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A chegada

Após aqueles primeiros quatro dias de rali, onde a fome de acelerar foi saciada, começamos a sonhar com a chegada e muitos não vêm a hora de voltar para casa. Mas aprendi no rali Paris-Dakar a história do vírus do deserto, ou numa versão melhor, o vírus do rali: você sofre, passa fome, sede, dorme mal, briga com a equipe e com os adversários, reclama da vida, mas quando chega a hora de recolher a trouxa e voltar para casa começa bater aquela vontade de quero mais.

Puxa vida, não pensem que somos masoquistas; talvez um pouco malucos. Tudo isso faz parte de um vício chamado aventura, desafio, e o Rally dos Sertões é dos grandes. Então, quando a overdose acaba, já estamos pensando num bis.

Na verdade, este bis fica muito forte neste final de prova porque 99% dos participantes começam a viver o mundo do “se”. O 1% fora deste grupo é o líder da prova. O “se” passa a ser a palavra mais comentada: “Se eu não tivesse cometido aquele erro”, “se o fulano não tivesse aquela sorte”, “se o carro tivesse um motor melhor, se eu tivesse mais grana” e assim por diante.

Eu sou um que estou nessa. Afinal, após vencer 8 das 12 etapas disputadas, faltando apenas a da chegada em Fortaleza, e estar ocupando a sexta posição, meu “se” não poderia ser diferente. Mas existe o se dos mais otimistas. É o “se” do futuro, e vou nessa. Ou seja, se o ano que vem eu tiver mais sorte, vamos buscar o caneco.

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Este texto foi escrito por: Klever Kolberg (arquivo)