Espantando o gado para poder chegar (foto: Arquivo pessoal/ Raul Guastini)
Nosso local de mergulho fica na Represa de Chavantes (SP), com cerca de 60 mil hectares de área inundada, na confluência dos rios Itararé e Paranapanema, a uma altitude de 563m. A convite do instrutor Rodrigo Bastos Conceição, o Rodrigão, da loja Submarilia, fomos experimentar a sensação de explorar este novo local.
O rio Paranapanema banha a região sudoeste de São Paulo, fazendo divisa com o estado do Paraná. De águas claras, forma em seu percursos diversas cachoeiras e saltos. Sua nascente fica na serra de Paranapiacaba (SP), seguindo a oeste até desembocar no rio Paraná em Porto São José, entre as cidades de Rosana (SP) e Marilena (SP). Seu comprimento chega a 929 km, sendo navegável por mais de 80 km, da foz até a cachoeira do diabo.
O Paranapanema é dividido em três trechos: o Alto Paranapanema da sua nascente até o Rio Apiaí-Guaçu, o Médio Paranapanema, até Salto Grande e o Baixo Paranapanema, até sua foz. O declive entre a nascente e sua foz chega a 600 m de altitude e sua foz chega a ter mais de 500 m de largura.
No percurso ele abriga: dez usinas hidrelétricas, sendo considerado o único rio de grande porte não poluído de São Paulo.
O nome Paranapanema vem do tupi-guarani e significa: Paraná – rio caudaloso; e Panema – significa infeliz, azarado, ruim, improdutivo, estéril. Assim o termo Paranapanema significa rio azarado, sem peixe. Era conhecido assim pelos índios guaranis, devido ao grande número de quedas de água, dificultando a migração dos peixes.
Mergulho – Nosso mergulho será feito saindo da região dos municípios de Chavantes e Ribeirão Claro, onde a característica predominante são os ranchos terrenos e loteamentos na margem da represa. O turismo existe, mas ainda muito do se pode fazer na região não é conhecida. Este trabalho está sendo iniciado pelas prefeituras da região e empresários ligados ao ramo de hotelaria, atividades náuticas e esportes aventura e pesca; lembrando que a represa é administrada pela Duke Energy que mantém trabalhos de conservação, ajudando a manter e melhorar esta região conhecida por suas belezas naturais.
Como na grande maioria dos mergulhos de água doce, além de levar seu equipamento, dependendo do tempo e quantidade de mergulhos, você precisa levar uma estrutura de recarga (compressor), e manutenção (peças, ferramentas), estadia (barraca, alimentação) e deslocamento (barco); ou no local você pode encontrar boa parte desta logística necessária.
É o que a Submarilia que evitar, oferecendo ao mergulhador uma estrutura de equipamentos, recargas e estadias, como é feito em diversos locais no litoral, desta forma fica muito mais agradável, prático e principalmente leve; viajar sem a necessidade de equipamentos volumosos e pesados, cilindros, embarcação, recargas e estadia são encontradas na região. Com um contato anterior, todas as necessidades de seu mergulho podem ser sanadas e o importante, o acompanhamento de profissionais que conhecem o local do mergulho.
A chegada ao local é feita por pequenas estradas de asfalto e ou terra. Vale destacar a quantidade de gado na estrada, impedindo a passagem dos veículos; frequentemente é necessário sair do carro para espantá-los, é divertido, portanto vá devagar e o sentido de dupla no mergulho já começa por aí, um dirige e o outro espanta.
Conhecemos dois pontos para servir de base: um resort e um local com flats para alugar; ficamos nos flats desta vez. Barco pronto, duplas prontas, partimos para o ponto de preparação e descida na ilha do Bode. Lá a Submarilia mantém uma bóia e, no fundo, uma plataforma para o pouso em segurança. Equipamos fora do barco em um pequeno costão de pedras e pela superfície chegamos a bóia de descida.
