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A história da 2ª dupla da Chevrolet que arrebatou os Sertões

Eles fizeram o melhor tempo no prólogo do Rally dos Sertões, há duas semanas, e nem assim se tornaram astros da prova. O catarinense Édio Füchter, que “chamou às pressas” o também piloto Luís Tedesco para ser seu navegador, formavam a segunda dupla da equipe Chevrolet, em que os favoritos eram os veteranos Luciano Braga e Detlef Altwing.

Não que Fuchter e Tedesco fossem novatos: eles apenas vinham de “outra
praia”, os ralis de velocidade. E foi justamente essa bagagem aplicada em pleno off-road que, segundo Tedesco, definiu que eles não fariam papeís secundários nos Sertões: “sabíamos fazer a curva em alta velocidade, cobramos erros de prova quando os percebíamos porque estamos acostumados a ter tudo calculado. E eu, como navegador de ocasião sabia tudo o que o piloto nao precisava ouvir, entao as abobrinhas eu deixava de lado. Tudo isso nos levou a vitória”, resume.

“Estamos aqui” – Nos primeiros dias de rali, tudo aconteceu como previsto: Riamburgo Ximenes/Marcos Rogério, Reinaldo Varella/Albertto Fadigatti, Braga/Altwig, Ulysses Bertholdo/Norton Lopes encabeçavam as especiais. Füchter e Tedesco seguiam na cola.. até que começaram a ser mais rápidos. “Antes o carro (S10) arrancava forte, mas não era tão veloz. Tanto que nossa estratégia era andar ao máximo que pudéssemos até Palmas (TO), porque depois achávamos que perderíamos. Mas então motor passou dar tudo o que poderia”, lembra o navegador.

Simultaneamente, Braga/Altwig deixaram a prova com problemas
no carro. Mais tarde, voltariam com a Chevrolet de Eder Pinheiro/Nilo de Paula – mas então Fuchter/Tedesco já haviam se tornado os mais rápidos dos Sertões. Antes da especial do Jalapão, encarada como a pior, Édio avisou que se completassem aquele trecho de 500km de areião, estariam com o título praticamente garantido. E eles não só chegaram inteiríssimos e antes de todos os outros carros, como voaram no deserto quando foi preciso.

“O plano era andar muito forte, mas é claro que nas três curecas tivemos responsabilidade e nas curvas lentas, fomos lentos… Mas nas altas, pisamos fundo. O difícil não é fazer uma curva lenta, mas é saber fazer uma curva a 150km/h e o Édio, como piloto de velocidade, tirou de letra”, explica Tedesco.

Sangria e orientação – Mas se engana quem pensou que eles foram os únicos a escapar das “maldições” daquela especial. “Fizemos 180km com tração 4×2. Paramos cinco vezes, porque estávamos com tanque sobressalente e o retorno ia para o tanque 1… As mangueiras não agüentavam e saía óleo diesel. Mas eu conheço bastante de mecânica e saía do carro usando as chaves para ‘sangrá-lo’…”, narra. Além de conhecer as entranhas do veículo, Tedesco enumera a leitura do GPS como outro trunfo no Jalapão. “Foi fundamental, com ele passamos pelo Reinaldo, Ulysses e Vignoli e fomos abrindo a trilha.”

O cancelamento da especial seguinte facilitou tudo para a dupla e ontem, mesmo com problemas na tração, aumentaram a diferença em relação ao segundo colocado, Varella, em dois minutos, abrindo 1h03. Com o trecho cronometrado de hoje reduzido pela metade (de 40km para 21km) teria sido apenas um passeio pelas dunas cearenses, não fosse um erro de percurso que quase lhes custou o título.

Confirmados campeões, Füchter e Tedesco comemoram nesta noite a vitória no Beach Park de Fortaleza. Amanhã, participam do Dunas Race Day, a festa que encerra os Sertões. Definitivamente contaminados pelo vírus do off-road, os dois garantem: voltaremos o ano que vem – de prefência, cada um atrás de seu próprio volante, como sempre gostaram.

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira