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Coluna do Deco: Dakar em 2010, o que pode acontecer…

Redação Webventure/ Offroad

Jean Azevedo compete com o mesmo carro dos anos anteriores (foto: Donizetti Castilho/ www.webventure.com.br)
Jean Azevedo compete com o mesmo carro dos anos anteriores (foto: Donizetti Castilho/ www.webventure.com.br)

Em menos de uma semana será dada a largada para a maior e mais difícil prova de rali do mundo. O Dakar começa no dia primeiro de janeiro em Buenos Aires, a capital Argentina e termina no dia 16 também por lá. Para esta largada em 2010, após a famigerada crise mundial, muita coisa mudou nos carros e equipes de competição, mas a prova com certeza vai ter a mesma emoção e as disputas acirradas que sempre caracterizam a competição.

A esquadra azul da VW é franca favorita a repetir o resultado deste ano. É a única equipe oficial de fábrica na competição, tem o maior orçamento entre todos os competidores da prova e talvez o melhor time de pilotos da atualidade. A dupla do carro 306, Nasser Al-Attiyah/ Timo Gottschalk é, na minha opinião, a franca favorita a prova. O piloto do Qatar já demonstrou na edição de 2009 que vai para a Argentina em busca da vitória. Este ano foi traído pela quebra de sua BMW X3 quando liderava a disputa e pelo “suicídio” de cortar o roteiro, que o levou a desclassificação. Agora, na melhor equipe da atualidade, tem tudo para conseguir enfim seu objetivo. Contra ele pesa o excesso de arrojo, que o fez perder o Silk Way Rally, prova do Dakar Series, que liderava com certa tranquilidade, deixando a vitória daquela prova para outra dupla da Volkswagen, Carlos Sainz/ Lucas Cruz, outra forte favorita a vitória. Se o qatari tiver aprendido a lição, dificilmente perde o rali, mas a falta de juízo pode ser o seu maior inimigo.

Os espanhóis do carro 303 tem a seu favor o currículo de Sainz, piloto bicampeão do WRC e já totalmente familiarizado ao Cross-country. Contra o espanhol pesa a falta de experiência na leitura das dunas, piso predominante da prova deste ano e a pressão de ter abandonado a prova quando liderava a competição. Contra ele pesa também a falta de paciência para lidar com situações adversas, o acidente de 2009, foi após um erro de navegação, quando a dupla tentava voltar ao roteiro certo da prova. O temperamento “difícil” do piloto espanhol pode pesar contra nos momentos de decisão.

No carro 300, Giniel De Villiers/ Dirk Von Zitzewitz campeões de 2009, são talvez a dupla da VW que menos pressão tem por um bom resultado. O piloto sul-africano sempre foi rápido e neste ano com um pouco de sorte conseguiu o resultado mais importante de sua carreira. Contra a dupla pesa o fato de sempre serem menos rápidos que seus companheiros de escuderia, nas provas em que correram nesta temporada, mas a constância e a sorte podem pesar a favor deles.

Mais duplas – Fechando o time azul, Mark Miller/ Pitchford Ralph (305) e os brasileiros Mauricio Neves/ Clecio Maestrelli (312) devem terminar a prova muito bem colocados, mas só brigam pela vitória em caso de problemas com alguma das três primeiras duplas da VW. Kris Nissen, o chefe da equipe, não prioriza nenhuma dupla no início da competição, mas com certeza não vai se arriscar a deixar a vitória escapar, liberando seus pilotos para brigarem entre eles. A partir da 9ª etapa – o dia de descanso em Copiapó -, na máximo duas duplas do time estarão na briga pela vitória, com os demais servindo de escudeiros para eles.

O outro time alemão, a BMW X-Raid, equipe semi-oficial de propriedade de um dos herdeiros da marca, contratou os pilotos da ex-equipe oficial da Mitsubishi, extinta devido a crise mundial. Luc Alphand infelizmente não estará presente na prova, pois se recupera de um grave acidente de moto que sofreu recentemente. No carro 301, Stephane Peterhansel/ Jean Paul Cottret são a principal dupla do time e a que tem maiores chances de vitória. Contra os franceses pesa a pouca experiência em terras Argentinas/ Chilenas. Peterhansel é, com certeza, o melhor piloto do mundo em dunas… mas as africanas, ninguém sabe “ler” o terreno de lá como ele e este foi com certeza o diferencial que o levou a seis vitórias nas motos e outras três sobre as quatro rodas. Mas o território sul-americano é bem diferente de lá e este diferencial não vai ter peso a favor do francês.

No carro 304, Nani Roma/ Michel Perin devem fazer uma boa prova, mas com chances remotas de vitória. Mesmo com vitórias em algumas provas do mundial de Cross-country, Roma não conseguiu mostrar nos carros o mesmo talento que tinha nas duas rodas, que o levou a duas vitórias no Dakar. Fato curioso foi a troca de navegadores entre os espanhóis, Perin era navegador de Sainz e Cruz era navegador de Roma. Cruz demonstra ser mais confiável.

