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A regata in-port na Cidade do Cabo

Redação Webventure/ Vela

No último dia 26, na Cidade do Cabo, foi disputada a segunda regata in-port, que compõe a Volvo Ocean Race. Quem não acompanhou, sequer pela Internet, perdeu um balde de emoções: barco encalhando, velas rasgadas, escotas estouradas, erros na condução dos barcos, erros táticos, falta de entrosamento das equipes, e muita, muita coragem de todos que ali estavam.

Até os expectadores balançavam sobre as ondas formadas pelo forte vento de até 40 nós na baia da Table Mountain. Enfim, um show que dificilmente será esquecido.Nada a se comparar com a primeira in-port disputada em Sanxenxo, principalmente para os astros da vez, o ABN AMRO 1.

A regata começou com uma largada muito boa do Brasil 1, pois Torben Grael acertou o ‘timming’ e colocou o barco azul na melhor posição da linha.

Mudança de posição – Assim, logo ao sinal da partida, o Brasil 1 saiu em primeiro liderando a regata, mas foi por muito pouco tempo, pois ao seguir para o lado esquerdo ficou com menos vento que os demais. Nessa hora o ABN AMRO 1 já ‘voava’ em direção à primeira bóia e daí em diante foi um show de perícia e controle do barco por parte de Mike Sanderson e sua tripulação. Com maestria provaram que o episódio de Sanxenxo era algo atípico, e que são sim favoritos, inclusive em regatas de percurso pequeno.

Diria que essa vitória na regata in-port em questão, significou e significará muito, até mais do que a da primeira perna offshore. Ficou evidente que esse time é técnico, capaz de lidar com o barco sob quaisquer condições e que o barco é muito, muito bom mesmo, forte e veloz.

Esses três ítens irão ajudar o ABN AMRO 1 em todas as outras etapas, não pela própria velocidade, tática ou manejo do barco, mas pela certeza na cabeça de cada tripulante que eles atualmente são os favoritos.

Vejo que o favoritismo não joga contra como em outros esportes, mas sim a favor, pois dá uma força extra nas condições adversas que estão por vir. Sem dúvida é um apoio psicológico, pois saibam, a Volvo é mais do que uma mera regata de longo percurso, é uma prova de nervos, de motivação e trabalho em equipe. Por enquanto o ABN AMRO 1 acaba de dar mais um passo com o pé direito.

Outros barcos – ABN AMRO TWO e Piratas do Caribe brigando cabeça a cabeça por vento. Quanto à emoção desta ultima in-port, não sei nem por onde começar! A briga pelo segundo lugar foi voraz.

Os Piratas do Caribe, sempre muito agressivos, acabaram deixando escapar alguns preciosos pontinhos no fim da regata devido a uma colossal atravessada que parecia estar em câmera lenta, pois nunca acabava.

O movistar soube aproveitar a chance que teve para ultrapassar o ABN AMRO 2 e conseguiu a segunda posição. Já o ABN AMRO 2 velejou muito bem o começo da prova, mas uma pequena encalhada e a escolha errada de uma vela fez com que o terceiro lugar tivesse um sabor estranho. Afinal eles poderiam ter chegado em segundo, mas dadas as condições caóticas da regata, o pódio é motivo de muito orgulho!

Eu duvido que haja outra prova tão radical como essa nas próximas regatas in-port. Ventos com rajadas de 40 nós, barcos semi-descontrolados andando a 28, 30 nós a menos de dez metros de distância um do outro, é coisa de profissional ou de maluco. Melhor para os velejadores que já podem virar essa página, Cidade do Cabo e Table Mountain ficarão na memória, pior para nós que, aqui de fora, na condição de torcedores, teremos espetáculos menos surpreendentes. Tomara que eu esteja errado…

Até segunda-feira, pois essa largada promete. Na próxima coluna falarei sobre o desafio dos três primeiros dias da perna Cidade do Cabo-Melbourne. Haja estômago!

Até lá,

André

Este texto foi escrito por: André Mirsky, do Team ABN Amro

Last modified: dezembro 29, 2005

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