Foto: Pixabay

Foto relato da escalada no Salto Angel

Redação Webventure/ Montanhismo

Veja abaixo fotos da equipe formada por brasileiros e um venezuelano na escalada da parede do Salto Angel, a maior cachoeira do mundo, com 967 metros.

E também:

  • Entrevista exclusiva com o escalador Edemilson Padilha, integrante da equipe
  • Relato de Waldemar Niclevicz
  • APROXIMAÇÃO. Pemon adiante na Kuriara avisando ao “capitão” da embarcação sobre possíveis pedras. Foto: Edemilson Padilha

    BRASILEIROS. Após a nossa chegada ao cume, ficamos um dia descansando, uma pena que estava chovendo, não vimos muita coisa. No dia seguinte descemos por uma linha de rapel equipada, que existe desde a década de 1970, bem à esquerda da abóboda. A linha de rapel é interrompida na metade por um imenso “ombro” cheio de vegetação, onde existe uma espécie de “cueva”, onde nosso amigo Yupi nos fez esta foto. Estávamos bem cansados, imundos depois de 17 dias sem banho, mas super felizes. De pé estou eu, o Ed, o Chiquinho e o Val, sentado o Sérginho.

    ACAMPAMENTO 1. Esse é nosso acampamento 1, a 370 metros de altura, ainda tinha muita parede para cima. Utilizamos 3 dos 5 já conhecidos lugares para “acampar” da parede, são pequenos platôs ou plataformas, onde conseguíamos esticar as pernas, sentar, e onde uma ou outra pessoa dormia esticando seu colchonete sobre a pedra. Mais confortável era dormir nos “porta ledges”, uma espécie de “barraca suspensa”, mesmo assim era importante ter o mínimo de espaço em platôs para poder cozinhar e bater um bom papo com todos, além de um cantinho para ir ao banheiro (fazíamos nossas necessidades em sacos biodegradáveis de papel, e levamos tudo para o cume onde enterramos).

    DIFICULDADES. O trecho que mais temíamos da escalada era justamente o de maior negatividade, apelidado pelo espanhol Jesus Galvez de “derribos ária”, isso em 1990, na primeira escalada da abóboda do Salto Angel, trecho resolvido pelos espanhóis com um A4, e pelos franceses com um 7c+ très expo. Todos tiveram a sua dose de adrenalina garantida nesse trecho super negativo e quase impossível de ser protegido, que acabamos superando com lances de 7c e A2. Na foto aparece o Ed guiando o último esticão do “derribos ária”, isso logo acima do nosso acampamento 2, o pior já havia ficado para baixo, de onde, devido a grande negatividade da parede, seria praticamente impossível uma retirada.

    NEGATIVIDADE. A foto mostra o início do derribos aria, esse sim é o trecho mais negativo da via. A corda que aparece pendurada do lado direito, foi deixada pelos espanhóis na parede, isso em 1990, nós fizemos uma variante à esquerda para fugir do A4. Na foto o Sérginho está guiando e o Valdesir estava dando segurança, logo seria ele quem guiaria. Por pura coincidência, foram os dois que enfrentaram os trechos mais difíceis de toda a escalada, pois iamos seguindo uma ordem pré-estabelecida que seguimos até o fim.

    ACAMPAMENTO 2. Mostra o nosso acampamento 2, pendurado a 540 metros da base da parede, isso logo acima do Derribos Aria, destas alturas já era impossível uma descida. Foi o acampamento mais apertado dos três que montamos, quatro pessoas dormiam nos porta ledges, e dois se apertavam numa pequena plataforma que também era usada como cozinha.

    ACAMPAMENTO 3. Nossas acomodações para dormir no campo 3, melhor ponto de acampamento da parede: 4 pessoas dormiam nos platôs naturais e 2 nos porta-ledges. Foto: Valdesir Machado

    PERIGO. O Chiquinho (José Luiz) chegando no acampamento 2, abaixo o vazio que aos poucos fomos nos acostumando, na foto, abaixo do Chiquinho, dá para ver perfeitamente o corte superior do Derribos, dali até o chão seria uma queda livre de 500 metros, as dimensões sempre nos impressionavam, afinal, parede acima, também tínhamos 500 metros de altura pela frente.

    PERIGO. A foto mostra o Sérginho no início da variante brasileira, já bem alto na parede, logo acima do nosso acampamento 3, praticamente a 700 metros de altura do chão. Essa variante nos pareceu o caminho mais natural para nos levar à parte superior da parede, mas nenhuma outra equipe a tinha enfrentado, foi o Chiquinho que guiou esse trecho que mostra na foto, fazendo uma bela travessia de 35m para a direita, depois o Ed seguiu por um belo diedro, o “diedro brasileiro”, com um esticão de 55 metros. A “variante brasileira” poderia acabar por ai, mas continuou até o cume, ficando com cerca de 200 metros de desenvolvimento, apresentando uma nova, linda e inteligente saída da parede.

    A PAREDE. Sergio Tartari quase chegando ao campo 2, na 8ª cordada da via. Foto: Edemilson Padilha.

    A PAREDE. Niclevicz metros antes da chegada ao nosso acampamento 3, que se encontra a 670 metros de altura da base da parede. “Afinal, o Salto Angel bem que poderia se chamar ´cachoeira dos arco-íris´”

    Este texto foi escrito por: Redação Webventure

    Last modified: março 4, 2011

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