Adriana tirou o bronze no Pan da Argentina (foto: Thiago Padovanni/ www.webventure.com.br)
Adriana Kostiw é atleta da classe Laser Radial e já participou de uma Olimpíada: Atenas 2004, onde conquistou a 17ª colocação. Em 2007, ela faturou a medalha de bronze no Pan do Rio. A velejadora irá comentar para o Webventure a participação dos brasileiros nas provas de vela das Olimpíadas de Pequim.
O primeiro brasileiro a entrar na raia olímpica em Pequim foi Eduardo Couto, da classe Finn. Ele iniciou a prova super bem e está na 10ª colocação no geral, apesar de já ter tomado duas bandeiras amarelas ele já infligiu duas vezes a regra, se acontecer novamente, será desclassificado da prova. O Eduardo tem que manter uma boa consistência e manter o ritmo. É a primeira Olimpíada dele e a estréia na classe Finn, está sendo uma surpresa; antes ele competia na Laser.
Na classe 49er, os gaúchos André Fonseca e Rodrigo Duarte mantiveram a mesma regularidade da outra edição dos Jogos Olímpicos, em 2004 em Atenas, ficando entre a 6ª e 7ª colocação. E até agora já se foram cinco regatas e os brasileiros somam 23 pontos. O Bimba, na RS:X (prancha a vela), está mantendo uma média e permanece no 7º lugar no geral.
Medal Race – O importante desta Olimpíada, diferente de Atenas, é a Medal Race (regata que reúne os dez primeiros colocados em cada classe para uma disputa final. A pontuação atingida nesta regata tem o valor dobrado). No Pan, no último dia, eu estava na quinta colocação e conquistei a medalha de bronze. Por exemplo, o Bimba pode ir para a Medal Race em sétimo e o primeiro colocado está com três pontos na frente. Se o brasileiro conquistar um terceiro ou quarto lugar, já ganhou.
O Brasil, até o momento, temos brasileiros nas classes Finn, 49er, Prancha a Vela entre os dez primeiros. A Patrícia Freitas, mais nova representante nas Olimpíadas com apenas 18 anos, está em 16º na Prancha a Vela.
Na 470, minha ex-parceira Fernanda Oliveira em Atenas junto com a Isabela Swan estão em 16º. Não é o resultado mais honesto para elas, deveriam estar entre as cinco melhores. A Fernanda veleja muito bem e é a terceira Olimpíada dela; a Isabel é uma super proeira. Fizeram um trabalho muito bacana de patrocínio e investimentos no barco. Elas estão em um ponto que nenhuma mulher esteve onde elas estiveram mundialmente, tenho certeza que elas vão melhorar.
Acho que o nervosismo as atrapalhou. Não mando mais e-mails dizendo boa sorte, pois estavam cotados para trazer medalhas para o Brasil o Robert Scheidt, o Bimba e a Fernanda com a Isabel, mas essa cobrança pode atrapalhar. Ano passado foi a mesma coisa: ela começou mal e se recuperou, terminando em 6º na China. Mulher é diferente dos homens, levam mais emoção, mas tenho certeza que vão melhorar.
Os meninos da 470, o Fabio Pillar e o Samuel Albrech estão em 18º. Esta é a primeira Olimpíada do Fabio, ele foi campeão mundial da categoria Laser Radial, a que eu velejo. É um barco novo, que ele começou a treinar no ano passado e está levando Pequim como um grande desafio e uma nova experiência. Mas tudo pode acontecer…
Disputas finais – Bem diferente do ano passado, que o Torben Grael ganhou por antecipação. Ele não correu na última regata e isso não vai mais acontecer porque, no caso, o Torben estava cerca de 20 pontos à frente do segundo. Este ano a Medal Race é que vale, uns gostam e outros não.
Os argentinos, por exemplo, não gostam muito disso. Quando ganhei a medalha de bronze do Pan, eu classifiquei em quinto e ela em terceiro, então eu roubei a medalha da Argentina. O Bimba também é outro exemplo: na França, ele acabou o campeonato em sétimo e na Medal Race venceu todos e conquistou o ouro.
Robert Scheidt vai estrear ao lado do Bruna Prada na classe Star. Apesar da estréia, ele sabe lidar muito bem com a pressão.
Em Pequim, dois grandes medalhistas podem se tornar tricampeões olímpicos: Robert Scheidt e Ben Ainslie, que foi o grande adversário do brasileiro em Atlanta e Sydnei.
Vale lembrar que a vela brasileira está com uma super estrutura para esta Olimpíada, não tem nada a perder para os europeus. Os atletas treinaram muito bem nas raias do Rio de Janeiro e na China. Não faltou nada, tudo vai depender deles próprios. Vamos seguir na torcida!
Este texto foi escrito por: Adriana Kostiw, especial para o Webventure
Last modified: agosto 11, 2008