destaque durante a disputa é o Chaleco Lopes, porque ele é da região. Ele tem essa tendência de surpreender, porque ele conhece muito as dunas da região, avaliou.
Mas Tagino não deixa a brasilidade de lado e aposta em um nome já muito conhecido de brasileiros e estrangeiros nos ralis. O ZéHélio conhece muito bem a região também. E mesmo com uma moto igual a minha, uma Honda 450cc, ele pode surpreender graças ao talento dele. Para mim ele estará entre os cinco primeiros e quem sabe até na primeira colocação, aposta.
Evolução na competição – João Tagino já alcançou a quarta colocação em sua categoria no Rally dos Sertões, mas sua experiência com o terreno que encontrará no Dakar não é a mais vasta.
Já andei em dunas menores, as dunitas, no Maranhão, mas são muito pequenas comparadas às que vamos encontrar. Então tentarei evoluir dentro da competição, aprendendo aos poucos. Esse é meu objetivo: não tentar nenhum ataque, não ser agressivo e ser bem tranqüilo, contou ele, que tem como objetivo principal terminar a prova sem sofrer muitas penalizações, o que o deixará em posições melhores.
Acostumado com o clima da Amazônia, de terra batida e sempre úmida, já que é uma das regiões que mais chove no mundo, João Tagino irá se deparar com terrenos nada comuns a ele no Rally Dakar. Esse terreno de rios secos e dunas altas eu não conheço, então essa será a minha dificuldade em estar lá, contou tranquilamente o piloto.
Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi
Last modified: dezembro 22, 2008