Raia camuflada (foto: Raul Guastini)
Uma viagem que todo mergulhador deve fazer é conhecer o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, área que é conhecida pelos seus famosos parcéis em forma de chapeirões (cogumelos) que no passado causaram medos e acidentes, tanto que o nome vem das advertências nas antigas cartas náuticas (abra os olhos) da região. Lugar muito rico em recifes, algas e ictiofauna, abriga espécies ameaçadas de extinção, com destaque para as baleias Jubarte, as tartarugas-marinha, e os corais cérebro.
O Parque Marinho dos Abrolhos é dividido em duas áreas, totalizando uma área de 91.235,5 ha (266 milhas náuticas quadradas). A primeira com 233,60 milhas náuticas quadradas distante cerca de 65 km da costa, compreendendo o Parcel e o Arquipélago dos Abrolhos. A segunda com 32,25 milhas náuticas quadradas e distante cerca de 12 km da costa onde se encontra o Recife dos Timbebas.
O Parque Nacional Marinho dos Abrolhos compreende todas as águas, ilhas, recifes e plataforma continental dentro dos limites do parque, com exceção da ilha de Santa Bárbara, cuja jurisdição e controle são a cargo da Marinha do Brasil.
Escolha – Existem três tipos de saídas para o mergulho em Abrolhos: as lanchas, as trawlers e os catamarãs, como também as saídas podem ser de um dia ou em live aboard.
Com certeza você vai aproveitar mais o live aboard, com um número maior de mergulhos com a maior estada. Em uma das viagens saímos no catamarã Horizonte Aberto, e logo apareceram as vantagens: maior estabilidade na navegação que durou cerca de três horas, passando pelo Parcel das Paredes, maior espaço para preparar os equipamentos e equipar-se, por conseqüência um maior conforto.
Chegando ao arquipélago, acontece a visita do guarda parque do Ibama, para conferir a documentação dos participantes. Sim, não esqueça a sua credencial e seu logbook; pois são requisitados; também o guarda parque dá as boas vindas e as explicações sobre o que fazer e não fazer em Abrolhos.
Os mergulhos em Abrolhos são acompanhados pelos guias de mergulho do parque. Sempre o primeiro mergulho é de adaptação e conhecimento entre os guias e os mergulhadores, daí podem existir descidas de acordo com o nível de formação e habilidades dos mergulhadores; em todos os mergulhos você sente a fauna subaquática dos Abrolhos, badejos grandes, raias grandes, tartarugas, baiacus e outros peixes em grande número e porte, não posso esquecer dos super meros e das barracudas.
Nos intervalos, podem ser feitos mergulhos livres, rasos e com intensa atividade de peixes e crustáceos. Estes mergulhos são feitos dentro do arquipélago. Já indo para fora encontramos os points mais fortes com naufrágios e as famosas formações de Abrolhos os Chapeirões (formações de coral com forma de cogumelos, e próximos, criando corredores e tocas), para os mergulhadores é uma explosão de peixes e crustáceos, para os navegadores um perigo. Realmente belos locais de mergulho.
De noite mergulhamos também, tanto autônomo como o livre. Geralmente o barco fica ancorado próximo a ilha de Santa Bárbara. São locais rasos, onde aproveitamos um tempo de fundo maior, pois o consumo de ar diminui bastante frente aos mergulhos mais fundos. Novamente Abrolhos preza sua fama, um intenso movimento de animais, além dos estáticos, como anêmonas, gorgonias etc. Um espetáculo!
Mergulho singular, onde os peixes de grande porte acompanham o mergulhador, badejos, budiões gigantes e barracudas.
Profundidade: 8m
Visibilidade: 15m
Correntes: não
Temperatura: 27°C
Nível de mergulho: básico em diante
Navegação: costeira seguindo as pedras ao longo da ilha
Tem uns badejos que se deixam tocar, acompanhando o mergulho, o chapeirões formam labirintos com passagens e tocas.
