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A felicidade de quem passou pelo primeiro Sertões


Caminhão de Ricardo e Maurici acelerando pelo Sertões. (foto: Marcelo Krings / www.webventure.com.br)

A primeira participação no rali é sempre surpreendente e inesquecível. Dizem que existe um vírus chamado rali, que quando a gente pega, nunca mais sara. Em sua primeira especial no Rally dos Sertões, Luiz Carlos Novi Júnior, piloto de quadriciclo, estava admirado. Ele se perdeu e até parou para ajudar um colega que tinha caído da moto. “Me perdi, mas logo me achei. Foi tudo muito lindo, muita reta, muita velocidade. Gostei. Estou maravilhado.”

O sonho de estar ali é tão poderoso que um piloto de moto, Wilton Godinho, alimentou-o durante três anos de trabalho na China. “Fui economizando desde aquele tempo para vir ao Rally sem precisar correr atrás de patrocínio”, explicou ele, que hoje mora em Pernambuco e se diz o primeiro participante do estado em Motos na prova.

Nem tudo é deslumbre. A falta de experiência é outro ponto que iguala os novatos. Pela primeira vez na vida, o navegador Cassiano Carbonell viu uma planilha. Ele corre com o irmão Rafael e o gosto pelo rali veio do tio, que já correu em quatro edições da prova; os irmãos sempre iam ver as largadas.

Na primeira especial deste Sertões eles pegaram uma subida e o carro não andava. Ambos não sabiam por quê. Depois de voltarem para trás e esperarem alguns minutos, descobriram que o carro estava com tração 4×2 e não 4×4. Cassiano não imaginava que seria tão complicado: “Nunca tinha participado de um rali. Achei a especial absurdamente difícil e fiquei impressionado como o carro resiste.”.

Até para quem não fez sua estréia neste Rally ficou um gosto de primeira vez. Fabrício Bianchini, das Motos, era calouro no ano passado, mas não conseguiu completar a prova. Neste ano, chegou a Fortaleza e comemorou. Em dose dupla, já que o pai dele também participou do Sertões e conseguiu terminar. “Ano que vem meu plano é ganhar a categoria. Quem sabe?”, planejava, sorridente, depois do desafio vencido.

Os pilotos mais experientes muitas vezes servem de conselheiros para os novatos. Maurici Pitz tentou passar sua experiência de dois ralis ao companheiro e piloto Ricardo Domingues, que dirigia o caminhão Ford da Território 4×4. “Ele nunca tinha corrido um rali. Leva um tempo para o piloto se adaptar a ouvir alguém do seu lado, fazendo a regressiva”, lembra ele, citando a contagem que faz avisando a proximidade da referência seguinte na planilha, que pode ser uma curva, lombada ou outro obstáculo.

A dupla se deu muito bem, vencendo cinco especiais das nove que disputou. “Só tivemos a infelicidade de quebrar na primeira especial. No mais, correu tudo dentro do esperado e a marca (Ford), se quiser, poderá voltar o ano que vem com chances de ganhar”, resumiu. Curiosamente, Ricardo está vencendo outro desafio nesses dias: retornar a São Paulo com o caminhão que faz parte da estrutura da equipe, a mesma de Edu Piano/Nilo de Paulo, terceiros colocados na geral de Carros.

Faça o que eu digo… – Às vezes, a experiência provoca um excesso de confiança, o que pode acabar mal. Dimas Mattos, que participou do Sertões pela quarta vez, dias antes de sofrer um acidente que o tirou da competição, dizia que a concentração é fundamental para se fazer uma boa prova.

No final do rali, em Fortaleza, Dimas e Ronaldão, ambos com a clavícula machucada, conversavam sobre os conselhos que davam para os novatos. Conselhos estes que muitas vezes eles próprios não seguem. Segundo eles mesmos, é o famoso: “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.

Este texto foi escrito por: Fábia Renata e Luciana de Oliveira