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Dimas Mattos se recupera de acidente no Dakar e aposta em Zé Hélio

Redação Webventure/ Offroad

Mattos opina que queda ocasionou morte do francês (foto: David Santos Jr/ www.webventure.com.br)
Mattos opina que queda ocasionou morte do francês (foto: David Santos Jr/ www.webventure.com.br)

Duas participações no Rally Dakar, duas cirurgias e alguns pinos espalhados do ombro aos pés. Esse é o saldo de Dimas Mattos nas duas vezes que participou do maior rali do mundo. Na primeira vez, em 2007, na 12ª especial um acidente o tirou da prova africana e o levou para o centro cirúrgico para a colocação de pinos no ombro. Na segunda, em 2009, um tronco escondido na trilha o fez fraturar o tornozelo na 2ª especial da prova sul-americana. “Em 26 anos de pilotagem até que não tenho muitos pinos, não”, conta com bom humor. “Eu brinco que eu completei 95% da primeira prova e 5% desta última, então, já tenho um Dakar 100% completo”, disse ao Webventure, enquanto, “de molho” em casa, espera a cirurgia que irá colocar dois pinos na fratura, no próximo sábado, 17 de janeiro.

“Quando fui resgatado pelo helicóptero vi vários pilotos com as motos quebradas graças a vários troncos cortados que estavam escondidos no pasto, como o que me machucou. Eu bati a parte de dentro do pé no tronco, mas não caí. Segui por uns 20 quilômetros ainda e quando percebi que estava insuportável para seguir, chamei o socorro aéreo. O próprio Cyril Despres caiu porque não viu o tronco, mas nada aconteceu com ele. O Zé Hélio estava passando por lá na hora e parou para ajudá-lo”, contou Dimas.

A prova deverá continuar na América do Sul até 2011, mas Mattos irá pensar com calma na possibilidade de voltar a ela. “Tenho muita coisa para pensar. Não posso nem dizer que sim nem dizer que não. Quero deixar a poeira abaixar, fazer uma análise minha. O volume de acidentes na América do Sul aumentou com relação à prova africana, por vários fatores, então quero pensar nisso com a cabeça fria. Aqui está muito mais complicado do que lá (África)”, afirmou ele que conta que a meta é estar 100% pronto para o Rally dos Sertões 2009. “O Sertões é o limite do prazer na pilotagem. O Dakar é sacrifício. É puro desafio humano, a prova de moto ficou lá atrás”, opinou.

Dimas Mattos ressalta a declaração do piloto Carlo de Gavardo, que já competiu muitas vezes de moto e que em 2009 está na categoria carros do rali. “Eu ouvi uma declaração dele que o que ele viu, largando no fim da fila, foi um verdadeiro inferno. Muitos pilotos machucados, motos e carros destruídos, que parecia um local onde tinha acontecido uma guerra”, afirmou.

Mas mesmo com todos esses riscos, Dimas lamenta sua saída já que declarou estar muito mais bem preparado que em 2007, tanto física quanto tecnicamente. “Fiquei dois meses treinando nos Lençóis Maranhenses, estava com a moto muito boa, tinha tudo para completar o Dakar, com uma tocada segura no primeiro dia, em que terminei entre os 40 primeiros, mas infelizmente não é só isso que importa, tem que ter sorte. Não Possi dizer que não tive sorte, de repente ‘alguém lá em cima’ queria que eu parasse por ali por um motivo maior. Prefiro pensar assim”, declarou o piloto.

Confiança em Zé Hélio – Dimas Mattos nunca escondeu a confiança que tem no piloto Zé Hélio, 12º colocado na classificação geral. E ele crê em uma conquista do piloto nesta edição do Dakar.

“Andamos juntos há muito tempo, somos parceiros. E o Zé está numa fase excelente psicológica, técnica e fisicamente. Tenho muita confiança que ele chegará entre os dez primeiros. Já na briga pelo título na categoria, a 450, que ele está travando com o David Fratigne, está uma briga bonita. O Fretigne está com uma postura mais radical de pilotagem, com uma troca quase que diária de motor. Já com o Zé Hélio optamos por uma estratégia diferente, que é andar o máximo que der, poupando o equipamento. Por isso o francês tem vantagem sobre ele, mas tem mais riscos também”, explicou Dimas, que já considera como vitória a segunda colocação de Zé Hélio em sua categoria, o que o coloca como o estreante mais bem posicionado no ranking do Dakar 2009.

Experiente piloto, Dimas Mattos tem sua opinião do que pode ter acontecido com Pascal Terry, piloto de moto que foi encontrado morto na trilha da 2ª especial do Dakar após três dias desaparecido.

“Eu tenho uma teoria de que ele deve ter sofrido uma queda forte que ocasionou algum trauma interno, como uma hemorragia. Porque, pelo que me foi dito, ele estava embaixo de uma árvore, sem capacete e com comida aberta em volta do corpo. A partir disso penso que ele caiu forte e com dores, em vez de acionar o resgate, o que o desclassificaria da prova, ele pensou que descansando um pouco, poderia se recuperar e voltar para a prova. É duro você aceitar que precisa desistir”, opinou Dimas, completando que Pascal pode ter perdido a consciência aos poucos e por isso morreu apenas no dia seguinte, como relatou a polícia argentina. “Não foi um ataque do coração ocasional”.

Mas ele ressalta que o suspense também fica por conta da falta de socorro da organização da prova. Todos os competidores têm dois sistemas de rastreamento via satélite no equipamento, a Balize e o Iritrack, que mandam automaticamente o posicionamento dos pilotos para a organização da prova.

“Tem muita coisa estranha nessa história. Será que quebraram os dois sistemas de satélite também? E aquela história de que o irmão dele entrou no acampamento por isso acharam que era ele? Isso não faz o menor sentido porque o equipamento identifica o piloto pelo número e não pelo nome. Teria que ser uma coincidência muito grande ele cair e quebrar a Balize e o Iritrack ao mesmo tempo. Só se foi uma seqüência de infelicidades para chegar no resultado que aconteceu”, declarou ele contando que quando precisou de resgate, acionou o socorro pela sua moto e em dez minutos o helicóptero já havia chegado.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi

Last modified: janeiro 10, 2009

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