Dois fatos ocorridos na terceira etapa do Campeonato Brasileiro de Cross-country, o Baja Balneário Camboriú, atrapalharam o andamento da prova. O resultado do prólogo foi desconsiderado para definir a ordem de largada e a classificação final teve um atraso de seis horas para ser divulgada por causa de uma penalização. Durante essa semana alguns dos responsáveis se manifestaram sobre o assunto, como mostra a carta abaixo, publicada na íntegra, e assinada pela Adventure Eventos, promotora da prova, que tem Dyonísio Malheiro como presidente. O Webventure continuará acompanhando os fatos e publicando todas as novidades sobre o assunto. Segue a carta:
A Adventure Eventos vem por meio desta manifestar-se sobre os incidentes ocorridos durante a 3ª Etapa do Campeonato Brasileiro de Rally Cross Country em Balneário Camboriú, nos dias 18 e 19 e junho de 2005.
No sábado (18/06) houve o Prólogo e Super Prime cronometrados e apurados pela Mr Bit, empresa sediada em Santa Catarina, que opera no segmento de competições off road desde 1999, sob a direção de André Fabiano Alcântara. A cada bateria concluída o diretor de cronometragem apresentava os resultados ao Comissário da CBA Ricardo Costa e ao diretor de prova Fernando Bentivoglio praticamente em tempo real. Ambos estavam na torre de cronometragem com visão absoluta do circuito.
Havia 10 fiscais na pista e um comissário da Adventure, sr Luis Fernando Goulart, também na torre de cronometragem anotando as penalizações por derrubada de estaca ou ruptura das fitas demarcatórias do circuito (bumping).
Tais penalizações de 10 segundos por infração eram imediatamente lançadas e acrescentadas ao tempo obtido por cada competidor. A definição do tempo de penalização em 10 segundos foi determinada pela CBA e Direção de Prova após vistoria no circuito, sendo comunicada ao diretor do evento sr Dyonisio Malheiro que informou aos pilotos antes da largada quando estavam reunidos em discussão sobre a primeira curva da pista 1.
Ali foi tomada a decisão de iniciar a cronometragem após a tal curva, o que eliminaria qualquer desvantagem em relação a largar na pista 1 ou 2. Os pilotos, de acordo, foram alinhar os carros para dar início ao Prólogo. Durante todo este tempo o locutor informava a todos os presentes sobre o funcionamento da corrida, inclusive das penalizações.
Questionado por alguns pilotos sobre a validade da penalização, alegando não estarem cientes por adendo prévio ou briefing oficial, o comissariado decidiu pela invalidação do Prólogo e Super Prime. Houve também questionamento por alguns pilotos sobre o tempo obtido pela cronometragem que diferia do tempo apurado por eles próprios. Tal diferença foi desconsiderada, levando-se em conta que a defasagem entre os coletores e os relógios com tempos oficiais coletados por GPS não alteravam o resultado do setor, já que os coletores e fotocélulas estavam sincronizados entre si.
A Adventure discorda da decisão tomada pelo comissariado invalidando o Prólogo e o Super Prime por considerar improcedente a alegação de que a penalidade não poderia ser aplicada já que todos os pilotos estavam presentes no recinto e participaram da decisão de se alterar a largada para depois da curva 1, momento no qual o Dyonísio Malheiro informou sobre a penalidade. Lembrou também que tal critério já vem sendo adotado e validado em todas as provas desde o Baja Montanhas 2004 em Socorro.
É o momento onde a competição atinge o público de forma intensa e concentrada, valorizando os patrocinadores e equipes. É quando toda a mídia pode acompanhar e produzir material de extrema qualidade, e é quando a competição realmente começa.
Todo esse espetáculo tem por trás muito trabalho, custo e mobiliza um staff considerável. Vai de encontro aos interesses de patrocinadores e pilotos que querem visibilidade. Este novo formato veio atender as reivindicações das próprias equipes no sentido de conquistar mais espaço na mídia e baixar custo. Na hora de tomar a decisão do cancelamento deve-se, portanto, observar que tais reclamações visam atender algum interesse em particular e não desconsiderar o conjunto de ações e trabalho envolvido no enriquecimento da modalidade.
A Adventure também considera que tal decisão, além de prejudicar, desrespeita e ofusca o brilho da vitória alcançada pelas duplas vencedoras nas respectivas categorias que conquistaram com talento e arrojo o direito ao ponto extra no Campeonato.
No domingo houve atraso na entrega dos resultados por parte da apuração. A organização entregou todos os dados em coletores, cartelas e back-ups manuais até 16:30h, considerando que os dados de ZVC da SS1 já haviam sido descarregados durante a prova. Às 21:40h foi divulgado o resultado e procedida a entrega dos troféus. Durante esse período o Comissariado julgou a penalidade que seria aplicada ao piloto Mauricio Neves em razão da troca de navegador durante a prova.
A primeira decisão tomada foi a de aplicar tempo máximo mais penalidade de 30 minutos nas SS 1 e 2. Decisão passada aos apuradores. Em seguida decidiram pela desclassificação do piloto. Informação passada à apuração que em seguida emitiu os relatórios de classificação. A decisão se mantém sub judice sendo portanto premiado apenas o primeiro colocado nas categorias Protótipos e Geral, já que a classificação a partir do segundo pode ser alterada conforme o resultado do julgamento final.
A dificuldade de se apurar e penalizar tem sido uma constante em todas as provas do ano não só da Copa Baja como também na Mitsubishi Cup e no Brasileiro de Velocidade. A Adventure, como as demais promotoras, terceiriza esse serviço e já contratou três empresas de apuração diferentes este ano, tendo sido duramente prejudicada por atrasos ou falhas.
É imenso o trabalho da equipe técnica para criar um rally competitivo de alto nível, a maratona e os riscos das equipes de fechamento de trecho, montar secretaria de prova, sala de imprensa, cenografia, pista de prólogo, divulgação, segurança, equipe médica, rádio comunicação, policiamento, mais de 200 pessoas envolvidas na organização, para na hora da coroação tudo isso ser desconsiderado. Todos, promotoras, pilotos e entidades, se tornam vítimas dessa situação.
Em 15 anos de Rally, a Adventure vem sempre buscando os melhores roteiros e os melhores profissionais nos diversos segmentos que compõem este universo. Muitas vezes comemoramos o sucesso e tantas vezes nos deparamos com obstáculos. A vontade de superá-los é que nos motiva a continuar procurando acertar nas parcerias. Gostamos de rally, gostamos de fazer rally, e continuaremos em busca da prova perfeita se este também for o desejo de pilotos e entidades.
Adventure Eventos
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Este texto foi escrito por: Dyonísio Malheiro e Fernando Bentivoglio, da Adventure eventos, organizadora da Copa Baja
Last modified: junho 23, 2005