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Acertos e erros em final emocionante

Show de resistência. É o que podemos concluir com as vias finais masculina e feminina do Master Brasileiro, encerrado anteontem, no Rio. Desta vez os route-setters acertaram na mosca. A via feminina, com uma seção vertical, um negativo seguido de um teto, um ótimo descanso, outro negativo e um teto final, foi minando as energias das escaladoras gradualmente.

Fui uma das últimas a escalar, só vi a Paloma e a Mônica, mas pelos resultados deu para perceber que cada uma caiu em um lugar (eu cometi um erro grave na passagem do teto e fiquei por ali mesmo… shit happens!).

Com seus movimentos longos e suaves, a Mônica escalou bem até a passagem do teto e usou o descanso muito bem, por vários minutos – deu para ver que até bateu um papo com o Alê Silva, que estava por trás da estrutura do muro filmando a via. Só que o negativo final estava cruel e, apesar de quase ter completado a via, Mônica não dominou a última agarra.

A Paloma como sempre levou a via tranqüilamente até o final do segundo negativo, parando para descansar pouquíssimo tempo depois do teto. Deu um susto em todo mundo no teto final, quando fez uma passagem em monté (pendurada apenas pelos braços) da antepenúltima para a penúltima agarra e chegou ao final da via quase no limite da sua resistência – que para nós, reles mortais, parece infinita. Só quem estava com ela lá na concentração não se assustou, porque ela já tinha esse plano desde o começo!

Susto na galera – Na final masculina outra via “casca grossa”: Um negativo leve, um negativo forte, outro negativo leve com umas agarras quase invisíveis lá de baixo e um teto. Muitos escaladores caíram no final do negativão, em uma passada um tanto longa entre duas agarronas. Outro filtro foi a passagem vertical quase lá no final, onde muitos não tinham mais forças para manter-se agarrados às micro-agarras.

Estilos bem diferentes: Fabinho, pequeno, flexível e muito leve, fez todos os movimentos da via estáticos, mesmo os que os mais altos fizeram em dinâmico – até o Guile, conhecido como o “Bicho Preguiça” dos escaladores. Eles, mais Helmut, Linha e Thiago, chegaram quase ao final da via.

Outro susto na galera: um incidente técnico (nããão! esqueceram de tirar da via uma costura desnecessária) atrapalhou a escalada do Belê e o derrubou, mas ele voltou para a concentração e, depois de ter se recuperado do susto, mandou a via lindamente e pela primeira vez venceu um campeonato brasileiro, dava para ver a emoção nos olhos dele!!

Parabéns para as meninas e os meninos, que contribuíram para o espetáculo da escalada!


Rosita Belinky, colaboradora da Webventure, escala há 11 anos e foi campeã brasileira em 92 e 94. Ela tem o patrocínio da Rainha e apoio de BY, Casa de Pedra e Competition.

Este texto foi escrito por: Rosita Belinky