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Adriana Nascimento fala sobre participação da mulher no MTB

Redação Webventure/ Biking

Para Adriana treinos devem ser individualizados e respeitar limites (foto: Camila Christianini/ www.webventure.com.br)
Para Adriana treinos devem ser individualizados e respeitar limites (foto: Camila Christianini/ www.webventure.com.br)

“É muito interessante a reação masculina nas competições quando falamos “com licença por favor”. Além de estarmos mais fortes ou termos mais habilidade técnica, ainda pedimos passagem com delicadeza”. A mountain biker Adriana Nascimento, de 28 anos de idade e 12 anos de experiência no esporte, define muito bem qual é a participação feminina no mountain bike brasileiro atualmente. A atleta, octa-campeã brasileira de cross-country, já deixou muito marmanjo comendo poeira pelo caminho.

Adriana acredita que seu desempenho e os títulos conquistados durante a carreira tenham contribuído não só para a conquista do respeito dos meninos, mas também da admiração. “Percebo a admiração dos homens pelas mulheres que se envolvem com a prática do MTB, principalmente quanto ao domínio da técnica e resistência psicológica”, relatou. Haja admiração para tantas atletas talentosas da modalidade. Além de Adriana, outras brasileiras dão show no MTB, como Jaqueline Mourão, Roberta Stopa, Érika Gamiscelli, etc.

Equipamentos – Anos atrás, quando a participação feminina ainda não era tão significativa, um dos desafios que as pioneiras encontraram foi a necessidade de se adaptar aos equipamentos e acessórios, até então idealizados para os homens. “Quando comecei a competir precisava colocar duas palmilhas e um pouco de jornal na ponta da sapatilha, não havia quase nada do meu tamanho. Conseguir uma bicicleta adequada era difícil demais e atrapalhava muito o desempenho nas competições”, falou Nascimento sobre sua experiência.

Com o crescente interesse e adesão das mulheres ao esporte, empresas do mercado investiram no desenvolvimento de equipamentos específicos para a porção feminina. Hoje as mulheres têm bicicletas, sapatilhas, capacetes, camisetas, bermudas e todos os outros itens básicos específicos para uma ciclista, especialmente feitos para elas.

De acordo com Adriana Nascimento, os equipamentos são característicos pelo “design feminino, que garante muito conforto e, é claro, nos deixa mais bonitas”. O quadro de sua mountain bike é mais curto, já que como a maioria das mulheres, Adriana tem o tronco menor que o dos homens. O selim, também adaptado às meninas, é mais leve e confortável, o que segundo ela favorece um melhor desempenho nas provas.

Seu treinamento também obedece as particularidades da fisiologia feminina, como o ciclo menstrual, que provoca alterações hormonais, mas segundo Adriana isso não é um problema, nem um fator negativo quanto ao desenvolvimento de sua capacidade e habilidades específicas. A mountain biker, que tem problemas com retenção de líquido e aumento da freqüência cardíaca, diz que o importante é saber lidar com seus sintomas. Para ela “o que mais atrapalha é uma fragilidade emocional comum nesse período”.

Surpreendentemente, a gravidez, quando está no início, pode melhorar o desempenho da mulher. “Já houve casos de atletas que engravidavam para competir e depois da competição abortavam, um absurdo”, contou Nascimento. As mulheres que têm filhos também costumam ficar mais fortes. “Conheço várias que se cuidaram bem durante a gravidez e depois de amamentar voltaram a praticar MTB com uma condição física e psicológica muito superior”.

“Os treinos devem ser sempre individualizados e respeitar os limites de cada pessoa, seja homem ou mulher”, acredita. Devido à falta de tempo e segurança das ruas de São Paulo, onde mora, Adriana treina três dias por semana em casa, com sessões de 1h30 em um ciclosimulador. Apenas nos finais de semana a atleta realiza treinos de resistência em estrada. Após mais de uma década de experiência, Adriana se diz “bem feliz com os resultados que tenho obtido nas competições”.

Em entrevista ao Webventure, a atleta deu algumas dicas para as mulheres que se interessam pelo mountain bike e desejam se iniciar no esporte. Confira abaixo:

  • Procure orientação com profissionais especializados. Hoje temos muitos recursos quanto à alimentação, equipamentos, treinamento, etc., independente de competir ou praticar o esporte sem compromisso.
  • A maioria das competições tem categorias femininas com divisões por idade ou nível de condicionamento, escolha uma corrida e categoria adequada para você. Vale a pena experimentar!
  • Também existem assessorias esportivas especializadas em treinamento feminino e grupos organizados que promovem eventos só para mulheres, basta uma busca na internet.
  • Em São Paulo, o Sampa Bikers organiza passeios e competições adequadas para quem está iniciando. Vale a pena conferir a Copa Amadora.

    Este texto foi escrito por: Roberta Spiandorim

    Last modified: março 6, 2007

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    Redação Webventure
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