Direto de Itamaraju (BA) – Após duas noites sem dormir contando com a espera da largada em alto-mar e o maior trekking da prova, com 80 quilômetros, as diferentes estratégias de sono começam a aparecer no Ecomotion 2011. Objetivos, condições físicas do quarteto e desempenho frente às concorrentes são colocados na balança para a decisão de onde parar para dormir. E, principalmente, por quanto tempo.
Líder até a manhã desta terça-feira, a Quasar Lontra praticamente emendou os primeiros 160 quilômetros de competição, com apoio para comida, troca de roupa e transição para outra modalidade durando menos de dez minutos nos três primeiros ATs. Descanso apenas no PC8/AT4, na chegada de um trecho extenuante de bike, em que foi preciso empurrar e bicicleta pela lama por diversas vezes. Ainda assim, a equipe ficou menos de uma hora no local. Esse sprint rendeu para a Quasar Lontra exatas 2h12min de vantagem para a segunda colocada naquele momento, que no PC 8 foi a equipe Cosa Nostra. No mesmo local, a Selva não parou para descansar e ganhou duas posições, chegando em quinto e saindo em terceiro lugar para o trekking de 27 quilômetros. No PC9, a Cosa Nostra assumiu a primeira posição.
Ainda assim, a prova segue quase sete horas atrasada em relação às previsões da organização, fator que somado com as fortes chuvas na região, e o extremos desgaste de grande parte das equipes, obrigou o corte dos trechos entre os PCs 15, 16 e 17, na região de Guaratiba, eliminando trechos de trekking, canoagem e mountain bike.
Sono – Um pouco mais atrás, ainda no trekking de 80 quilômetros, diversas equipes pararam em uma pequena igreja próxima da costa para descansar, ainda na madrugada desta terça-feira. Entre elas a Oskalunga, que pararam por cinco horas para descanso de todos e recuperação da atleta Barbara Bomfim, que não passou bem no trecho, mas chegou recuperada ao PC7/AT3, final do trekking e transição para a bike, aos pés do Monte Pascoal. Equipes melhores colocadas na prova naquele momento, como a Lifeguard e a Papaventuras resolveram dormir na base do ICMBio, ao fim do trekking dentro do Parque Nacional do Monte Pascoal. Para nós foi importante para além de descansar, secar os pés para a próxima etapa, contou Glauco Chagas após acordar do breve sono de uma hora.
Todas as equipes tiveram de subir no monte, marco do descobrimento do Brasil, em um trecho de 1.500 metros de lama morro acima. Na chegada, praticamente todas as equipes precisaram de ajuda médica com os pés, por causa de bolhas e curativos, e um atleta da equipe chilena Patagônia Andina tomou soro e ficou no cobertor térmico de sobrevivência para conseguir prosseguir na prova. Não foi um trekking difícil fisicamente, e o relevo era bem plano. O problema foi o terreno. Ficar com o pé molhado e areia raspando dentro do tênis por 80 quilômetros é um desconforto absurdo, difícil de lidar, conta Rodrigo Martins de Souza, da Adventure Camp. A equipe abandonou a competição no trecho seguinte ao trekking.
Primeira equipe baiana a completar o trekking, às 6h em ponto, a Makaira resolveu seguir sem descanso. Quando amanhece o sono vai embora. Agora só vamos parar se sentirmos que o ritmo da equipe está diminuindo, contou o capitão Gustavo Chagas. Já o brasiliense Alexandre Carrijo, da Tapuia, afirma que a equipe prefere fazer pequenas pausas. A idéia é antes de cada troca de modalidade descansar, mas é cochilo bem rápido.
Para o diretor técnico da prova, Thiago Valois, a estratégia de sono são fundamentais para o bom desempenho na competição. Será um fator determinante da prova. Os trekkings que seguem são melhores de percorrer de dia, no período em que as equipes preferem parar para dormir. Portanto, quem parar durante esses trekkings pode ser prejudicado. O ideal seria parar nos trechos de bicicleta. Para mim, a melhor estratégia é dormir cerca de uma, duas horas, a partir da tarde deste segundo dia, aconselha Valois.
Este texto foi escrito por: Daniel Costa
Last modified: abril 12, 2011