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Conheça o montanhista que pode se tornar o mais novo brasileiro a escalar o Everest

Redação Webventure/ Montanhismo

Santalena e Canellas não escalaram nenhuma montanha com mais 8 mil metros antes do Everest (foto: Arquivo Pessoal/ Rodrigo Raineri)
Santalena e Canellas não escalaram nenhuma montanha com mais 8 mil metros antes do Everest (foto: Arquivo Pessoal/ Rodrigo Raineri)

São apenas 24 anos de idade, mas uma longa trajetória no montanhismo. Carlos Eduardo Santalena é uma das histórias de vida na escalada que pode ser considerada surpreendente pela velocidade de evolução. E, nos próximos meses, o montanhista pode marcar seu nome nos recordes brasileiros do esporte. Isso porque, ao lado de Rodrigo Raineri e Carlos Canellas, Santalena tentará chegar ao cume do Monte Everest (8.850m), podendo assim tornar-se o mais jovem escalador a conseguir tal feito.

A vida de escalador de Santalena começou há cerca de nove anos. Formado em Educação Física pela PUC de Campinas com especialização em Hatha Yoga, o montanhista conta que seus primeiros passos no esporte começaram a ser dados quando percebeu que o futebol não o interessava.

“Meu interesse surgiu quando eu tinha uns 15 anos. Eu era pequeno e todo mundo jogava futebol, mas eu sempre busquei um esporte diferente. E eu encontrei em Campinas, na Grade6, isso. Lá eu fiz um curso de escalada, o meu primeiro. A partir daí eu conheci pessoal, comecei a escalar mais constantemente e nunca mais parei. Também levei alguns amigos para o mesmo caminho”, contou.

Atualmente sócio de Raineri na Grade6 e instrutor de escalada e rapel, Carlos conta que sua jornada como empresário no montanhismo aconteceu, assim como toda sua vida no esporte, de uma maneira muito rápida. Depois de muita dedicação atuando como guia de expedições freelance na empresa, o escalador foi convidado por Rodrigo, o qual conheceu em 2008, para fazer parte do quadro societário da Grade6.

“Eu me dediquei muito na Grade, fiz muitas coisas e a empresa estava passando por um momento difícil. Como nós tínhamos mais afinidade um com o outro, ele ofereceu para mim. Eu sempre gostei disso e tinha uma reserva financeira para auxiliar, então entrei com um pequeno investimento e passei a fazer parte do quadro societário”, disse.

Vida no esporte – Em nove anos escalando, Santalena já tem no currículo conquistas de causar inveja a montanhistas de longa data. Entre seus maiores feitos, Carlos destacou a subida da maior montanha equatoriana, a Chimborazzo (6.310m).

“Minha conquista mais marcante foi no Equador, na maior montanha equatoriana, que é o Chimborazzo (6.310m), em 2010. Mas também tiveram outras como o Cotopaxi (5.870m), também em 2010, sendo que este é o maior vulcão ativo do mundo. O próprio Aconcágua (6.962m) na Argentina, e o Sajama (6.542m), na Bolívia, também são grandes feitos”, contou.

Com suas maiores conquistadas alcançadas nos últimos três anos, Carlos é um exemplo de que é possível aliar trabalho à diversão. Ainda atuando como guia em expedições pelo Brasil e pelo mundo e sócio de uma grande empresa, o escalador disse que se sente realizado em sua vida.

“Hoje eu ainda guio expedições pelo Brasil e pelo mundo. Minha forma de viver a vida é essa. Ser sócio da Grade6, fazer com que ela sempre aconteça, e conseguir juntar o que eu gosto de fazer com o trabalho. Esse foi sempre meu objetivo e hoje, com 24 anos, eu posso dizer que é um sonho que eu consegui realizar. Hoje eu consigo trabalhar e ganhar dinheiro com o que eu gosto”, afirmou.

Foram três anos de preparação para a tentativa de chegar ao cume do Everest. Carlos Santalena passou por um longo período de treinamento para finalmente sentir-se preparado para alcançar tal feito. Em todo esse processo, o montanhista teve ao seu lado Carlos Canellas, que também estará no grupo que subirá a maior montanha do mundo nos próximos meses.

“Em 2008, o Carlos Canellas procurou eu e o Raineri porque ele havia sofrido um acidente e quase perdeu o braço. E, já na mesa de cirurgia, o médico falou ia fazer o melhor para reconstituir o braço, mas que seria difícil. Então ele pediu para que deixasse pelo menos um gancho que ele iria tentar escalar o Everest. De lá para cá, ele começou a fazer um treinamento conosco e eu fiz todo o processo com ele, guiando todas as expedições que ele foi”, conta Santalena.

Vivendo experiências todos os dias no trabalho com pessoas que tinham a mesma ideia de chegar ao cume do Everest, mas que acabavam desistindo, Carlos conta que foi preciso muita concentração para que sua expedição não tomasse o mesmo fim de outras.

“Desde 2008, a expedição já estava na nossa cabeça, mas, num momento inicial, nós não criamos grandes expectativas, porque quando chega uma pessoa aqui que quer ir para o Everest e vê as dificuldades e o treinamento necessário, acaba desistindo. Então nós começamos com um tom mais brando, fazendo montanhas menores, para observar até onde ia nosso sonho e vontade de chegar lá. E eu e o Canellas sempre seguimos muito a risca todos os treinamentos, sempre muito determinados e com foco. Hoje me sinto capacitado a conquistar o objetivo”, afirmou.

Preparação – Um dos pontos fundamentais na preparação de Santalena foi a quebra de um grande paradigma pessoal. Segundo o montanhista, para que o treinamento fosse feito da maneira correta, foi preciso uma conversa com Rodrigo Raineri para que o mesmo explicasse que não era necessário um treinamento em montanhas de grande porte para que a conquista do Everest fosse alcançada.

“Nós pensamos que era importante fazer alguma montanha de oito mil metros antes do Everest, mas isso mudou depois da explicação do Rodrigo. Ele disse que o que era preciso era um treinamento em altitude mais intenso, mesmo baixo, já que nossa tentativa seria com oxigênio. Então, além dos custos serem mais acessíveis aqui na América do Sul, nós conseguimos fazer mais montanhas em menos tempo”, contou Santalena. “Fizemos incursões até o campo base do Everest para conhecer a rota e também alguns cursos de escalada em gelo na Bolívia”, completou.

Preparado fisicamente e psicologicamente para tornar-se o mais jovem brasileiro a alcançar o cume da maior montanha do mundo, Santalena contou que terá alguns facilitadores locais para que o foco esteja totalmente na escalada. “Nós contatamos serviços locais de sherpas e carregadores para não ter tanto desprendimento de energia a partir da base. Nós dedicaremos nossas atenções totalmente na escalda”, finalizou.

Este texto foi escrito por: Caio Martinsa

Last modified: março 16, 2011

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