Profundidade: 14m
Visibilidade: 10m
Correntes: não
Temperatura: 27°C
Nível de mergulho: básico em diante
Navegação: Pode ser feito com bússola sentido ida e volta ou quadrado, descontando os chapeirões no meio do curso, também pode ser como mergulho em corrente sai de um ponto e termina o mergulho esperando o barco fazer o resgate.
Fizemos um noturno, em algumas tocas pode-se ver budiões dentro de bolhas, protegidos dos predadores. Muita vida pequena, como um parque infantil.
Profundidade: 11m
Visibilidade: 15m
Correntes: não
Temperatura: 27°C
Nível de mergulho: básico em diante
Navegação: Neste local existe uma formação de coral entre a ilha e o local onde o barco ancora, navegação costeira com saída e retorno para o barco.
Também foi um mergulho noturno, como o anterior, com muita vida e algumas raias.
Profundidade: 6m
Visibilidade: 8m
Correntes: não
Temperatura: 27°C
Nível de mergulho: básico em diante
Navegação: Costeira
Profundidade: 20m
Visibilidade: 12m
Correntes: fraco
Temperatura: 27°C
Nível de mergulho: básico em diante
Navegação: Estes chapeirões são maiores com menores espaços entre si, portanto o melhor a fazer é começar e esperar o barco ao fim do mergulho,
Profundidade: 9m
Visibilidade: 15m
Correntes: não
Temperatura: 27°C
Nível de mergulho: básico em diante
Navegação: costeira
Um local raso, e incrível pela quantidade de tocas e cavernas que se encontra, formam um corredor com clarabóias, muita vida de peixes como manjubas, sargos, moréias, badejos etc. Local raso que requer conhecimento e com certeza a presença do guia é indispensável, pois se perder ou fazer uma entrada em local errado pode tomar um susto ou um problema mais sério.
Profundidade: 12m
Visibilidade: 15m
Correntes: não
Temperatura: 27°C
Nível de mergulho: básico experiente ou avançado, pois a passagem errada pode levantar suspensão prejudicando a visibilidade.
Navegação: Seguindo o guia, pois ele sabe o local de entrada e saída das cavernas.
O naufrágio Guadiana está semi destroçado, mas com alguns locais de pequenas penetrações e passagens, a amarração é de proa, descida por cabo na corrente rasa, após uns 10 m já não se sente essa corrente, começamos pela proa, indo em direção a popa onde se encontra dois hélices, interessante, por que um é de reserva, dá ver muito bem suas âncoras, os guinchos, mastros, malaguetas, seu leme. O Guadiana está a latitude 17º53,7102 sul e longitude 038º39.616 oeste. Tudo começou com uma batida forte, depois de uma manobra de ré o navio tombou de lado, estava perdido. Um belo mergulho.
Profundidade: 27m
Visibilidade: 15m
Correntes: sim, fortes na superfície
Temperatura: 27°C
Nível de mergulho: básico em diante
Navegação: Em torno do naufrágio, começando pela proa indo por um bordo para a popa e retornando pelo outro bordo subindo pelo cabo do barco.
O naufrágio Rosalinda está na latitude 17º5732 sul e longitude 038º2842 oeste e uma profundidade máxima de 20 metros, naufragou devido a um choque e acabou sendo inundado. Hoje repousa inteiro e destaca-se o seu timão na popa, hélice, leme, sua carga de cimento, suas caldeiras. O navio está partido no centro, o que me chamou a atenção foi a presença de Barracudas nas caldeiras. De novo voltamos para o barco pela corda que foi colocada na popa do naufrágio.
Profundidade: 23m
Visibilidade: 12m
Correntes: sim, fortes na superfície
Temperatura: 27°C
Nível de mergulho: básico em diante
Navegação: Como no Guadiana, mas a amarração é de popa.
