Apa Sherpa na Grande Trilha (foto: GHT-CSCT / Asian Trekking)
Apa Sherpa, guia nepalês que já chegou ao topo do Everest 21 vezes, está com uma equipe de caminhantes na Great Himalaya Trail (ou GHT, a Grande Trilha do Himalaia, considerada a trilha mais difícil do planeta) para mostrar ao mundo o impacto das mudanças climáticas na cordilheira, além de promover o percurso como o melhor ponto turístico do mundo.
A GHT dentro do Nepal tem cerca de 1.700 quilômetros e vai de Darchula, no extremo oeste do país, até Taplejung, extremo leste. Ela oferece aos caminhantes experiências culturais riquíssimas, paisagens deslumbrantes e variada gama de flora e fauna. Muitos trechos estão a mais de 6 mil metros de altitude.
Em 2009, quando chegou pela 19ª vez no cume do Everest, Apa deu um grito para o mundo: Parem com as alterações climáticas, deixem o Himalaia viver! Seu esforço atual para caminhar toda a extensão do Himalaia no Nepal tem a intenção de expor, em um debate nacional e internacional, os problemas enfrentados pelas comunidades da cordilheira, dando alívio para estas.
Durante esta caminhada chamada Climate Smart Celebrity Trek (CSCT) e apoiada pelo primeiro-ministro do Nepal Apa irá visitar centenas de aldeias, se encontrando com milhares de pessoas.
Em movimento. No 65º dia do trekking e depois de 936 quilômetros, Apa e seu time alcançaram a cidade de Beni, onde interagiram com os moradores locais e os órgãos de imprensa. A equipe foi recebida e parabenizada pelos moradores do vilarejo, em reunião no escritório da Cruz Vermelha.
O principal convidado foi o ministro do meio ambiente do Nepal, Hem Raj Tater. Também esteve ali o diretor executivo do Centro para Promoção de Energia Alternativa, Govinda Raj Pokharel. Em discurso, o ministro afirmou que a área de montanha acima da trilha deveria ser considerada de interesse para o meio ambiente, especialmente do ponto de vista das mudanças climáticas.
Tater concentrou a fala na necessidade de aumentar o uso de energias alternativas, como a solar, as micro-hidroelétricas e o biogás, além do uso de fornos de cozinha otimizados para atenuar os efeitos do aquecimento global. O ministro ainda assegurou que irá tomar todas as medidas necessárias para resolver as questões levantadas por Apa Sherpa e sua equipe durante a expedição.
As áreas acima da Grande Trilha são consideradas a verdadeira fronteira da batalha climática na cordilheira. Segundo os presentes no evento, ao gerir os desafios relacionados com o clima nessas áreas, o Nepal não pode deixar de apoiar seu próprio povo, como também uma grande parte do sul da Ásia, incluindo Índia e Bangladesh.
Durante o encontro, Apa pediu que órgãos do governo levem em conta a visão dos moradores locais para elaborar políticas públicas, que impactam dia a dia na vida de quem mora na área de conservação da região do Monte Annapurna, a décima montanha mais alta do mundo, com 8.091 metros.
Já Dawa Steven Sherpa, membro do conselho de mudanças climáticas do governo do Nepal, disse que o turismo de hospedagem domiciliar e energias alternativas devem ser valorizados nas regiões com clima vulnerável. Ele pediu ao Programa de Ação Nacional de Adaptação para incorporar a questão do turismo como ferramenta de adaptação do clima em seus próximos relatórios e estudos. Ele também afirmou que o ministério do turismo nepalês participa do conselho de mudança climática do país.
Prashant Singh, o principal idealizador do trekking no Himalaia e CEO da Iniciativa Climática do Himalaia, disse que precisamos de uma estratégia de cooperação para ajudar o comitê das montanhas a se adaptar à mudança climática. Ele desafiou a comunidade internacional a se mobilizar em torno das medidas de adaptação, para ajudar este país montanhoso a lidar com os impactos das mudanças climáticas.
Do parceiro de conteúdo ExplorersWeb.com, editado pelo Webventure.
Este texto foi escrito por: Da Redação
Last modified: abril 3, 2012