André Mirsky de 27 anos velejador do Team ABN Amro (foto: Divulgação/ Team ABN AMRO)
E aí pessoal? Como já tinha declarado antes, nada como ganhar. No dia seguinte a gente acorda igualzinho aos dias anteriores, mas tem uma coisa lá dentro da cabeça que espalha uma sensação de bem estar especial.
A recepção que tivemos foi maravilhosa, uma coisa inédita na vela mundial, quase 20.000 pessoas na praia, a presença e recepção pelo Presidente de uma Nação… E não parou por aí já que depois ainda tivemos uma série de festividades, jantar com o presidente, jantar com o Embaixador Francês (no qual o Seb e eu fomos para gastar o verbo) todo mundo nos reconhecendo pelas ruas, pedindo autógrafos e fotos, vida de super star. É realmente algo do qual nunca tinha ouvido falar na vela competitiva, uma festa dessa grandeza.
Mas queria mesmo era contar um pouco sobre as últimas horas de velejada, após angustiantes dias sem vento a apenas 36 milhas do Congo. Em um barco como o ABN AMRO VO60, esse é um percurso para ser percorrido em, no máximo, 3 horas, mas já se falava que seriam 12 horas ainda. Comecei o meu turno às 10 da noite e a vontade de chegar era tamanha que cheguei ao convés dizendo que precisávamos chegar dentro das próximas 4 horas. O pessoal achou meio esquisito porque o vento era muito fraco. Aí começou a sessão do capricho total nas regulagens das velas, nos bordos, nas rondadas de vento. Aos poucos fomos avançando melhor e quando vimos já estávamos perto da chegada.
A concentração estava no grau máximo, como se fosse a última regata de nossas vidas, como se outros barcos estivessem ameaçando a nossa vitória. Silêncio absoluto, todos trabalhando, o Lucas fazendo a proa, o John (Gerd-Jan Poortman) olhando as rajadas na água, o Seb e o Si Fi de olho na linha de chegada, o Scott e o Luke trimando as velas e eu no leme. Naquele momento, todo esse esforço, mesmo depois de 23 dias no mar, ficou evidente que a Equipe tem potencial para andar muito bem, foram as 30 milhas mais rápidas que o VO60 fez naquelas condições.
Acho que os velejadores e os amantes da vela em geral no Brasil têm do que se orgulhar, uma vitória em uma regata como essa era inédita e deve ser divulgada e gravada na história do nosso esporte.
A gente se vê na semana que vem em Ilhabela.
Sucesso para todos nós,
André
Este texto foi escrito por: André Mirsky, velejador brasileiro do TEAM ABN AMRO