Por causa da chuva no fim de semana, tivemos a visibilidade muito afetada, dava uns dois metros no máximo e muito sedimento em suspensão. Mantive a flutuação enquanto os outros mergulhadores ajoelhados na plataforma faziam alguns ajustes no equipamento. Realmente a plataforma ajuda muito aos menos experientes na flutuabilidade e permite o apoio, sem levantar a suspensão e sem ter aquela sensação de estar atolado na lama.
A navegação pode ser feita através de cabos já colocados formando dois circuitos um mais raso em média de até 9m de profundidade para os iniciantes e outro de maior distância e uma média de profundidade de 12m. Uma terceira linha sai para a parte mais funda, esta chega até os 25m, daí você continua o mergulho jampeando ou usando as técnicas de navegação por instrumentos.
Técnicas de mergulho – O fundo diferencia, começa com lodo, tem partes de pedras calcarias, rochas e depois, na parte mais profunda, volta a predominância do lodo. O mergulho exige bastante das técnicas de flutuação e batimentos de pernas, pois no lodo o menor contato ou movimento da água já levanta suspensão. Em contra partida não existem muitos troncos e árvores e os que sobraram não oferecem um grande perigo de enrosco, a temperatura no dia estava em 20°C no raso e no fundo beirava uns 17°C.
Em matéria de vida a represa oferece peixes como tucunarés, pintados, corimbas, pacus e outros e muitos caramujos. Em nosso mergulho fomos acompanhados por pequenos cardumes de campineiros.
Em Chavantes, pode-se fazer do mergulho recreativo até o técnico, como também nos intervalos conhecemos algumas cachoeiras próximas. Com o apoio de barco tudo fica mais perto e confortável. Um lugar que vale a pena conhecer.
História de Chavantes – Em 1887, atraídos pelo clima, terra e a beleza da região, João Ignácio da Costa Bezerra, João Francisco Machado e mais famílias, iniciaram a vila de Santana do Cachoeira, nas margens do riacho da cachoeira. Em 1909, surgiu o distrito de Irapé, que em outubro de 1917, recebeu o nome de Chavantes, sendo oficializado em 1923.
Hoje Chavantes possui uma área de 170 km², distante 370 km de São Paulo, chega-se pelas rodovias Raposo Tavares ou Castelo Branco.
História de Ribeirão Claro – No fim do século XIX, colonizadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, se instalaram nas margens do Itararé. Com o aumento da população foi pedido ao Presidente do estado do Paraná, Dr. Francisco Xavier da Silva, a doação de 100 alqueires para iniciar o povoado. Em virtude desta doação, o povoado cresceu com o plantio de café e, em abril de 1900, foi criada a Vila do Espírito Santo de Itararé. Na mesma época surgia um povoado chamado de Taquaral, próximo às margens de um rio de águas muito claras, que logo ficou conhecido por Ribeirão Claro.
Normalmente a Vila do Espírito Santo, sofria com focos de malária. Devido ao grande número de casos, a população se reuniu e decidiu mudar a sede da Vila para o povoado do Taquaral. Foi uma loucura com a construção de casas para todos e a mudança foi marcada para um dia. Uma grande caravana de carros de boi levou os pertences de todos. No dia 13 de maio de 1908 Taquaral passou a der chamado oficialmente de Ribeirão Claro.
Represa de Chavantes – Sua construção começou em 1959 e, em 1970, iniciou-se sua operação. O porte desta hidrelétrica impressiona: a barragem fica a 3 km abaixo da foz do rio Itararé, possui 4 turbinas tipo Francis, gerando um potência de 414 MW, armazenando cerca de 9,4 bilhões de metros cúbicos de água em uma área de 400 km², permitindo a regularização de boa parte da vazão média do rio, evitando enchentes e permitindo a irrigação de toda região ribeirinha.
Serviço
Submarilia
Rua Setembrino Cardoso Maciel, 267-B Fragata
Marilia – SP
(14) 3453-2914
(14) 8149-5431
www.submarilia.com
HDO
(11) 4616-5100
(11) 8233-1861
www.hdosp.com.br
Este texto foi escrito por: Raul Guastini Filho
Last modified: setembro 30, 2009