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A decisão do estilo nômade de Manoel Morgado

Redação Webventure/ Montanhismo

Morgado iniciou sua vida nômade em 89 (foto: Arquivo Pessoal/ Manoel Morgado)
Morgado iniciou sua vida nômade em 89 (foto: Arquivo Pessoal/ Manoel Morgado)

Há vinte anos, Manoel Morgado tomaria a decisão que o mesmo já sabia que mudaria sua vida. E não era a chegada ao cume do Everest, realizada no dia 17 de maio deste ano. O montanhista definiu que sua vida não seria em um consultório médico, e sim viajando pelo mundo, conhecendo culturas e trabalhando com isso. Guia de trekking em lugares inóspitos, Morgado adotou o estilo de vida nômade e admite: “estou feliz, sem perspectiva de me instalar em algum lugar”.

O sonho de ser médico sempre esteve claro em sua mente, e Manoel o realizou. Formado pela Escola Paulista de Medicina em 1980, fez residência em Pediatria. E mesmo com a vida atribulada, nunca deixou de viajar durante as férias e tempos vagos, o que fazia desde criança. “Sempre via mochileiros dando volta ao mundo e a ideia de viajar por um longo tempo me atraia muito”, disse Morgado. Tempo depois, casou-se com uma psicóloga, e em uma decisão conjunta, resolveram passar dois anos fora, um na Europa e outro na Ásia, e depois disso, voltariam ao Brasil para recomeçarem suas vidas profissionais. Mas Morgado havia se encantado na viagem, principalmente pelo Nepal.

Pouco tempo depois de seu retorno, Manoel percebeu que já sabia o que queria fazer, perdendo assim o interesse por tudo que o rodeava. “Voltei ao Brasil e gradualmente me desinteressei pelo meu trabalho: trabalhava muito, o consultório estava começando, mas não era muito rentável; então estava sempre cansado e não tinha tempo de fazer o que eu gostava. Senti que eu não tinha tempo para ser um bom médico e isso não me agradava mesmo. Trabalhava em Itaquera (SP) e grande parte dos casos que atendia eram provenientes de problemas sociais, uma dor de barriga por falta de água tratada, a falta de dinheiro para comprar remédios”, relembrou.

Essa frustração profissional o levou a deixar o Brasil em 1989. Como não tinha vínculos familiares e havia se divorciado, vendeu o carro e partiu para o Nepal. Chegando lá, passou dois anos tendo uma única certeza: não retornar mais. Apesar disso, as incertezas começavam a se clarear. “Pensei em várias possibilidades para não precisar voltar mais, e encontrei muitos guias. Nisso, percebi que me tornar guia de expedições poderia ser algo interessante para mim. Depois de dois anos mais viajando, acumulando experiência, vi que ser rentável e muito bom para mim, principalmente levando grupos de brasileiros para aqueles lados asiáticos, e isso era muito novo para o Brasil”.

Trabalho – Passar as férias caminhando em lugares inóspitos não era um plano empolgante para famílias e amigos ns anos 90. Em 1992, Manoel retornou ao Brasil para montar sua empresa especializada nestas expedições e a partir de novas idéias, tudo começou a funcionar da maneira que havia pensado. “Mudamos algumas fórmulas para deixar o negócio atrativo, mas sem abrir mão do que eu queria, que era manter minha qualidade de vida. Então fixei uma meta de 6 meses de trabalho e 6 meses de férias para fazer minhas coisas, e assim funciona nos últimos 20 anos. Desde então tenho sido bem nômade, sempre nesse esquema de datas. Com o que ganho, eu viajo e faço meus planos”.

Casado com a guatemalteca Andrea, Manoel ainda tentou mudar um pouco seu estilo de vida antes dos dois conquistarem o Everest. A ideia inicial foi comprar um veleiro, aquisição feita em 2006 e velejar pelo mundo. “Fomos navegar no Caribe e já percebemos que não seria nossa praia, era muito parado, não dava para fazer atividades físicas e ver o veleiro ancorado em uma ilha era lindo. Vendemos o veleiro e decidimos fazer o Everest”, concluiu Morgado, que ‘balançou’ apenas uma vez em um lugar para se instalar, a Nova Zelândia. “O lugar é um paraíso de outdoor e até pensei em me instalar, mas não consigo”.

Este texto foi escrito por: Bruna Didario

Last modified: junho 23, 2010

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