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Manoel Morgado: nos braços da Chomolongma

Redação Webventure/ Montanhismo

Manoel e Andrea passaram por emoções antes de iniciar escalada (foto: Manoel Morgado/ Arquivo pessoal)
Manoel e Andrea passaram por emoções antes de iniciar escalada (foto: Manoel Morgado/ Arquivo pessoal)

Direto de Deboche (Nepal) – Poucas vezes em minha vida fiquei tão emocionado quanto hoje. Poucas vezes chorei tanto e ao mesmo tempo fiquei tão feliz. Ontem ao chegarmos em Deboche começou a nevar para grande felicidade de todo o grupo. Apesar de podermos ver a linda vista que se descortina da janela de nossos quartos, a paisagem pintada de branco compensou de sobra.

Logo ao acordarmos tivemos a maravilhosa vista do Everest, Lhotse, Nuptse, Ama Dablan, Kantega e Tramserku. Começamos a caminhar com um maravilhoso céu azul e com a temperatura perfeita. Após uma hora e meia chegamos ao povoado de Pamboche onde paramos para uma visita muito especial. Como fazemos com todos os grupos fomos a casa do Lama Geshe Ripoche, o mais respeitado lama do Khumbu.

Ele nos recebeu com seu grande sorriso e o carinho habitual. Mas, hoje era um dia especial por mais de uma razão. Um de nossos clientes iria fazer uma surpresa para sua namorada. Sem que ela soubesse tinha comprado os anéis de noivado e me pediu que organizasse uma cerimônia com o lama. Primeiro todos nós fomos abençoados e em seguida pedi que os dois se sentassem na frente do lama. Só quando ele começou a entoar mantras e jogar punhados de arroz que ela desconfiou o que estava acontecendo. Quando ele lhe mostrou os anéis ela, e todos nós, caímos no choro. Foi uma cerimônia lindíssima e parte da minha emoção foi lembrar que de forma muito parecida me casei com a Andrea três anos atrás com este mesmo lama.

Preparação – Veio então a hora de eu e a Andrea recebermos as bênçãos para nossa escalada ao Everest. Assim que me sentei em frente ao lama comecei a chorar e não parei pela duração da cerimônia, quase uma hora. Após a cerimônia ele nos falou em tibetano traduzido por Nima, nosso sardar, seus conselhos para que tudo corresse bem na expedição. Nos disse para mantermos o coração puro, ter apenas pensamentos bons e generosos e sempre que possível ajudar os outros.

Se nos encontrássemos em uma situação onde realmente não fosse possível ajudar fisicamente que pelo menos em nossos corações pensássemos em ajudar. Enquanto ouvia pensava uma vez mais que queria dedicar toda esta experiência a todos que sonham com algo grande, algo significativo, algo importante. Que eles também, assim como eu, possam concretizar este sonho. Reiniciei a caminhada um pouco à frente do grupo meditando no que havia vivenciado e nas sábias palavras.

Este texto foi escrito por: Manoel Morgado, especial para o Webventure

Last modified: abril 5, 2010

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