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As bodas de prata da carreira de Riamburgo Ximenes no off-road

Redação Webventure/ Offroad

Muito trabalho para ir novamente ao Dakar (foto: Marcelo Maragni)
Muito trabalho para ir novamente ao Dakar (foto: Marcelo Maragni)

Vinte e cinco anos dedicados ao off-road, muitas histórias, algumas tristezas e seu nome marcado na história do off-road nacional. Assim pode-se definir a carreira do cearense Riamburgo Ximenes, que em 2010 fará apenas duas competições, o Rally dos Sertões, em agosto, e o Rally dos Amigos, em dezembro.

Sua história pode ser comparada a qualquer criança que se apaixona por carrinhos ao invés de uma bola. Criado em fazenda e o mais velho entre os irmãos, logo aos 8 anos de idade já dirigia jipes e tratores para ajudar o pai. “Daí começou a minha vocação para o off-road. Já fiz provas em autódromos, de asfalto, mas isso nunca me fascinou como pilotar em outros tipos de terreno, foi o que sempre gostei”, relembrou Riamburgo, que é casado e pai de duas filhas.

Há 25 anos, Ximenes iniciou sua carreira no motocross, em provas no Nordeste e de lá saiu vitorioso, mas não conseguiu evoluir e teve que tomar uma decisão. “Por falta de dinheiro e tempo, eu não pude me dedicar a essa carreira e vim para a região Sul para me tornar piloto de off-road mesmo. As carências do Nordeste em corrida sempre foram grandes, e de anos para cá, têm aumentado o número de provas. Então, eu fazia motocross e enduro de regularidade, além das corridas de bugue, no Ceará e Rio Grande do Norte”, contou o piloto, que admitiu que a experiência valeu para ter noites de sono tranquilas dias antes de trechos especiais com dunas e areia.

Histórias – Dentre as histórias em 25 anos, Ximenes conta suas melhores histórias em 13 edições de Sertões e uma das tristezas que o fez abandonar a competição. Além disso, foi o precursor do Troller na competição nacional. Acompanhe nas próximas páginas.

Desde 1997, Riamburgo se apaixonou pelo maior rali off-road do Brasil e não deixou de participar em nenhum ano. O piloto parte para a sua 14ª edição da competição em 2010 e além de experiências com carros e diferentes navegadores, garante que a maior alegria veio com o título geral em 1999.

Mas antes do título, um primeiro passo foi dado em 1997, que era entrar na competição e fazer um bom trabalho. Mas, para isso, era preciso ter um carro competitivo. Riamburgo quis apostar e pilotou o primeiro Troller fabricado no Brasil. “Ele era exatamente o 001 e um amigo meu pegou o 002. E o objetivo era que o carro fosse original, motor a gasolina e saber se ele era resistente e chegar até Fortaleza. Fui o primeiro piloto que encarou o Sertões com Troller e fizemos uma bela apresentação”. No ano, Ximenes ficou na décima colocação e Klever Kolberg garantiu o título.

Já apaixonado, Ximenes quis se preparar para o segundo ano da sua participação, mas acbou sendo frustrado por uma compra de uma Mitsubishi Pajero. E faltando um mês para a competição, preparou novamente um Troller, venceu uma competição antes do Sertões e partiu para a disputa. Em 1999, a preparação começou cedo. Riamburgo comprou uma Pajero e a preparou completamente para a prova, junto de sua equipe.

“Preparei tudo, somente reforçando algumas peças, os pneus eram contados e amadores, e assim fui e venci o Sertões ao lado do Beto (Paulo Roberto Salles), que faleceu no ano seguinte. É a história mais bonita: uma equipe cearense, com competidores cearenses, vencedores do Sertões”, contou. Mas antes mesmo disso, o piloto teve que bater de porta em porta em busca de patrocinadores. “Nesse ano, como não tinha nada a perder, bolei a estratégia e cheguei nos patrocinadores falando ‘Se eu ganhar, vocês pagam os custos se eu ganhar a prova’. Parece até arrogância, mas eu realmente não tinha nada a perder. E acabei ganhando!”, completou.

Tristeza na prova – Apesar do título de 1999, a tristeza de perder um amigo no ano de 2000 foi grande. Paulo Roberto Salles foi seu navegador no ano do título e faleceu em um acidente no trecho de deslocamento. “Ele correu de Troller e já tinha experiência. Em 1996 ele capotou e estava bem na prova, destruiu o carro, mas queria voltar. Quando ele voltou a correr, bateu e faleceu. A alegria de 1999 se transformou na maior tristeza em 2000. Eu estava liderando a prova, mas não tive cabeça e abandonei a prova; peguei um avião para estar em seu enterro”, relembrou o piloto.

Em 2008, Riamburgo também fez história no Sertões, ao correr com o Sherpa e vencer a categoria Protótipos. Mas o grande destaque ficou mesmo para o apelido dado ao carro, “Tuajegue”, em referência aos Volkswagen Touareg que competiram no Brasil pela primeira vez naquele ano.

Após adquirir muita experiência, Riamburgo quis alcançar mais um sonho no off-road mundial e, em 2007, encarou o desafio do Rally Dakar, o último realizado na África. Após a vitória no Sertões, a ideia de participar da prova ao lado de Lourival Roldan cresceu.

“O Sertões está para o Brasil assim como o Dakar está para o mundo. Precisa de investimento para fazer uma prova assim. São milhares de euros envolvidos e além do mais, temos que competir com carros de equipes de montadoras”, contou Ximenes sobre a estrutura na competição.

Em 2007, a dupla garantiu a 51ª colocação de 190 carros que participaram do Dakar. “Para essa prova, você precisa ser um excepcional piloto, ter muito dinheiro. É uma prova realmente desumana. Mas tive a felicidade de garantir o título entre os estreantes com carro a diesel. Mas foi extremamente difícil”, comentou o piloto, que sofreu um grave acidente no início da prova, mas resolveu continuar na disputa.

Planos próximos – Sobre um possível retorno ao Dakar, confirmado para Argentina e Chile até 2011, Riamburgo admite que vontade não falta, mas que não quer competir uma prova deste nível com pouca estrutura.

“Eu voltaria ao Dakar com certeza, mas não nas condições que eu fui para lá. Estou até me preparando para ir, pois é um sonho que precisa de investimento. E quero chegar lá bem, ter um equipamento legal para ficar entre os 10 primeiros, talvez até chegar na ponta em uma especial. Aí sim valeria a pena!”, declarou Ximenes, que planeja sua aposentadoria ao completar 50, daqui seis anos.

Entre os navegadores do piloto estão Valdson Alencar, Galdino Gabriel, Sólon Mendes, Roberto Salles, Nilo de Paula, Rogério Almeida, Flávio Marinho, Hugo Vasconcelos, Lourival Roldan, Ulisses Bertoldo, Fernando Holanda e o navegador que mais passou tempo com Riamburgo e segue com ele desde 2006, Stanger Eller.

Este texto foi escrito por: Bruna Didario

Last modified: maio 28, 2010

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