André Azevedo já esteve em mais de 20 edições do Rally Dakar (foto: Theo Ribeiro)
Na última terça-feira (19) realizei a última palestra do ano para o Programa de Educação no Trânsito, apoiado pela Secretaria da Educação do Trânsito de São José dos Campos e CCR NovaDutra. Cerca de 1.700 alunos, no total, puderam conhecer a minha trajetória profissional, originada por um sonho em ser piloto de ralis.
Esses jovens estudantes e futuros motoristas tiveram a oportunidade de assistir alguns vídeos das competições que participei nestes últimos 36 anos, literalmente, na estrada.
Muitas imagens mostraram como não foi fácil o caminho que escolhi. Todos os anos aconteciam fatos que me ensinavam a ter mais cuidado mesmo no trânsito de minha cidade. Dos acidentes que me envolvi e presenciei restaram várias lições que passo para estes adolescentes de 14 a 16 anos que encontro nas salas de aula deste nosso projeto de Educação no Trânsito.
Estamos trabalhando com adolescentes ansiosos que querem atingir logo os 18 anos para já pegar a carteira de habilitação e assim conquistarem mais liberdade no ir e vir sozinhos ou com amigos. Isto é natural, pois é uma das buscas da individualidade e identidade do jovem.
Orientação – Eu tenho dois filhos: Natalia, que possui 17 anos, e Lucas com 14; e sei muito bem o que é isto, ainda mais eles tendo um pai piloto de competição. Dessa forma, em minhas palestras tento mostrar como um bom preparo com treinamentos de direção, conhecimento das regras, noção de mecânica e boa educação no trânsito poderá ajudá-los quando entrarem para esta categoria de motoristas.
Afinal, no momento eles são pedestres, ciclistas ou passageiros de outros motoristas e de certa maneira podem ajudar muito o trânsito, respeitando as regras ou ajudando os motoristas quando se virem em situações pertinentes.
Em minha posição tenho que dar o exemplo, tanto como pai, quanto como pessoa pública. Se não respeitamos as regras de trânsito, uma velocidade acima do permitido, uma conversão sem sinalizar, uma manutenção precária no veículo, usar o telefone celular ao volante, como ensinar o correto?
No rali tenho uma série de regras a seguir, também levamos uma boa punição ao desrespeitá-las, que são muitas vezes mais severas que as do trânsito normal. As regras e leis impostas para ambos têm a mesma finalidade: trazer mais segurança a todos os envolvidos.
Sabemos que as cenas de acidentes são as que mais se impressionam, e para aqueles mais “rebeldes” quando respondem a minha pergunta sobre se usam a faixa de pedestre para cruzar uma avenida e alguns respondem que não, eu recomendo a estes fazerem uma visita ao Pronto Socorro mais próximo. Ali eles verão a consequência dos acidentes mais tolos. Eu já passei por situações ruins como esta e, infelizmente, conheci este tipo de dor.
Tolerância e consciência são as chaves para uma conduta correta ao volante. É preciso utilizarmos mais a conversa com os jovens do que darmos o chamado sermão. A liberdade de ir e vir é para ser desfrutada e contribuir para uma evolução individual.
Espero ter plantado uma semente que dará origem, no mínimo, a motoristas responsáveis. Os jovens que estou trabalhando hoje são os condutores de amanhã. É preciso conscientizar a todos de nossos deveres e responsabilidades. E dirigir é tão ou mais importante do que pilotar.
Este texto foi escrito por: André Azevedo
Last modified: outubro 24, 2010
