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Adquira equipamentos seguros


Bike da Scott custa R$ 15.597 mesmo preço de um Ford Ka. (foto: Divulgação)

Adquirir o equipamento certo, de marca confiável e seguro é um pré-requisito mais do que necessário para a sua aventura. Para isso, a reportagem do Webventure ouviu os proprietários das principais lojas de esporte de aventura no país.

A primeira dica é evitar comprar equipamentos em lojas que não são especializadas. “Adquirir equipamentos para esporte de aventura é como comprar peças para informática. Caso você vá a uma loja do ramo, terá a garantia de produtos e serviços”, compara Justo Alcazar, dono da Half Dome, avaliada em recente pesquisa da revista Isto É junto a expoentes da aventura como a melhor loja de “ecoaventura” do Brasil.

“Mas para as peças de informática você tem a opção de ir à Santa Efigênia, onde pagará mais barato. Por outro lado, não saberá qual a procedência e correrá o risco de estar comprando um equipamento quebrado”, finaliza a comparação.

Falta informação – Na opinião de Pedro Ivo, um dos proprietários da loja Pé na Trilha, a importância de fazer compras em estabelecimentos comerciais especializados aumenta para praticantes de trekking, seu público-alvo. “O primeiro passo para comprar um equipamento seguro é saber onde você está comprando”, afirma.

Pedro ressalta o alto grau de desconhecimento do público em relação aos produtos de qualidade no trekking. “Cerca de 90% das pessoas que atendemos são completamente leigas. Por isso, nós assumimos a responsabilidade de passar ao cliente aquilo que garantirá a segurança durante a prática do esporte.”

Instrutor e vendedor da Narwhal, loja de mergulho, Frederico Galli endossa a opinião de Justo e Pedro. “Todo cuidado é pouco no momento em que você decide onde vai comprar. Existem hoje uma série de lugares que vendem de tudo, porém sem a menor preocupação com a qualidade do produto e os riscos que o mesmo pode representar em caso de mau uso”.

Há anos no mercado de esportes de aventura, lojas como Pé na Trilha, Half Dome, Pedal Power e Narwhall e outras do setor trabalham não apenas como comerciantes. Além de venderem o produto, os funcionários têm a instrução de orientar os clientes sobre as possibilidades de cada equipamento. O consumidor deve cobrar este tipo de atendimento das lojas.

“Fazemos perguntas às pessoas para traçar um perfil da necessidade prática delas. Em cima disso estabelecemos uma lista de produtos que serão úteis”, esclarece Justo Alcazar, da Half Dome, que deixa a decisão final para o comprador.

A parceria entre vendedor e cliente é fundamental para o primeiro, que obtém informações relevantes sobre a maneira de utilizar o equipamento e a melhor forma de fazê-lo funcionar perfeitamente. Esse tipo de contato reduziria a probabilidade de acidentes. “Comprar um equipamento errado de mergulho pode ser fatal”, diz Frederico Galli, da Narwhal. “Outra coisa fundamental é que, com orientação, você dificilmente comprará um produto errado, ou que não terá muita validade”, observa o instrutor.

Recusar-se a vender – Em uma situação extrema, funcionários da Pé na Trilha se recusaram a fazer uma venda. “Um rapaz chegou na loja com uma lista de equipamentos para comprar. Percebemos que ele não tinha o mínimo conhecimento e estava disposto a se expor a um grande perigo”, lembra Pedro Ivo. É bastante comum que jovens se empolguem com imagens de grandes aventuras mostradas pela televisão e sintam-se dispostos a repetir, ainda que nunca tenham praticado escalada, ou andando em uma trilha da Serra do Mar, por exemplo.

Nos esportes de aventura, produtos bons e baratos praticamente não existem. Biking, trekking, montanhismo, corrida de aventura e mergulho… em todos os casos os equipamentos costumam custar caro.

Segundo proprietários de lojas do ramo e instrutores, um produto a baixo custo pode representar diversos perigos. “No mergulho não adianta você comprar barato. Você vai achar que levará vantagem, mas, pelo contrário, estará levando um mico”, explica Frederico Galli.

Falta certificação nacional – Geralmente os produtos mais baratos são os nacionais. E a maioria das grandes lojas sequer aconselha a compra dos nacionais. “A Pé na Trilha não comercializa equipamentos produzidos no Brasil”, admite Pedro Ivo. O motivo? “Nenhum deles possui certificações de qualidade.”

Uma das exceções apontadas pelos lojistas é a Caloi, fabricante de bikes e uma das líderes do segmento de vendas pela qualidade de seus produtos. A Kailash também é respeitada por comerciantes porque adquire as ferragens somente fora do país, e todo o restante de sua produção, voltada para trekking e montanhismo, é feita aqui.

Controles de qualidade internacionais – Para quase todo tipo de equipamento importados há entidades estrangeiras que cuidam de realizar testes nos produtos para verificar sua qualidade, durabilidade e segurança.

A UIAA (federação internacional de alpinismo), por exemplo, é responsável pela homologação dos equipamentos de técnicas verticais. A CE (Comunidade Européia) cuida da mesma linha de produtos, enquanto a Três Sigma também atesta equipamentos de trekking. Ela se utiliza de cálculos (multiplica três vezes o desvio padrão e subtrai a carga que será utilizada em cada equipamento) para garantir 99,9% de segurança nos produtos que possuem seu selo.

“Esses critérios de controle de qualidade que certificam os produtos devem ser observados no momento da compra”, indica Justo Alcazar, da Half Dome. Apesar de mais doídos para os bolsos das pessoas, eles garantem uma aventura segura e prazerosa.

Conhecer os grandes fabricantes de cada modalidade esportiva também ajuda na hora de se decidir entre os equipamentos que você vai comprar. Por isso, o Webventure preparou, com a ajuda dos especialistas, uma lista com algumas das marcas mais confiáveis nas principais modalidades. Esta lista não pretende fazer a propaganda de nenhuma marca – apenas sugerir as mais reconhecidas no mercado atualmente.

Biking: Caloi, Scott e Trek são as principais produtoras de bikes. A Petzl produz capacetes e lanternas e a Shimano câmbios, e a Sigma e a Cateye colocam no mercado cidocomputadres e ciclo computadores para bikes.

Canionismo: Petzl, Kailash, Black Diamond e Beal fazem mosquetões, cadeirinhas, capacetes, freios, cordas e costuras.

Mergulho: U.S. Divers, Mares e Scubapro produzem roupas, reguladores, cilindros e todo o equipamento básico.

Montahismo: Black Diamond, Petzl e Kailash produzem equipamentos técnicos, como capacetes, mosquetões, cadeirinhas e freios. Já a Beal leva ao mercado cordas, cordeletes e fitas.

Trekking: Suunto, Recta e Coghlans produzem bússolas e relógios. Já Mont Blanc, Equinox e Curtlo se encarregam de colocar à venda acessórios como mochilas para expedição, canivetes e outros.

Este texto foi escrito por: Jorge Nicola