Juca Bala diz que última especial vai exigir muita atenção (foto: Ricardo Ribeiro/ ZDL/AE)
Dakar (Senegal) – Seis países atravessados, buracos, poeira, terra, dunas, tombos, pedrada de nativos, noites mal dormidas, péssima comida, banheiro a céu aberto, cansaço extremo, estresse à flor da pele e 10.730 quilômetros percorridos em 20 dias de puro sofrimento. Depois do “inferno” do deserto do Saara, na África, o piloto Juca Bala, da equipe BR Lubrax, pode conquistar neste domingo um título inédito para o Brasil: o de campeão na categoria motos de até 400 cilindradas na maior e mais difícil competição off-road do mundo, o rali Paris-Dakar.
Com uma moto Honda Falcon Rally, Juca já está com uma mão na taça depois de mais uma etapa neste sábado, entre Tambacounda e Dakar, com 564 quilômetros no total, sendo 217 cronometrados. O brasileiro conseguiu manter por mais um dia a liderança e ficou em quarto lugar no trecho de hoje. Agora, ele só precisa concluir o último desafio, que é uma corrida de 25 quilômetros cronometrados (95 no total), amanhã, na região de Dakar. Todos os competidores largarão juntos na praia da cidade.
Mas embora esteja com quase 10 horas acumuladas de vantagem em cima do francês François Deboffe, o segundo colocado na classificação geral das motos até 400 cilindradas, Juca Bala é cauteloso em relação à pequena etapa de domingo. “Os 95 quilômetros de especial vão exigir atenção dobrada. Afinal, muitos pilotos já perderam o rali na praia de Dakar”, contou o brasileiro.
Juca no paraíso – Esta foi a terceira participação de Juca no maior rali do mundo, mas ele nunca havia conseguido terminá-lo. Na primeira prova, em 99, ele atropelou uma vaca num trecho de deslocamento e teve de abandonar a competição. No ano passado, sua moto apresentou problemas mecânicos. “Chegar aqui já é uma grande vitória”, comemorou o brasileiro ao entrar no hotel Meridien, ponto de encontro da caravana do rali. Juca podia se considerar num “paraíso”. Depois de 20 dias comendo insuportáveis alimentos industrializados, o brasileiro teve seu primeiro “almoço de verdade”.
O rali Paris-Dakar saiu da capital francesa no dia 1º de janeiro e percorreu seis países da Europa (França e Espanha) e da África (Marrocos, Mauritânia, Mali e Senegal). A prova deste ano foi uma das mais difíceis da história, já que a assistência de mecânicos que viajam em aviões estava limitada a apenas três dias. Ou seja, os próprios pilotos tiveram de fazer a manutenção de seus veículos durante a madrugada.
A Equipe BR Lubrax conta com o patrocínio de Petrobras, Mitsubishi Motors do Brasil e Pirelli, e o apoio de Nortel Networks, Carwin Acessórios, Eletronet, Controlsat Monitoramento Via Satélite, Moto Honda da Amazônia, Assohonda, Musashi, Mitsubishi Brabus, Planac Informática, IBM Brasil, Nera Telecomunicações, Telenor, Dakar Promoções, Kaerre, Capacetes Bieffe, Lico Motorsports e Vista Criações Gráficas e site Webventure.
Este texto foi escrito por: Ricardo Ribeiro