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A difícil missão de chegar ao Ecomotion/ Pro

Direto de Jericoacoara (CE) – Chegar ao Ecomotion/ Pro, uma das maiores provas de corrida de aventura de todos os tempos, foi também uma das maiores aventuras dos últimos meses.

Alguns integrantes do grupo da imprensa saíram de São Paulo no vôo de 10h50 para Fortaleza (CE), na última quinta-feira (30), e a emoção começou aí. Mesmo com o anúncio de turbulência na primeira hora de vôo, a viagem foi tranqüila com o céu limpíssimo e um belo sol. Mas com meia hora para o pouso, o avião começou a balançar muito, como se passasse por uma massa de ar densa, e despencava de altura de repente.

O piloto não anunciou nenhum problema, nem no clima, nem na aeronave, e o suspense foi maior. Até o momento que foi dito que os procedimentos para pouso haviam começado, e os balanços e idas e vindas para cima e para baixo a milhares de quilômetros para cima da terra continuaram.

Com muito custo de manter a calma, chegamos em solo cearense, e muitos desceram enjoados do avião. Passado o susto, ao menos o meu, nem quis saber o que houve. Era melhor seguir meu caminho.

Três vans e um microônibus nos esperavam para seguirmos para Jericoacoara (CE) no estacionamento do aeroporto. Aí já éramos um grupo de aproximadamente 50 pessoas, pois jornalistas de outros Estados também chegaram no mesmo momento que os vindos de São Paulo.

Malas guardadas, seguimos nosso rumo para Jeri, em um percurso que demoraria de quatro a cinco horas. Mas com duas horas de viagem, já de noite e quando as três vans já haviam se afastado, nós, passageiros do microônibus, ouvimos uma derrapagem, sentimos uma forte frenagem e alguns gritos “bateu!”.

A vaca foi pro brejo – Após isso e rapidamente, senti um impacto fortíssimo na frente do ônibus e na lateral onde eu estava. Derrapamos, o veículo foi para o acostamento e sem controle seguiu para o terreno de terra e pedra ao lado da pista. O motorista, Seu César, segurou o microônibus fortemente e paramos.

A primeira pergunta, ainda atordoada, foi o que tinha acontecido. E a resposta veio rápida: uma vaca. Sim, atropelamos uma vaca que ficou cerca de 200 metros para trás, morta. Ela surgiu na pista de repente e Seu César ainda conseguiu segurar o veículo, que cambaleou, e impediu que a vaca passasse na frente de um motoqueiro que vinha na pista contrária. Aí sim seria um acidente horrível.

Descemos todos e vimos o estrago. O microônibus não sairia mais do lugar. Então resolvemos chamar os motoristas das vans que estavam na nossa frente, mas naquele local, que não passava uma única pessoa, não tinha luz e sinal de celular de nenhuma operadora.

Com o desespero batento, paramos dois rapazes em uma moto e pedimos ajuda. Um deles disse que desceria da moto para seu companheiro levar um de nossos jornalistas até a cidade mais próxima, há cinco quilômetros dali para usar o telefone público. E assim foi feito.

Enquanto o nosso colega não voltava, paramos um carro com dois homens e uma mulher para pedir ajuda também. O senhor que dirigia o carro se propôs a levar mais duas pessoas até alguma cidade próxima para conseguirmos o reboque do microônibus. E assim foi feito.

Paramos mais um carro e era uma equipe estrangeira, que com a tensão do momento, não conseguimos identificar qual era. Demos o número da polícia para eles para ligarem e pedirem ajuda, já que a área parecia ser bem perigosa, assim que o celular tivesse sinal. E assim foi feito.

Após uma hora do acidente, nosso colega que foi de moto a cidade vizinha, retornou, com o contato feito com a assessoria do Ecomotion, que estava providenciando tudo para nós.

Minutos antes dele, chegou uma viatura que nos deu respaldo até às 21h, duas horas depois do acidente, quando as outras três vans chegaram para nos resgatar. Minutos antes, chegaram as outras duas colegas que tinham ido com o senhor providenciar o reboque. E esse senhor nada mais é do que Seu Araújo, prefeito recém eleito da cidade de Jijoca de Jericoacoara.

Salvos e embarcados nas vans, partimos para Jijoca onde pegaríamos, uma hora depois, a “jardineira”, nada além do que um caminhão com assentos em sua boléia para transportar-nos pelas dunas por mais uma hora até Jericoacoara.

O detalhe é que a “jardineira” é toda de madeira, éramos em quase cinquenta pessoas com cerca de meia tonelada de bagagens que estavam no “teto” do caminhão, uma estrutura de madeira que ficava acima de nós, e que balançava e estremecia a todo e qualquer metro andado por nós. Era assustador, porque parecia que ia despencar de tão frágil a estrutura. Mas enfim, chegamos ao nosso destino, tensos mas vivos, e fomos muito bem recebidos pela Manoela Penna, assessora do Ecomotion, com um belo jantar de “recomposição”.

Obrigada Manoela e Fernando Frazão, da Media Guide. Obrigada a equipe estrangeira, ao motoqueiro e ao Seu Araújo, o prefeito eleito por apenas 1200 votos de diferença, por terem nos ajudado com os resgates. A polícia cearense, que nos deu segurança. Aos jornalistas que voltaram para nos resgatar. E principalmente aos anjos, Deus, profetas ou qualquer figura religiosa e espiritual, que nos mantiveram bem durante todos os percalços do dia.

A vaca foi pro brejo, mas eu continuo inteira e vivíssima para acompanhar de perto essa aventura que ainda nem começou.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi