O antigo capacete de isopor. (foto: Walter Magalhães)
Estava indo para casa em meu carro quando percebi que algo havia acontecido mais adiante na avenida por onde passava. Carros estacionados no acostamento e muitas pessoas no canteiro de uma rotatória. Havia acabado de ocorrer um acidente envolvendo um carro e um ciclista.
O ciclista estava apenas passeando pelo bairro no final da tarde de um domingo tranqüilo e aparentemente sem grande movimento de veículos. O carro, apesar da baixa velocidade, ao contornar a rotatória esbarrou no ciclista e sua bicicleta. Na queda, ele acabou batendo a cabeça no meio-fio e em seguida rolou para dentro da rotatória que era um canteiro gramado.
A cena que presenciei foi a seguinte: o ciclista já sentado no canteiro tendo sua cabeça escorada entre as pernas de outra pessoa. Ele estava com os olhos fechados procurando talvez manter a calma. Por causa de um corte na cabeça escorria sangue pelo rosto. Resignadamente ele aguardava a chegada do resgate para conduzí-lo ao hospital. Infelizmente, o lazer prazeroso e descontraído acabava de dar lugar à preocupação.
Você usa capacete? – Saí do local imaginando o que se passava em seus pensamentos naquele momento de insegurança e medo. Talvez ele tenha começado a se dar conta de que capacete é sinônimo de segurança. E você, usa o capacete? Já parou para pensar nas conseqüências que uma simples queda pode lhe causar? Pense nisso toda vez que for sair com sua bicicleta!
Não dá para vacilar, a falta do capacete é um detalhe que pode custar muito caro. Ele certamente poderá salvar sua vida. Não só em competições, mas em qualquer outra atividade com bicicleta, não importa aonde você vá, seja à esquina ou numa volta ao mundo em uma viagem de cicloturismo.
Aliás, você pode achar que acidentes não acontecem no cicloturismo, pelo fato de ser uma atividade praticada geralmente em baixa velocidade, em estradas de terra ou mesmo em lugares isolados. Muito pelo contrário! Em estradas de terra ou fazendas, geralmente os veículos trafegam em velocidades um pouco exageradas e incompatíveis com o tipo de terreno, podendo ainda, derrapar numa freada mais brusca e causar algum acidente sério para quem estiver na estrada.
É sempre bom lembrar que, no caso de um acidente sério em que esteja sem o capacete em um lugar mais isolado, você estará longe de médicos, hospitais ou outro tipo de socorro.
Item indispensável – Faz parte do planejamento de uma viagem pensar em segurança e levar isso a sério, pois qualquer descuido pode por tudo a perder. Não é muito difícil ver cicloturistas descuidados utilizando capacete dependurado no guidão, preso ao bagageiro ou nos alforjes, servindo como decoração para a bicicleta.
Já vi algumas pessoas irem ao chão, com a bike e os alforjes, feito jaca madura, simplesmente por perderem o equilíbrio ou apoiarem o pé em falso na hora de parar. Felizmente estavam de capacete. Bobeira? Mas acontece! Acidentes acontecem de todas as maneiras e geralmente quando menos esperamos.
Portanto, o capacete é um equipamento obrigatório! Use-o corretamente!
Há capacetes para todos os gostos, nacionais ou importados. Eles estão disponíveis no mercado com diversas marcas, modelos e preços. Aqui no Brasil, durante os anos 80, os capacetes eram em sua maioria feitos de isopor (espuma de poliestireno), simples, mas já protegiam a cabeça no caso de alguma queda. Dessa época para os dias atuais os fabricantes de capacetes investiram muito em pesquisas, melhorando o equipamento em diversos aspectos.
Hoje, apesar de ainda existirem os capacetes básicos e com preços mais acessíveis, os mais modernos esbanjam tecnologia e inovação. São capacetes mais leves e confortáveis, com design aerodinâmico e pinturas arrojadas. Conforme o modelo, possuem números variados de aberturas para ventilação, visor destacável que ajuda a manter os olhos protegidos do sol e ajuste de correia de fácil utilização.
Os mais sofisticados possuem o chamado sistema GPS de retenção. O GPS (que é Geared Positioning System e nada tem a ver com o instrumento de navegação Global Positioning System) funciona através de um botão onde o ciclista pode fazer a regulagem, apertando ou soltando o capacete, para maior estabilidade durante trepidações.
Novos materiais – Mas a principal evolução talvez esteja no tipo de material com que estes equipamentos são fabricados, o EPP (Polipropileno Expandido) e o EPS (Poliestireno Expandido). Esses materiais são bem mais resistentes aos impactos, impermeáveis, resistentes à umidade, e, o que é melhor, recicláveis de várias formas. O EPS já é utilizado há vários anos nos capacetes importados como BELL e Giro. A Caloi passou a utilizar recentemente o EPP na fabricação da sua linha de capacetes.
Ambos os materiais têm sua aparência semelhante ao isopor, e também são usados em pára-choques de carros importados como BMW e Mercedes, nas embalagens para materiais sensíveis a impacto e até nos guard-rails das auto-estradas na Alemanha.
Lamentavelmente, o capacete, que é o principal equipamento de segurança para os ciclistas, não consta como item obrigatório no Código de Trânsito Brasileiro.
Agora, acredito que você, que ainda não possui capacete, no mínimo deve estar curioso para ir atrás de mais informações e escolher o seu. Portanto, lembre-se dessas dicas na hora de adquirir e usar um capacete:
Tenha sempre uma coisa em mente: você é seu maior patrimônio, por isso, antes de sair com sua bike, pense primeiro em sua segurança!
* Walter Magalhães: Formado em Administração de Empresas, tecnólogo em Processamento de Dados, fotógrafo free-lance e guia de turismo. Dedica-se a programas ambientais de incentivo a prática do cicloturismo associado à fotografia. Pratica o cicloturismo desde 1991, tendo pedalado mais de 6.000 quilômetros em viagens de bicicleta pelo Brasil, França, Argentina, Chile e Espanha (Caminho de Santiago de Compostela). É colaborador do Clube de Cicloturismo do Brasil. Esta expedição teve o apoio da Adventure Gears, Osiris Equipamentos, Bike Joe, Energy Sport, Revelapar, HB Sunglasses, Mad Signs e Studio Designer.
Este texto foi escrito por: Walter Magalhães*