O nome se consolidou pelo registro histórico da batalha dos Abrolhos travada em 1631 entre as esquadras holandesa e ibero-portuguesa a oitenta léguas a leste do arquipélago. A luta foi considerada a maior batalha naval do Atlântico, até aquela data, sua conseqüência foi o abandono da idéia dos holandeses de se estabelecerem no Brasil.
Mais relatos históricos incluem a visita de Charles Darwin a bordo do BHS Beagle em 1832, fornecendo as primeiras descrições dos recifes. Como o perigo que os Abrolhos constituíam para a navegação D. Pedro II mandou instalar um farol, para orientar a navegação, este foi inaugurado em 1861, e funciona até os dias de hoje. Mais tarde aconteceu a visita da expedição do pesquisador canadense Charles Frederich Hartt, são dele os primeiros estudos a respeito da geologia do arquipélago e de coletas de corais, hidrocorais e gorgônias.
Nos séculos XIX e XX o arquipélago foi visitado por caçadores de baleias, que usavam a ponta dos Caldeiros, na ilha de Santa Bárbara para derreter a gordura das baleias em grandes caldeiras alimentadas por fornalhas; quando o clima não permitia o deslocamento para o continente.
Durante a segunda Guerra Mundial a Marinha do Brasil deixou lá uma guarnição militar. Em 1961 e 1962 Abrolhos foi visitado pela expedição Calypso, o biólogo francês Jacques Laborel fez várias viagens ao arquipélago e identificou os recifes como os maiores e mais ricos de toda costa brasileira.
Em 1969 surge pela primeira vez a idéia de transformar Abrolhos em parque nacional, após várias reuniões e manifestações nas décadas de 70 e 80, o parque foi finalmente criado em 6 de abril de 1983.
Informações turísticas: Agências e Secretaria de Turismo de Caravelas (73) 287-1113 ramal 230; Fax: (73) 297 11 01.
Como chegar: Acesso rodoviário: até cidade Teixeira de Freitas BR 101, depois a estrada asfaltada de 90 km até Caravelas; Saindo do Prado pela BA 001 no sentido sul, percorre 48 km passando pela Alcobaça até cidade Caravelas;
Acesso aéreo: Aeroporto mais próximo Porto Seguro, aprox: 3h de viagem de Porto Seguro até Caravelas. Distância de Salvador: 822 km
Acesso marítimo/fluvial: Entrada via rio Caravelas – Terminal Marítimo/Fluvial de Caravelas com infraestrutura: atracadouros, combustível, água, chuveiro, banheiro, guarda municipal, área de manutenção.
Localização por GPS: O Parque Marinho dos Abrolhos é dividido em duas áreas, totalizando uma área de 91.235,5 ha (266 milhas náuticas quadradas). A primeira com 233,60 milhas náuticas quadradas distante cerca de 65 km da costa, compreendendo o Parcel e o Arquipélago dos Abrolhos ( as ilhas: Santa Bárbara, Redonda, Siriba e Sueste), posição GPS: vértice A: 17º43 lat. Sul e 038º45 long. Oeste, vértice B: 17º54 lat. Sul e 038º33,5 long. Oeste, vértice C: 18º09 lat. Sul e 038º33,5long. Oeste, vértice D 18º09 lat. Sul e 038º45 long. Oeste. A segunda com 32,25 milhas náuticas quadradas e distante cerca de 12 km da costa onde se encontra o Recife dos Timbebas, posição GPS vértice A: 17º25 lat. Sul e 039º02,7 long. Oeste, vértice B: 17º28 lat. Sul e 038º58 long. Oeste, vértice C: 17º32 lat. Sul e 038º58 long Oeste, vértice D: 17º32 lat. Sul e 039º02 long. Oeste, vértice E: 17º29 lat. Sul e 039º05,4 long. Oeste.
Esse texto teve o apoio de Dive Tech
Este texto foi escrito por: Raul Guastini
Last modified: março 19, 2007