Felipe Zanol (foto: Arquivo Webventure)
Felipe Zanol está entre os motociclistas que representarão o Brasil no Dakar. A seguir, o que ele achou das mudanças deste ano.
O que você achou da mudança de percurso do Dakar?
Acho que o rali ficou mais compacto, o que é muito melhor para logística, mas com certeza a dificuldade vai aumentar. Mais areia, mais trechos cronometrados aproximadamente 4.500 quilômetros esse ano.
Qual você espera que seja o trecho mais difícil?
Eu tenho apostado que o pior trecho é em Copiapó, no Chile. É um trajeto com muita areia, dunas, onde a navegação vai ser importantíssima. Então, tem de estar bem preparado, com equipamento todo ajustado para esse dia, porque vai ser lá que as diferenças vão aparecer. A principal dificuldade será o conhecimento da planilha, que acaba dificultando muito a navegação por bússola e GPS. É uma coisa que a gente encontra pouco nos Sertões, mas tem muito no Dakar, então acho que vai acabar deixando a corrida mais difícil.
Quais serão os principais oponentes na sua modalidade?
Estou indo no meu primeiro ano, conheço poucas pessoas que correm o Dakar, só alguns que correram os Sertões. A minha luta diária será com o pensamento de chegar em Lima e adquirir experiência durante as provas. Terá um dia ou outro que estarei mais adaptado ao tipo de terreno, e isso irá me facilitar, então vou conseguir andar um pouco mais a frente. A ideia é sempre chegar em Lima, independente do resultado, eu só quero terminar a competição.
O que você achou da obrigatoriedade de motores com 450 cilindradas para as motos?
Eu acho excelente. Nos últimos anos, os investimentos das fábricas no rali foram muito grandes, pensando em fazer motos mais fortes, mais potentes. Eu acho que o motor de 450 cilindradas acaba nivelando a disputa, e isso deixa a corrida mais atrativa para todo mundo. Eu corro com uma moto de 450 cilindradas, que é praticamente igual a dos últimos vencedores do rali. Se fosse uma moto de 900 ou de 600 cilindradas, eu acho que seria uma disputa muito grande. A diferença é que as motos utilizadas antigamente chegavam a 200 quilômetros por hora, e para um piloto de moto, andar nessa velocidade em terra e areia é muito perigoso. Essa mudança vem principalmente para dar mais segurança e competitividade. Mas, com certeza, isso tem envolvido muito mais fabricantes: KTM, Husqvarna, Yamaha, Honda e todos os outros, sempre pensando em conquistar a vitória.
Seria bom ou ruim o Dakar voltar para a África?
Pelos relatos dos pilotos que participaram das outras edições, eles afirmam que a corrida na América do Sul tem uma dificuldade igual ou superior a que existia na África. Com certeza, a volta para a África, pelo tanto que ela é mística, acabaria apimentando o evento. Mas, se você me perguntar sobre um lugar para onde o Dakar teria de ir, seria o Brasil. Já está do lado de casa, passando quase nas fronteiras do país. Vamos torcer para que nas próximas edições, quem sabe, a gente tenha a largada aqui.
SOBRE O DAKAR 2012
O Rally Dakar chega a sua 33ª edição, mas é apenas a quarta prova na América do Sul. Em 2012 a competição irá atravessar o continente de leste a oeste, saindo de Mar Del Plata, na Argentina, passando pelo Chile e terminando em Lima, no Peru. Até 2011, as edições latinas do Dakar eram em formato de circuito ou laço (quando o percurso de uma etapa cruza com o de outra), saindo e terminando em Buenos Aires, capital da Argentina. Com a mudança, a prova ficou cerca de 500 quilômetros mais curta.
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi
Last modified: dezembro 30, 2011