Pupo no primeiro trecho de mountain bike; segundo ele a prova foi de superação. (foto: André Pascowitch)
Superação foi como definiu José Roberto Pupo, experiente atleta no remo e proprietário da Canoar Rafting & Expedições, sua participação na Etapa Carlos Botelho, a primeira do Circuito Brasileiro de Corridas de Aventura, realizada fim de semana passado, no Parque Estadual de mesmo nome, com cobertura on line do Webventure.
Ao final dos 110 km de percurso, depois de 17 horas ininterruptas nas modalidades de trekking, mountain bike, canoa canadense, técnicas verticais (ascensão e rapel) e orientação, Pupo terminou a corrida esgotado, ofegante pelo esforço produzido. Foi uma prova de superação, resumiu logo após a chegada.
Formado em Educação Física na USP, Pupo, 34 anos, possui um currículo invejável no remo. Já foi vice-campeão brasileiro e sul-americano de canoagem (1989/1990), tricampeão brasileiro de rafting (1996/ 1997 e 1999), medalha de bronze no Jogos Mundiais da Natureza (1997) e técnico de canoagem da seleção brasileira nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992. Apesar sempre praticar esportes ligados à natureza, não tem uma larga experiência em corridas de aventura, mas mostrou ser perseverante e determinado.
Em duas participações, no Reebok Ecomotio Circuit, em Paraty, janeiro último, e na Etapa Carlos Botelho, a equipe à qual pertencia ficou entre as primeiras colocadas. Na estréia, conquistou o terceiro lugar, e dessa vez, a vitória. Nas duas ocasiões, esteve acompanhado de Alexandre Freitas, organizador da Expedição Mata Atlântica. Quando surgiu o convite para ajudar na organização da EMA eu disse que ajudaria, contanto que ele me levasse para correr uma prova, contou.
Sofrimento – Muitos foram os sacrifícios de Pupo nesta etapa do Parque Carlos Botelho. Na saída do segundo trekking, ele teve uma forte pancada no joelho direito, que se agravou durante toda da corrida. Tinha uma ponte cheia de troncos e matos, e eu vinha correndo na frente. Minha perna enfiou inteira. Dali em diante, não conseguia mais dobrar o joelho, descreveu.
As dores foram aumentando e, ao invés de parar, Pupo continuou. O que foi decisivo na nossa equipe é que fomos nos colocando pilha o tempo inteiro. E aí, nos animamos para continuar. Posso falar porque treinei com a Karina (Bacha, terceira integrante da equipe) e com Alê algumas vezes e não tenho um terço do condicionamento deles. No entanto, consegui acompanhá-los boa parte da prova.
Mais difícil – Mesmo com todo o conhecimento no remo, segundo ele, o trecho mais difícil foi, por incrível que pareça, a canoa, que é diferente de bote e caiaque porque você não consegue mudar a direção dela rapidamente, só de maneira gradual. E para isso é preciso de cotovelo, tronco. Estivemos para virar várias vezes, explicou.
Dualidade – Fora as dificuldades físicas, houve dois momentos diferentes na corrida para Pupo: a tristeza do desmatamento de palmital e a contemplação da natureza. Na saída do primeiro trekking para a transição de mountain bike tinham vários palmitos derrubados. Na hora, fiquei muito chateado. Por outro lado, foi linda a saída da mata no segundo trecho de trekking. Tinha uma floresta de lírios.
Lição para vida – Para Pupo, a vitória não foi o fundamental, mas sim as lições que uma corrida de aventura ensina. Para mim não importa chegar em primeiro, segundo, terceiro ou quarto. Estou feliz por ter conseguido me superar, ter ido muito além do meu corpo. Tirei de positivo é que mesmo na adversidade, se quisermos e tivermos vontade, podemos superar os problemas, finalizou.
E vontade é o que não falta para que volte a competir. Antes, porém, ele terá de recuperar as energias e se recompor das múltiplas lesões na musculatura do gêmeos, causadas por sobrecarga da contusão no joelho. Claro, só não sei quando. Minha situação atual? Imobilização, muletas, fisioterapia e possivelmente três semanas de recuperação, se eu me empenhar ao máximo…, finalizou.
Este texto foi escrito por: André Pascowitch
Last modified: fevereiro 21, 2017