Marcelo e Leonardo campeões da segunda etapa do Big Biker na categoria Tandem (foto: Vinicius Branca/ Webventure)
Mais um Big Biker em nossas vidas, e como sempre gerando muita expectativa e apreensão. Acordo às 4h30 da manhã depois de uma noite mal dormida gerada pela festa no vizinho. Tomo café e em seguida banho, arrumo as coisas pra corrida. Chega a Rô, minha namorada. Pegamos o carro e partimos para casa do Léo, meu parceiro nessa loucura de correr em uma bike tandem. Como sempre ele estava atrasado, mas tudo bem. Sabendo desse defeito já deixo uma margem de segurança pra chegarmos em São Luiz do Paraitinga a tempo da largada.
Tudo corre bem na estrada, e por um acaso do destino cruzamos logo com os concorrentes Mexerica e seu parceiro. Como já tinha estudado os adversários, sabia que eles eram os favoritos a vitoria. Arrumar a Tandem foi mais trabalhoso de que quando corremos com nossas bikes normais. Em seguida, nos aprontamos, roupas, sapatilhas, alimentação, hidratação etc. A partir daí começa o drama.
Seguimos já com o horário no limite para pegar o kit de largada com nosso numero de inscrição. Nós dois na bike e as meninas a pé, foi quando percebi que os pneus estavam um pouco murchos pra aguentarem nosso peso na corrida. O Léo sugeriu que elas fossem indo na frente e nos encontrassem em frente à igreja que esta em reforma. Voltamos ao carro pra encher os pneus. Perfeito. Feito isto chegamos na largada e logo vimos nossos adversários. Enquanto batia um papo com eles, o Léo foi buscar o kit de largada, voltou já com o tempo estourando. O locutor já estava esquentando a galera pra largada, e cadê as meninas?
O Léo se estressou, pois elas tinham que ficar com os brindes e as sacolas da inscrição. Foi quando o Mexerica (concorrente) falou deixa lá no boteco, e foi o que fizemos. Partimos pra leitura do código de barras e para entrar no grid de largada. Fui comer uma bananinha e jogar o papel no lixo, quando volto pra subir na bike e largar (porque a contagem regressiva já estava começando), olho pro Léo e vejo que ele está sem capacete.
Agora imaginem minha felicidade. Tinha dito o mês todo para chegarmos cedo e podermos largar na frente. Nós já estaríamos largando em último lugar, e o pior, agora nem íamos largar!
Para trás – Foi dada a largada. Todos partiram e nós fomos na direção contrária, para ver se o capacete tava no carro – lógico que não estava. Quando voltamos não tinha uma bike na largada, e nem sinal das meninas, nem do capacete. O Léo, desesperado, me viu com cara de bravo e desanimado, e falei “Tenho 50 Reais no carro. A gente vai comprar um capacete vagabundo pra poder correr.” Quando subíamos para ir pegar a grana que apareceu nosso anjo da guarda: .uma moça muito prestativa nos perguntou se já tínhamos arrumado capacete, e nos emprestou um. O engraçado é que o marido dela estava correndo de tandem, também. Pegamos o capacete e finalmente partimos pra corrida. Acionei nossa sirene e saímos feitos loucos com mais de dez minutos de atraso.
E agora para achar o caminho? Fomos perguntando pela estrada se tinha passado umas bikes por lá, a galera foi indicando o caminho, até que em uma rotatória vimos uma integrante da organização fazendo sinal pra nós. Aceleramos e finalmente caímos na estrada de terra. Tivemos ainda que parar pra fazer xixi, e retornamos nossa jornada. Aceleramos o máximo que podíamos, e depois de mais de cinco quilômetros passamos o caminhão vassoura. Pensei ficamos pra traz demais, mas falei para o Léo “sem stress, vamos dar nosso melhor e nos divertir”.
Fomos alcançando os participantes, no começo só alguns e depois alguns uns pelotões. Estávamos indo rápido, subindo forte e descendo alucinados. Para nossa surpresa, depois de um tempo a gente pegou a primeira tandem. Ficamos animados de não sermos mais os últimos. A galera no meio do caminho foi incentivando a gente, abrindo pra passarmos quando ouviam nossa sirene, e nos dizendo que a outra tandem não tava longe. Logo passamos por eles também.
Teríamos o segundo lugar, depois de tudo que passamos tava bom demais! E continuamos com nosso ritmo forte passando por varias bikes, ate que na zona de apoio a galera começou a gritar que a tandem do Mexerica tava logo ali. Pensamos “que nada, o pessoal ta louco”. Mas era verdade, vibramos quando vimos a bike. Ficamos um pouco pra trás pra dar uma recuperada no fôlego, e fizemos o ataque em uma descida. Passamos
E se vocês acham que acabou ali, depois disso é que veio o sofrimento. Eles não queriam vender a primeira posição fácil, e começou uma perseguição. Além disso, em uma descida quebraram alguns raios da nossa roda dianteira, nos prejudicando nas descidas. Ainda assim fomos nos distanciando deles aos poucos, mas sempre sem saber se estavam por perto. Tivemos que andar no limite sempre.
Depois disso meu banco soltou e foi batendo, terrível! O Léo com os braços doendo por causa da roda torta. Sei que nos dez quilômetros finais o ritmo foi caindo, e para não morrer na praia, como dizia o Léo, a gente foi se superando. Hora ele fazia mais força, hora eu fazia. A galera pelo meio do caminho foi incentivando, e modéstia aparte, nossas descidas foram animais. Pegamos 72,5 km por hora na bike
Foi então que quando ja estávamos cansadíssimos, sem água e alimentação, vimos a placa que indicava cinco quilômetros para o fim. Foram cinco km mais sofridos da minha vida. Nem falávamos mais um com o outro para poupar energia.
Logo avistamos o funil de chegada. foi uma vibração só! Comemoramos muito, pois tínhamos realizado uma corrida de recuperação e superação. A vibração foi intensa, terminamos a corrida e cruzamos o portal de chegada com nossa sirene ligada. E quem estava lá nos esperando? As meninas com o capacete na mão!
Confesso que demorou um tempo para recuperar do esforço todo feito, mas valeu a pena. Nosso tempo 3h12min48.
Este texto foi escrito por: Marcelo Simões
Last modified: maio 19, 2011