Fechando o time alemão, Guerlain Chicherit/ Tina Thoerner (307) também devem ser somente coadjuvantes, mesmo sendo os atuais campeões do mundo de Cross-country FIA, pesa contra a dupla que nas provas do Campeonato, seus companheiros de equipe e a VW não estiveram presentes, o que impediu o piloto francês de medir forças com quem realmente interessava. Aliás, este ano em nenhuma prova tivemos o duelo BMW x VW, o que deixa em aberto a real força da BMW, a equipe pode tanto surpreender, com ser um fiasco. É pagar para ver.

Hummer, Nissan, Lancer – O Hummer 302 de Robby Gordon/ Andy Grider tem a seu favor o peso muito inferior ao dos carros 4×4. O regulamento permite aos carros 4×2, ter o peso menor, além de poder usar pneus maiores, que aumentam a superfície de contato e trazem grande vantagem na areia e nas dunas. O ponto fraco do carro é que ele é péssimo de curva e leva muita desvantagem em pisos rápidos e sinuosos. Gordon/ Grider foram 3o colocados na geral do Dakar deste ano, quase vencendo duas especiais no Atacama, mas tiverem resultados muito ruins em solo argentino, principalmente na região de Córdoba. A outra dupla da equipe Carlo De Gavardo/ Juan Pablo Rodriguez (326) briga por uma vitória em especial em território chileno, terra natal do piloto, mas a ânsia por este resultado histórico pode trair a dupla.

Fechando o time das grandes equipes aparece a Mitsubishi JMB Stradale, do piloto/ empresário francês Nicolas Misslin, que comprou todo “espólio” da Mitsubishi Rallyart, que abandonou as competições. A bordo do Racing Lancer, carro que foi mal na edição 2009, cinco duplas tentarão melhor sorte em 2010. A favor da equipe, a troca de motor: sai o diesel, que apresentava sérios problemas de alimentação e volta o motor a gasolina responsável por tornar o Pajero Evo, um carro quase imbatível nos últimos anos. No carro 314, o português Carlos Sousa é o principal nome do time. O piloto luso já teve resultados muito expressivos no Dakar, quando ainda andava na Mitsubishi Strakkar, depois disso passou pelo time oficial nipônico e andou com um Touareg semi-oficial em 2006/2007. Este ano correu a temporada do CPTT com o Lancer e, liderava o certame até ter que se afastar por causa de uma cirurgia de hérnia de disco.

As outras duplas do time têm contra eles a baixa quilometragem do carro (com o novo motor) e a falta de experiência deles na prova. Orlando Terranova/ Pascal Maimon (314), Nicolas Misslin/ Jean Michel Polato (318), Guilherme Spinelli/ Felipe Palmeiro (322) e Miguel Barbosa/ Miguel Ramalho (332) brigaram por bons resultados, mas só se o carro se mostrar confiável. Talento para isso as duplas tem de sobra.

Outras duplas que brigam por bons resultados são Krzysztof Holowczyc/ Jean-Marc Fortin (308) com a Nissan Overdrive (5º colocados em 2009), Miroslav Zapletal/ Tomas Ourednicek (309), com uma Mitsubishi Triton – 4 º em 2009 e Tonnie Van Deijne/ Wouter Rosegaar (317) que este ano faziam uma ótima prova com uma Triton até terem problemas na 13ª especial. Para 2010, os holandeses vêm com uma Pajero Evo, que era de Luc Alphand, carro muito rápido e confiável. Vale a pena também ficar de olho no carro 313 de Christian Lavieille/ Jean Paul Forthomme o Dessoude Nissan dos franceses fazia uma ótima prova até incendiar-se este ano.

O brasileiro Jean Azevedo (321) que estreia o novo navegador Emerson Cavassim, dificilmente conseguirá repetir os bons resultados do ano passado, pesa contra ele um carro antigo e não tão confiável quanto o de seus concorrentes.

Uma pena, pois o piloto tem muito talento e competência e conhece bem o terreno da prova, graças a suas várias participações no Rally Por Las Pampas.

As demais duplas brasileiras tem chances remotas de bons resultados, Reinaldo Varela/ Erley Ayala (363) talvez sejam a única exceção. A opção de correr na categoria T2, com um carro praticamente original de rua, pode trazer um ótimo resultado a dupla. Julio Bonache (355), Sven Fischer/ João Stal (390) e Sergio Williams/ Rodrigo Konig (422), que participam pela primeira vez da prova, tem por objetivo terminar a prova, qualquer classificação obtida, tem que ser comemorada com uma vitória. Quem sabe não pinta uma surpresa.

Este texto foi escrito por: Deco Muniz

Last modified: dezembro 27, 2009

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