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A montanhista dá dicas para quem vai pela primeira vez ao Parque Nacional do Itatiaia


Caminhada até as Prateleiras (foto: Danielle Pinto)

O Parque Nacional de Itatiaia foi o primeiro parque criado no Brasil, em 1937. Ele está localizado na divisa dos estados de Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, na Serra da Mantiqueira. As terras originalmente pertenciam ao Visconde de Mauá e foram adquiridas pelo estado em 1908.

O PNI se divide em dois setores: a Sede do Parque, ou Parte Baixa, com acesso pela cidade de Itatiaia (RJ), na altura do km 316 da Rodovia Dutra. A viagem dura aproximadamente 2h30min a partir do Rio de Janeiro e 3h de São Paulo. O outro setor é o Planalto, ou Parte Alta, com acesso pela cidade de Engenheiro Passos (RJ) vindo do Rio de Janeiro, siga pela Dutra até 3 quilômetros antes da divisa com SP, e depois pegue a Estrada Rio-Caxambú (Circuito da Águas).

O PNI é administrado pelo Ministério do Meio Ambiente. Antes de visita-lo, entre no site www.4.icmbio.gov.br/parna_itatiaia para informações como reserva do refúgio e camping, valor de ingresso e das taxas de trilha, conduta consciente e outras (não saia de casa antes de conhecer as normas do parque).

É na Parte Alta que se localiza o Abrigo Rebouças, um refúgio literalmente na montanha. De lá se tem uma linda vista do Pico das Agulhas Negras, com seus 2.791 metros de altitude o ponto culminante do Estado do Rio de Janeiro e a oitava montanha mais alta do Brasil.

Do refúgio também se tem acesso ao Maciço das Prateleiras, com cume a 2.548 metros de altitude. As Prateleiras oferecem várias vias de escalada, entre elas as clássicas Chaminé Idalício, Chaminé Willian Brackmam e Sexto Sentido. Também é possível acessar o cume escalaminhando, em um percurso de 1h30min entre o Rebouças e a base. Para subir, é necessário ter experiência ou a presença de um guia. Próximo às Prateleiras existem também alguns lagos e curiosas formações rochosas, como as pedras da Tartaruga, da Maçã e a Assentada.

É também da Parte Alta que se tem acesso ao Vale do Aiuruóca, voltado para Minas Gerais. O passeio conta com a geladíssima Cachoeira do Aiuruóca e a formação rochosa Ovos da Galinha. Para chegar, é necessário fazer uma caminhada moderada com vista para as formações Asa do Hermes e Pedra do Altar. Tanto a Asa como o Altar tem lindas vias de escalada, com ascensão até seus cumes. Também é possível chegar ao Altar por meio de uma caminhada em trilha.

Já na Parte Baixa há vias de escalada no Mirante Último Adeus, além de atrações como o Lago Azul e a Cachoeira Poranga.

Em um grupo de 10 pessoas partimos de Curitiba (PR) rumo ao Itatiaia, para passar 10 dias no Abrigo Rebouças para se hospedar ali é preciso fazer reserva um mês antes, mas vale a pena se programar, pois ficar no abrigo facilita as aproximações, sem falar do visual e do astral de estar no meio de tantas montanhas espetaculares.

Para nos acostumarmos com o tipo de rocha local (chamada intrusiva, um tipo raro parecido com o granito), no primeiro dia escalamos no Morro do Couto, onde existem várias vias esportivas de cerca de 20 a 25 metros de altura, com predomínio de aderência.

O setor de escalada está à 1h30min de caminhada a partir do Rebouças, seguindo em direção à entrada do parque. Há uma trilha em direção ao cume do Couto, que fica íngreme na parte final, sendo necessário andar em alguns blocos grandes. Mas para quem está acostumado com o ambiente de montanha, é sossegado.

No dia seguinte, fomos às Prateleiras escalar a Chaminé do Idalício. A via começa com um artificial A1 e depois segue por uma chaminé com duas cordadas. A Idalício fica na face sul da montanha e foi conquista em 1984 por Carlos Carrozino, Etzel Von Stockert e Giuseppe Pellegrini.

Também subimos a via Pontão do Sol, já no Pico das Agulhas Negras, uma rota bem acessível, pois tínhamos três crianças no grupo. A subida levou 3 horas desde o abrigo. Na descida, escalamos o Paredão Oba Oba que, segundo o guia local, tem graduação III, mas boas emoções em seus 40 metros de subida.

Durante a viagem também escalamos na Pedra do Altar. A formação impressiona pela imponência, mas a escalada não apresenta dificuldade. Ali atingimos o cume pelas vias Gênisis (4sup E2) e pelo Paredão Alexandra (III sup A0). Porém, o topo também pode ser facilmente acessado por uma caminhada.

Este texto foi escrito por: Danielle Pinto