Apesar dos problemas Paulo Pichini segue confiante na disputa (foto: David Santos Jr/ www.webventure.com.br)
Hoje cheguei ao acampamento por volta das 9 horas da manhã, depois de uma noite de dúvidas e de um excelente exercício de fé.
Saímos ontem de San Rafael rumo a Mendonza, e encarávamos os tão temidos 60 km iniciais de dunas com sucesso, até que, há poucos quilômetros de sair das paredes de areia, problemas. O câmbio e a caixa de marcha do Pajero quebraram, e nos impediram de seguir em frente.
Foi um momento frustante! Tentamos de todas as formas possíveis, dentro da nossa realidade fazer algo, mas a quebra destes itens ia além da nossa capacidade de trazer soluções. Não havia alternativa além de esperar.
No começo eu estava otimista, pensava: não vai demorar tanto assim para o socorro chegar… vamos conseguir! Mas, a tarde passou, a noite chegou e nada.
Fiquei muito desapontado, achei que o rali tinha acabado para nós, mas eu sabia que precisava ter fé, pedi a Deus que me ajudasse a não me deixar abater, agradeci por estarmos bem fisicamente e por termos chegado até ali… e de alguma forma, eu sabia, conseguiríamos sair daquela situação!
O que eu não sabia é que enquanto eu me sentia assim, nossa equipe de apoio estava tendo problemas para ir onde estávamos porque nosso caminhão não conseguia chegar naquele local. Mas ao pararem num posto próximo daquele ponto e comentarem entre eles a dificuldade que nos cercava, alguns argentinos que ali estavam, prontamente se ofereceram para nos ajudar.
Ajuda hermana – De repente, eis que nos aparece uma picape com oito caras dentro, dos quais três eram da nossa equipe. Juntos eles fizeram uma verdadeira força tarefa, nos tiraram daquele buraco e nos rebocaram até o ponto onde nosso caminhão nos esperava.
De lá, fomos rebocados por mais 70 km pelo caminhão de apoio, com cinco metros de fita separando um do outro. A madrugada adentrava e com o sono chegando comecei a ver tudo que o cansaço extremo pode nos causar. Foi o jeito parar um pouco em um posto de combustível que encontramos, estávamos muito cansados, precisávamos molhar o rosto, tomar um café e tentar descolar um daqueles carros reboques com plataforma, para colocarmos o nosso carro em cima e conseguirmos chegar a tempo para a largada de hoje.
Inacreditavelmente, naquele posto tinha uma plataforma, e uma fila querendo locar a tal plataforma também.
Daí chego eu lá, de macacão, todo sujo e ao me verem lá, naquele estado e fazendo o impossível para voltar a prova, todos eles me cederam lugar na tal fila e em 15 minutos meu carro já estava a caminho de Mendoza.
Chegamos a tempo de fazer os reparos e poder largar para este sétimo dia de competição, graças ao carinho, amabilidade e ajuda total dos argentinos. Sem eles não largaríamos hoje e seriamos obrigados a abandonar este louco e maravilhoso sonho.
Recebi um verdadeiro milagre argentino! Vamos em frente, rumo a Valparaíso!
Que venham melhores histórias e vitórias diárias!
Até mais tarde!
Este texto foi escrito por: Paulo Pichini
Last modified: janeiro 9, 2009