Exclusivo, da redação Webventure – Este não é o primeiro rali Dakar onde o francês Cyril Despres (Gauloises-KTM) entra como um dos favoritos. Campeão mundial de rali Cross-country em 2003, Despres tinha tudo para conquistar o bicampeonato em 2004 até a morte de seu grande amigo Richard Sainct, no Rali dos Faraós (Egito). A morte de Sainct encerrou o ano de competições para Despres de forma prematura quando ele liderava o Mundial.
Mesmo tendo Richard Sainct como espelho, Cyril Despres mostra na sua prudência uma qualidade rara em pilotos de rali. Cuidadoso, o piloto francês é um dos que mais regulares. Não precisou vencer nenhuma etapa deste rali Dakar para assumir a vice-liderança. Estilo muito semelhante ao usado por Nani Roma para vencer no ano passado.
O próprio Despres, no entanto, deixa claro que há muito não se via no Dakar tanta disputa. “Todos os dias ao partir tenho a esperança de tirar alguma vantagem. Porém neste ano a prova está muito disputada. Normalmente ao chegar no dia de descanso temos uns dois pilotos capazes de vencer. Somos 10 na disputa”, explica o francês incluindo indiretamente o brasileiro Jean Azevedo na briga.
Apenas 55 segundos atrás do veterano e duas vezes campeão do Dakar, o italiano Fabrizio Meoni (Gauloises-KTM), Despres sabe que 2005 é sua grande chance. Mesmo assim segue com sua cautela habitual. “Estou bem fisicamente, a moto também está ótima. Vou continuar atacando até Dakar. Vamos ver no que dá”, explica.
Com uma vitória na sexta etapa do Dakar 2005, Meoni é o líder, porém um líder desgostoso. O italiano sentiu o sabor de perder a liderança da prova quando penalizado pela organização por sair da faixa de 3,3 quilômetros que os pilotos devem seguir dentro do roteiro do rali. Felizmente pare ele, a organização reduziu sua penalização e lhe devolveu a liderança no dia de desncanso.
A novidade no regulamento implementado este ano foi para Meoni um motivo de revolta: “Para mim se perdeu o espírito do Dakar”, resumiu o italiano, que tem na navegação um dos principais pontos de vantagem. “É claro que estou contente em ser o líder, mas me sinto frustrado”, desabafou.
Para manter a liderança do rali até domingo, dia 16 de janeiro, quando termina o rali, Meoni terá que acelerar. Com o novo regulamento não adianta contar com sua experiência em decifrar planilhas e descobrir o melhor caminho.
Onze homens no Dakar – O fato é que com as dificuldades vistas na primeira parte do rali e com a pequena diferença existentes entre os 11 primeiros colocados, a briga pelo título em 2005 deve ficar para as duas penúltimas etapas. Qualquer um destes 11 líderes podem vencer, incluindo o brasileiro Jean Azevedo, que tem chances reais.
Entre os oito líderes a disputa é ainda mais acirrada. Basta observar a posição do australiano Andy Caldecott (KTM). De seu oitavo lugar na classificação geral, Caldecott mantém uma pequena distância de 19min49seg para o líder Meoni.
Cabe aos pilotos aproveitarem bem o dia de descanso em Atar para relaxar, recuperar as energias e revisar suas motos. Com o fim do rali próximo, a briga a partir da décima etapa será feroz.
Desde que a BMW venceu pela última vez o Dakar com Richard Sainct, em 2000, uma marca ameaça o domínio da KTM no maior rali do mundo. Em sua segunda participação com a Yamaha 450 WR – 2WD, o francês David Fretigné tem chance real vitória.
Ocupando a sétima posição na classificação geral do Dakar, Fretigné surpreendeu ao vencer a mais longa (660 km) e dura especial do Dakar até o momento. Com esta vitória, o francês provou que a KTM pode ser batida pelo novo projeto da Yamaha em etapas longas e com todas as dificuldades típicas de uma etapa no Saara.
Caso se repita o que ocorreu no ano passado, quando Fretigné era ainda um estreante, a proximidade das etapas mais curtas, no Mali e no Senegal, tendem a ser extremamente favoráveis ao estilo do francês.
A disputa interna entre os pilotos de fábrica também favorece a Fretigné que corre por fora com sua Yamaha. A KTM têm motivos para se preocupar em 2005.
1) 004 FABRIZIO MEONI / KTM 23h 43′ 32″
2) 002 CYRIL DESPRES / KTM 23h 44′ 27″
3) 006 MARC COMA / KTM / 23h 46′ 23″
4) 003 ALFIE COX / KTM 23h 47′ 56″
5) 007 ISIDRE ESTEVE PUJOL / KTM 23h 51′ 41″
6) 005 PAL ANDERS ULLEVALSETER / KTM 23h 54′ 56″
7) 012 DAVID FRETIGNE / YAMAHA 23h 58′ 02″
8) 023 ANDY CALDECOTT / KTM 24h 03′ 21″
9) 014 GIOVANNI SALA / KTM 24h 29′ 20″
10) 022 CHRIS BLAIS / KTM 24h 44′ 30″
11) 025 JEAN DE AZEVEDO / KTM 24h 48′ 01″
Este texto foi escrito por: Cristina Degani
Last modified: janeiro 9, 2005